Projeto avalia o impacto da terapia antirretroviral em pacientes com HIV/Aids.
 
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Para avaliar o impacto do acesso gratuito ao Haart sobre a sobrevida de pacientes vivendo com Aids em acompanhamento pelo SUS está sendo realizada, na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), a pesquisa O impacto do acesso gratuito e universal à terapia antirretroviral no Brasil: análise de sobrevida. O estudo, coordenado pela pesquisadora Mônica Malta, começou a ser desenvolvido em seu doutorado, quando foi comparada a sobrevida após o diagnóstico de Aids entre todos os homossexuais masculinos e usuários de drogas injetáveis notificados e diagnosticados no país durante cinco anos. A importância da resposta brasileira à epidemia de Aids é internacionalmente reconhecida e os resultados iniciais serão apresentados na 18ª Conferência Internacional de Aids, este mês, em Viena.

Estima-se que existam cerca de 650 mil pessoas vivendo com HIV/Aids no Brasil. Dentre estas, cerca de 200 mil recebem acompanhamento clínico, laboratorial e tratamento medicamentoso. No Brasil, desde 1996, o acesso a Highly Active AntiRetroviral Treatment (Haart) - tratamento para controlar a infecção pelo HIV - é gratuito e universal. No entanto, inexistem análises amplas sobre essa estratégia que utilizem dados nacionais.

O principal objetivo do estudo é identificar variáveis potencialmente associadas à maior sobrevida em diferentes categorias de exposição (usuários de drogas injetáveis, homossexuais e heterossexuais), ajustando por covariáveis sociodemográficas, clínicas e comportamentais. Serão estudados todos os pacientes portadores de Aids notificados entre julho de 1998 e dezembro de 2008 no país (cerca de 400 mil pacientes). "Queremos analisar como se encontra a situação das pessoas que já têm acesso a esse tratamento gratuito. Vamos analisar dados do Brasil inteiro e buscar identificar se existe diferença de acesso ao tratamento e mortalidade entre as regiões do país e os diferentes grupos em estudo", definiu Mônica.

A pesquisadora explicou que o estudo poderá identificar, por exemplo, se um paciente com Aids que mora em uma região rural apresenta sobrevida e acesso ao tratamento diferenciados daqueles que habitam regiões urbanas. O estudo visa também avaliar o fluxo de pacientes de suas residências até a unidade de saúde, na qual recebem tratamento para infecção pelo HIV. "Temos uma hipótese de que pacientes que moram em municípios muito pequenos têm uma tendência a não se tratarem próximo à sua residência, frequentemente migrando para outro município a fim de receberem tratamento adequado, principalmente porque receiam ser reconhecidos ao buscar atendimento próximo de sua moradia", apontou ela.

Segundo Mônica, os municípios pequenos na maioria das vezes têm apenas um posto de distribuição do medicamento antirretroviral para pessoas que tem HIV/Aids. Desta forma, os pacientes migram para grandes centros urbanos, pois certamente não serão reconhecidos por vizinhos, por exemplo, e, consequentemente, não serão apontados como 'aidéticos'. "A questão do preconceito ainda está presente e precisa ser discutida."

De acordo com ela, a análise de fluxo será feita para saber se o paciente tem essa tendência de buscar o medicamento longe de onde reside. "Isso pode ser um grande problema, pois muitas vezes o paciente não tem o dinheiro da passagem; então, ele pode pegar o medicamento num mês e ficar três meses sem pegar. Isso atrapalha totalmente o resultado do tratamento", destacou.

A pesquisadora explicou que também serão avaliadas as falhas, pois, embora se diga que o acesso à terapia antirretroviral é gratuito e universal no país, análises exploratórias iniciais já sugerem que existem grupos que se beneficiam mais do tratamento. Por exemplo, moradores de grandes centros urbanos tendem a ter maior facilidade de acesso ao tratamento, enquanto usuários de drogas tendem a buscar testagem e posterior acompanhamento para infecção pelo HIV tardiamente, o que pode prejudicar a eficácia de um tratamento que é gratuito e muito eficiente.

Fonte: Informe Ensp

 

 
 
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