Dados analisam atenção a mulher dependente de drogas e álcool.
 

O Programa de Atenção à Mulher Dependente Química (Promud), do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP estendeu seus serviços a dois Centros de Assistência Psicossocial em Álcool e Drogas (CAPS-AD), no Centro e na Zona Leste de São Paulo. Os números do serviço mostram que o modelo do Promud, voltado exclusivamente às mulheres, pode ser levado a centros de atenção secundária à saúde que atendem populações com características sociais muito distintas.

A iniciativa envolveu 62 pacientes no CAPS do Centro (Sé) e 58 no CAPS Jardim Nélia (no Itaim Paulista, Zona Leste), além de 80 mulheres atendidas no próprio Promud, nos últimos dois anos. Em todos os ambulatórios, cerca de 60% das pacientes apresentaram dependência de álcool. A adesão reforça a necessidade da criação de espaços de tratamento especiais para alcoolistas, pois a permanência no serviço aumenta de modo significativo.

No Centro e no Jardim Nélia, as usuárias de crack são mais frequentes (19% e 17% contra 7,5% do Promud). Por outro lado, o percentual de usuárias de cocaína no Promud chega a 20%, enquanto no Centro é de 8,1% e no Jardim Nélia, 12,1%. A menor adesão entre mulheres usuárias de drogas ilícitas pode estar ligada à busca de anonimato, o que as leva a procurarem tratamento em lugares afastados de sua área de habitação. Novos estudos deverão criar mecanismos que melhorem a aderência de mulheres dependentes de outras drogas, que não o álcool, em centros secundários de atenção à saúde.

Perfil

Os três ambulatórios diferem estatisticamente quanto à raça. No Promud, a maioria das mulheres são da raça branca (70%), enquanto no Jardim Nélia há predomínio de mestiças (41,4%). No Centro, há equilíbrio entre brancas e negras (45,2% e 35,5%, respectivamente). Em todos os ambulatórios há predominância de pacientes de São Paulo, chagando a 77,5% no Promud. Há maior diversidade de origens no Centro, enquanto no Jardim Nélia observa grande proporção de pacientes vindas do Norte e Nordeste.

As pacientes tinham idade média de 39,4 anos, variando entre 18 e 74 anos. A maioria das mulheres pesquisadas (cerca de 70%) não possui filhos. O percentual de pacientes com ensino superior no Promud é de 33,8%. Ao mesmo tempo, nenhuma mulher no Jardim Nélia e apenas uma no Centro tinha curso superior. No Jardim Nélia, a predominância é de pacientes com ensino fundamental (77,6%). No Centro, embora a maioria tenha ensino fundamental, 32,3% das mulheres fizeram ensino médio.

No Jardim Nélia, mas da metade das mulheres (65,5%) não tinha ocupação, enquanto no Centro e no Promud esse número cai para 54,8% e 35%, respectivamente. O percentual de donas de casa e aposentadas é pequeno na amostra estudada, cerca de 10%. Entre as 200 participantes da pesquisa, 48 (24%) eram prostitutas, mais comuns entre as pacientes atendidas no Jardim Nélia (32,8%) e no Centro (27,4%).

Em todos os ambulatórios, a maioria das pacientes mora acompanhada, mas no Centro foram registradas 16 pacientes com moradia instável, enquanto havia apenas uma no Jardim Nélia e nenhuma no Promud. As amostras dos três ambulatórios apresentaram diferenças sócio-demográficas importantes entre si, permitindo certa universalização dos resultados do modelo de atendimento para a população feminina em geral.

Fonte: Assessoria de Imprensa do IPq da USP

 

 
 
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