Laqueadura é opção para mulheres que tiveram mais filhos do que gostariam.
 

O surgimento de diferentes métodos anticoncepcionais contribuiu de forma determinante para a queda da fecundidade em todo o mundo. Para se ter uma idéia, enquanto, em 1960, a taxa de fecundidade era de 6,0, na década de 90 ela passou para menos de 2,5. No entanto, esse processo foi acompanhado pelo aumento da esterilização cirúrgica feminina, que atualmente é o método mais prevalente entre as mulheres em idade fértil. O principal motivo para a escolha é o fato de a mulher já ter alcançado ou ultrapassado o “número ideal de filhos”. Isso é o que mostram pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas em estudo realizado, em 1995, com 3.878 mulheres que tiveram seu primeiro filho em 1985.

De acordo com artigo publicado na edição de novembro/dezembro de 2004 dos Cadernos de Saúde Pública, todas as mulheres responderam a um questionário, e do total, 1.012 estavam laqueadas e 2.866 não-laqueadas, sendo a prevalência acumulada de esterilização cirúrgica feminina de 26,1%.

Os pesquisadores constataram que A proporção de entrevistadas com menos de 35 anos foi menor entre as laqueadas (57,2%) em comparação com as demais e que mais de 90,0% das mulheres que haviam feito laqueadura tinham companheiro, comparado a 81,3% das não-laqueadas. Além disso, segundo eles, a referência ao trabalho remunerado foi maior entre as entrevistadas não-laqueadas.

A equipe verificou ainda que as mulheres, que responderam que o número ideal de filhos era menor ou igual ao número de filhos que elas realmente haviam tido, apresentaram um risco quase 2,5 vezes maior e significativo de estar laqueada do que as demais entrevistadas: “neste grupo de mulheres estariam aquelas que tiveram mais filhos do que desejariam, para as quais a laqueadura, provavelmente, representou a conseqüência direta de uma demanda insatisfeita de anticoncepção”.

Dessa forma, os pesquisadores alertam para as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam para regular sua fecundidade, o que inclui a falta de acesso à informação e aos métodos anticoncepcionais, passando pelo não planejamento de sua vida reprodutiva no contexto de um projeto de vida mais amplo. “Evidencia-se a necessidade de prover acesso amplo aos meios para a regulação da fecundidade, visando a assegurar que as pessoas possam, de fato, decidir sobre quando e quantos filhos ter, um dos elementos fundamentais do conceito de saúde reprodutiva”, afirmam no artigo.

Fonte: Agência Notisa

 

 
 
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