Ambulatório da Unifesp voltado à mulher atleta completará um ano.
 

Prestes a completar um ano de vida, o Ambulatório de Ginecologia do Esporte da Unifesp presta assistência e orientação às mulheres atletas ou aspirantes sobre alterações hormonais que ocorrem com a prática de exercício físico extremo. A equipe, formada por profissionais de diversas áreas ligadas à saúde da mulher esportista, também oferece suporte a técnicos e médicos do esporte, para que possam manter os treinamentos de suas atletas sem prejuízo à saúde ou aos resultados de competições.

Cada vez mais aumenta a participação de mulheres em inúmeras modalidades esportivas. Entretanto, várias pesquisas demonstram que as mulheres atletas não podem ser avaliadas e treinadas da mesma forma que os homens, devido a fatores não apenas hormonais, mas também a eventuais distúrbios clínicos aos quais são mais susceptíveis, como a incontinência urinária e os distúrbios alimentares.

Marair Gracio Sartori, chefe da disciplina de Ginecologia Geral da Unifesp, explica que a criação de um ambulatório específico para mulheres que praticam esporte de forma regular ou intensa é um avanço na medicina esportiva, tanto para a assistência quanto para as pesquisas na área. "Muitas atletas apresentam irregularidade ou ausência de menstruação, cólicas, depressão e não dividem esses problemas com o treinador", afirma. "Uma equipe especializada em esporte e preocupada com o manual da Agência Mundial Anti-Doping (WADA), para evitar o uso de medicamentos que possuam substâncias proibidas, e com os distúrbios causados por overtraining, pode direcionar um tratamento mais eficaz e, assim, manter a atividade física sem prejuízo para a saúde e para os resultados em competições".

Além da realização de exames clínicos, laboratoriais e ginecológicos, o ambulatório também conta com profissionais das áreas de fisioterapia pélvica e psicologia.

De acordo com a ginecologista, a realização de mutirões no ambulatório tem beneficiado o atendimento de equipes de atletas de uma única vez, para evitar que os treinos sejam prejudicados. "Também estamos analisando a possibilidade de dar respaldo à distância aos treinadores, médicos do esporte, fisiologistas e ortopedistas, usando o recurso de telemedicina".

Tríade da Mulher Atleta

Entre os distúrbios que podem afetar a mulher atleta, a Tríade é a mais preocupante. Caracterizada por três sintomas (falta ou irregularidade do ciclo menstrual, distúrbio alimentar e osteoporose), a Tríade é decorrente do overtraining, sendo também chamada de Síndrome do Supertreinamento, e sua incidência é de 3% a 66% das atletas, com uma prevalência que depende da modalidade esportiva praticada, da intensidade e da duração dos treinos e do estado nutricional, segundo Marair Sartori.

Um estudo internacional, realizado em 1982, aponta que até 26% das corredoras e 12% das ciclistas e nadadoras apresentam o distúrbio. Outro, mais recente, realizado em 2005, verificou que, entre as atletas mais susceptíveis à Tríade estão as ginastas, as corredoras de longa distância e as bailarinas, sendo pouco freqüente entre nadadoras e ciclistas. Já entre as mulheres freqüentadoras de academias, esse índice varia entre 3% e 5%.

Incontinência urinária atinge 62% das corredoras de longa distância

Entre as várias pesquisas desenvolvidas no Ambulatório de Ginecologia Esportiva para ajudar a entender e prevenir os distúrbios que acometem as mulheres atletas, uma delas aponta taxa elevada de incontinência urinária em corredoras de longa distância, além da possibilidade de o problema estar relacionado a distúrbios alimentares.

Depois de avaliar 37 corredoras de longa distância, o estudo verificou que 62,2% apresentavam incontinência urinária. Destas, 65,2% perdiam urina durante a competição e, 60,9%, durante o treino.

Entre as atletas nas quais foi detectada perda urinária, 38,8% também apresentaram sinais de distúrbio alimentar, contra 15% que não apresentaram o problema. "Os técnicos e preparadores físicos devem estar atentos às características antropométricas das atletas e seus hábitos alimentares", afirma Marair, uma das autoras da pesquisa. "Eles também devem estar aptos a diagnosticar atletas de risco para o desenvolvimento desses problemas, principalmente, entre as mulheres perfeccionistas, preocupadas com o peso e introspectivas".

Texto: Assessoria de Imprensa da Unifesp

 

 
 
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