Pesquisa investiga causas da perda de dentes entre brasileiros
 
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Pesquisa de mestrado, apresentada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) e realizada pela cirurgiã-dentista Marília Jesus Batista, chama a atenção para ações de prevenção da saúde bucal entre jovens e adultos para minimizar a situação de edêntulos brasileiros. Segundo levantamentos oficiais, até a adolescência as pessoas perdem ao longo dos anos, em média, apenas um dos dentes. Na fase adulta, entre 35 e 44 anos, o número salta para a média de 13 dentes extraídos e, no idoso acima de 64 anos, o número é ainda maior: em torno de 25 dentes.

Este panorama da saúde bucal no país conduz a um ponto de discussão que a cirurgiã-dentista quis entender melhor: o que ocorre neste intervalo entre a adolescência e fase adulta e idosa que leva a uma expressiva perda dentária na população brasileira? O dente é um órgão do corpo humano, explica Marília e, em geral, é formado para durar a vida toda. Ninguém corta ou extraí um órgão do corpo sem necessidade, mas com os dentes isso ocorre facilmente. “A mentalidade de que com o passar dos anos é natural extrair os dentes ainda é muito forte nas pessoas. Se a prevenção for eficaz, no entanto, o indivíduo poderá permanecer com a dentição boa até idades mais avançadas”, argumenta.

Em suas análises, orientadas pela professora Maria da Luz Rosário de Sousa, Marília fez exame clínico e aplicou questionário junto a um grupo de 386 adultos voluntários, de idades entre 20 e 64 anos, pertencentes a uma empresa de São Paulo. Eles se enquadravam na categoria de adultos em idade economicamente ativa, pois a hipótese era de que se encontrariam melhores condições de saúde bucal pelo fato de a situação econômica diferir dos objetos de estudo de outros levantamentos feitos em residências.

Os resultados da pesquisa confirmaram os dados nacionais: chegar à velhice significa maior número de dentes perdidos. Na faixa etária entre 60 e 64 anos, houve uma perda de 24,75 dentes e, os jovens pesquisados, entre 20 a 24 anos, perderam em média 1,30 dente. As maiores perdas, pelo estudo, foram encontradas nos primeiros molares inferiores e superiores – aqueles localizados no fundo da boca. Já os fatores de risco identificados foram a idade, a presença significativa de placa bacteriana – preditores da cárie e doença periodontal –, a baixa renda e a visita recente ao dentista. “Neste último caso, significa dizer que a procura ao profissional foi tardia, ou seja, quando as chances de realizar algum tratamento conservador para manter o dente já eram mínimas”, esclarece.

A partir do estudo, a cirurgiã-dentista reforça a necessidade de prevenção, justamente, voltada para jovens e adultos, pois o cuidado evita a extração dentária em massa. O que se observa, segundo ela, é que houve avanços significativos, principalmente quando se fala em população infantil até 12 anos de idade, mas jovens e adultos ainda carecem de um trabalho de atenção.

Texto: Raquel do Carmo Santos
Fonte: Jornal da Unicamp

 

 
 
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