Equipamento atenua sonolência provocada por apneia obstrutiva.
 
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O aparelho intraoral de avanço mandibular progressivo batizado de No Snore, desenvolvido pela ortodontista Cynthia Valéria Silva Gomes Ribeiro, mostrou-se bastante eficaz na diminuição da sonolência diurna excessiva, uma das principais consequências da síndrome da apneia obstrutiva do sono, distúrbio que atinge 5% da população em geral. De dez pacientes que apresentavam episódios excessivos de sono durante o dia e utilizaram o aparelho intraoral por três meses consecutivos, em oito os sintomas desapareceram por completo e dois tiveram a sonolência diurna diminuída. A comprovação deu-se por meio de testes de vigílias realizados em clínica. O uso do aparelho resultou ainda na melhora dos eventos respiratórios, como ronco e número de despertares noturnos dos portadores da apneia.

A autora da pesquisa defendeu sua tese de doutorado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) com as avaliações feitas a partir do uso do aparelho em pacientes com baixa qualidade de vida, pois a sonolência excessiva durante o dia, em meio às atividades rotineiras, é um grande transtorno para o indivíduo. Pode levar a problemas com a memória e com o aprendizado, além de causar sensação de cansaço, alterações no humor, falta de concentração e bocejos frequentes. “Todos esses aspectos diminuem o convívio social e familiar, podendo ocasionar a redução da produtividade no trabalho”, alerta a ortodontista.

O risco de acidentes ao volante é outro fator negativo para aqueles que dormem pouco e mal à noite e sentem-se sonolentos durante o dia. Neste sentido, os esforços em descobrir tratamentos que amenizem o quadro se transformaram em desafio para Cynthia, que é professora na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

A docente salienta que todos os voluntários passaram por exame diagnóstico de polissonografia e foram encaminhados por equipe médica para o tratamento. A indicação médica é essencial para se iniciar o tratamento mais adequado e o cirurgião-dentista não deve interferir na fase de diagnóstico, que envolve exames complexos e, muitas vezes, a avaliação de vários especialistas, como neurologista, cardiologista, neurofisiologista e otorrino, entre outros.

Por conta da incidência cada vez maior da síndrome da apneia obstrutiva do sono, hoje em dia diversos aparelhos intraorais são utilizados nas terapêuticas para a regressão da doença. Vão desde aqueles que se encaixam na língua até os que promovem o avanço da mandíbula, para abertura da via aérea. Para o tratamento dos pacientes da pesquisa, no entanto, a ortodontista utilizou o aparelho de avanço progressivo da mandíbula desenvolvido por ela mesma há alguns anos. “O equipamento, que já foi patenteado, leva conforto aos pacientes e poderá ser usado por profissionais interessados”, destaca.

O estudo, orientado pela professora Altair Antoninha Del Bel Cury, traz contribuições importantes para se obter resultados objetivos de tratamentos eficazes. Em geral, parte das análises realizadas em estudos anteriores é subjetiva e feita por meio de questionários que sondam a percepção do indivíduo em relação ao problema da sonolência. “Os resultados podem apresentar equívocos, interpretação inadequada e interferências psicológicas. Por isso, eu queria realizar um teste objetivo, que pudesse dar um diagnóstico e resultados mais seguros. Mesmo porque, nem sempre quando se faz o tratamento para apneia do sono, se avalia também a sonolência diurna”, esclarece a pesquisadora.

Os voluntários, depois de duas horas de terem acordado, foram submetidos a quatro testes de 40 minutos, com intervalos de duas horas entre eles. O teste de manutenção da vigília consiste na colocação de eletrodos na cabeça, para detectar a queixa de sonolência diurna. Se após o exame, a latência média para o início do sono do paciente for maior que 20 minutos, ele não tem sonolência. No entanto, uma latência média para o início do sono menor que onze minutos é considerada como quadro de sonolência excessiva. Os testes não deixaram dúvidas quanto à eficiência do aparelho.

Texto: Raquel do Carmo Santos
Fonte: Jornal da Unicamp

 

 
 
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