Correr é um esporte perigoso, diz especialista
 
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Tênis de corrida com amortecimento e diferentes formatos de calçado pouco importam no que se refere a lesões. Metade dos corredores se machucam um ano depois do início da atividade física. Essas ideias, que deixariam qualquer indústria de artigos esportivos preocupada com as vendas, foram defendidas pelo professor Darren Stefanyshyn, coordenador do Laboratório de Performance Humana da Universidade de Calgary, no Canadá. O pesquisador ministrou palestra para cerca de 150 alunos do curso de Educação Física no auditório 1 da Faculdade de Saúde na manhã desta terça-feira, dia 27. “Correr é perigoso? Com certeza. Fala-se que correr faz bem para a saúde, mas há quem precise abandonar o esporte após as lesões”, alerta.

O seminário sobre tecnologia de tênis de corrida abordou dois aspectos principais: os riscos de lesão e o desempenho. Segundo Stefanyshyn, de 37% a 56% dos atletas lesionam o joelho ou a canela dentro de um ano e praticamente todos os corredores apresentam problemas nas articulações dois anos após o início dos treinos. Especialista em Biomecânica, o professor canadense explicou que tênis acolchoados ou fabricados para pisadas específicas não diminuem o risco de dano à saúde. “Analisamos corredores que usavam diversos tipos de tênis, acolchoados ou não, e percebemos que não houve diferença entre eles no que se refere a lesões”, conta.

Alguns profissionais que assistiam à palestra questionaram a ideia de que tênis específicos para cada pé não previnem lesões. “Não adianta generalizar. Nos testes que fizemos, vimos que corredores que trocaram de tênis não tiveram mais problemas”, sustenta o fisioterapeuta Wesley Albuquerque, que orienta grupos de corrida e executa testes para saber o tipo de pisada de cada atleta. A discussão chamou a atenção dos estudantes. A aluna do sexto semestre de Educação Física Mariana Rabelo, de 20 anos, corre três vezes por semana e já pensa em comprar um tênis mais apropriado para seu pé. “Sofro de patela desalinhada e vi a importância de comprar um tênis correto, apesar do professor dizer que ajuda pouco. Ajuda pouco, mas ajuda”, diz.
 
Desempenho e Tecnologia

No que se refere à performance dos atletas, no entanto, Stefanyshyn relatou ganhos energéticos entre 3% e 4% adquiridos nas últimas décadas a partir de pesquisas sobre impacto. “Parece pouco, mas esse número faz diferença em uma maratona”, esclarece. “Para os alunos, o seminário foi muito importante para entender o conhecimento que está por trás da prática da corrida”, avalia a professora Ana Cristina de David, coordenadora do evento.

Stefanyshyn, que presta consultoria a diversas empresas fabricantes de tênis, também demonstrou novas tecnologias adicionadas aos tênis de corrida, como alguns calçados que se adaptam eletronicamente a cada tipo de piso. Ele admitiu, porém, que o calçado ainda não consegue corrigir a pisada do corredor para evistar lesões. Mas, para quem ficou preocupado com o risco de prejudicar as articulações, o pesquisador canadense deu uma alternativa. “A patinação praticamente não implica em impacto e oferece poucos riscos às articulações”, orienta.

Texto: Isabela Azevedo
Fonte: Secretaria de Comunicação da UnB

 

 
 
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