Exercício aeróbico aumenta número de alvéolos de ratos.
 
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Uma pesquisa da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP revela dados inéditos sobre os efeitos benéficos que os exercícios físicos trazem ao organismo. Ratos submetidos a um treinamento de 30 minutos por dia (2 vezes por dia) em esteira ergométrica, cinco vezes por semana, durante 10 semanas, apresentaram um aumento de 39% no número de alvéolos pulmonares.

Os resultados também indicaram que os cinco animais treinados tiveram 49% de aumento na pressão parcial de oxigênio (O2), redução de 22% na pressão parcial de gás carbônico (CO2) e aumento de 3% na saturação de O2. Em termos práticos, o aumento do número de alvéolos estava associado a um aumento dos níveis gerais de oxigenação e diminuição dos níveis de CO2 no sangue. O grupo controle foi composto por outros cinco ratos que, durante as 10 semanas do experimento, tiveram uma vida sedentária — mas não eram enclausurados.

“Na literatura médica, existem diversos trabalhos sobre os efeitos do exercício físico no organismo. O ineditismo desta pesquisa reside no fato de que é o primeiro a mostrar em 3D, com precisão e acurácia, como o pulmão se adapta à prática regular de exercícios físicos aeróbicos e de baixa intensidade”, comenta o estereologista Antonio Augusto Coppi, responsável pelo Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da FMVZ da USP.

O professor destaca que, seguindo os critérios estabelecidos pelo “American College of Sports Medicine” em 2006, apenas animais com aptidão para correr em esteira foram sistematicamente selecionados para o estudo. No aspecto nutricional, todos os ratos receberam uma dieta padronizada, para que pudessem ter o mesmo desempenho físico.

Os pesquisadores utilizaram um protocolo de treinamento para exercício aeróbico de baixa intensidade. Durante cinco dias os animais foram submetidos a um período de adaptação ao exercício físico. Posteriormente, foram realizados testes de esforço máximo antes do início do treinamento, assim como na quinta e décima semana de treinamento. O teste consistiu em colocar os ratos na esteira a uma velocidade inicial de 0,3 quilômetros por hora (km/h) e, a cada 3 minutos, a velocidade era aumentada até os animais não conseguirem correr voluntariamente.

Alvéolos conectados

Segundo Coppi, os alvéolos pulmonares são partículas diferentes de células individuais, pois estão multi-conectadas entre si de modo segmentar, semelhantes a um cacho de uva, onde cada uva representa um alvéolo. “Quantificá-los não é uma tarefa fácil, pois são elementos que apresentam uma estrutura muito complexa em 3 dimensões [comprimento, largura e profundidade] e além disso, estão conectados entre si topologicamente”, afirma o professor.

E foi aí que entrou a Estereologia Topológica, mais especificamente a estereologia que usa o princípio matemático da Topologia e número de Euler, uma das linhas de investigação científica do LSSCA. Com esta “Ciência” é possível realizar a análise de imagem e contagem de redes admiráveis de partículas conectadas em 3D ou 4D. “No organismo, este arranjo arquitetural entre partículas acontece com capilares sanguíneos e linfáticos, sinapses, alvéolos pulmonares, bronquíolos, fibras nervosas, entre outros”, conta o professor.

Outro fator inovador do estudo foi a associação dos dados estruturais (análise estereológica dos alvéolos) com os resultados fisiológicos: hemodinâmicos e hemogasométricos.

Este estudo foi tema da dissertação de mestrado conduzida pela fisioterapeuta Luciana Maria Bigaram Abrahão, orientada pelo Professor Coppi, e apresentada à FMVZ em 2009.

Coppi destaca ainda que esta pesquisa tem caráter translacional e foi conduzida com enfoque multidisciplinar, tendo a participação importante dos seguintes docentes: Sílvia R.G. Cortopassi (FMVZ), Lisete C. Michelini (Instituto de Ciências Biomédicas da USP) e Sandra L. Amaral (Universidade Estadual Paulista- Unesp – campus de Bauru).

Texto: Valéria Dias
Fonte: Agência USP

 

 
 
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