Novo teste de locomoção auxiliará pacientes idosos.
 
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Uma pesquisa integrada na área de saúde vai ajudar pessoas entre 60 e 80 anos a minimizar situações neurológicas que envolvam sobrecarga motora e predisposição para a queda, tão freqüentes nessa fase da vida. "Começamos a notar um aparecimento progressivo da queixa entre os pacientes dessa faixa etária sobre seus desempenhos nas tarefas do cotidiano", afirma Mariana Callil Voos, que integra a equipe responsável por essa especialidade junto ao Ambulatório de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP. "Como a tomada de decisão está relacionada à capacidade de executar ações e resolver problemas, muitos dos pacientes mostravam-se apreensivos por perceber parte de sua locomoção abalada", explica a fisioterapeuta.

A iniciativa corresponde à mais recente etapa de sua tese de doutorado Validação de um novo teste de locomoção para indivíduos idosos. O estudo vem sendo desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Neurociências e Comportamento (NeC) – um dos núcleos de apoio à pesquisa (NAPs) da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP –, sob orientação do professor Luiz Eduardo Ribeiro do Valle do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e co-orientação da professora Maria Elisa Pimentel Piemonte da FMUSP, pesquisadores do NeC.

Com experiência na prática clínica na área de Fisioterapia Neurológica, a fisioterapeuta investigou mais de 40 pacientes após os 60 anos, comparando-os com jovens adultos. Em uma primeira etapa da avaliação, foram aplicados testes de memória operacional, atenção espacial seletiva coordenação motora e agilidade. Por meio da tarefa de "ligue-os-pontos", com duração variada – estipulou-se tempo livre até 300 segundos –, sendo possível identificar e padronizar o comportamento normal entre os participantes. "Essa atividade está suscetível, principalmente, à idade e também escolaridade", afirma Mariana.

Entre letras e números

O levantamento possibilitou a origem da metodologia que vem sendo aplicada nesta etapa do trabalho, por meio da tarefa de locomoção, a qual consiste no "teste de locomoção" em que a pessoa deve andar de forma independente, sem ajuda de aparelho ou apoio sobre um painel de 2 x 3 metros estendido no chão. A ferramenta, em que um caminho pode ser sinalizado pela alternância de números, letras e até dos dois juntos, levou um ano e meio para ficar pronta, incluindo projeto piloto. O trajeto foi percorrido pelos grupos – de adultos e idosos – em duas sessões diferentes. Na primeira delas, toda travessia foi cumprida oito vezes e na segunda, três.

"O caminho marcado pela alternância entre letras e números foi considerado o mais difícil de cumprir", diz Mariana. "Nesse caso, enquanto os idosos precisaram repetir quatro vezes o circuito proposto para conseguir desempenho máximo no teste, o outro grupo (jovens) em apenas duas vezes alcançou o mesmo patamar", aponta. Isso quer dizer que, embora precisem de um tempo maior de treinamento, as pessoas com 60 anos superaram a dificuldade para reter o trajeto proposto, considerando que a exigência de memória operacional foi igual para os dois grupos.

A tese de doutorado de Mariana deverá ser defendida no segundo semestre deste ano. Atualmente, a fisioterapeuta é supervisora de estágio da disciplina de Fisioterapia em Disfunções Neuro-Musculares e professora-colaboradora da disciplina de Fisioterapia Clínica II do Curso de Fisioterapia da USP, além de membro da Sociedade Brasileira de Neurociências (SBNeC).

Texto: Leandra Rajczuk
Fonte: Agência USP

 

 
 
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