Livro brasileiro associa disfunção erétil a problemas cardiovasculares.
 

A disfunção erétil, problema que atinge em algum grau metade da população masculina brasileira, também deve ser tratada pela cardiologia, dado que é uma manifestação de doença cardiovascular.

Este novo conceito é discutido de forma ampla e com extremo rigor científico no livro "Disfunção erétil como marcador de doença cardiovascular", lançado recentemente pela editora Segmento Farma. A publicação, que reúne 16 artigos de renomados especialistas, aborda inúmeras questões relacionadas ao tema, como a diabetes e a hipertensão arterial, entre outras.

"Além de analisar o assunto, o livro pretende ajudar a enfrentar o preconceito que gira em torno da disfunção erétil. Trata-se de um problema de saúde que deve ser tratado como outro qualquer", afirma um dos editores da obra, o cardiologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Otávio Rizzi Coelho. O outro editor é Carlos V. Serrano Jr, médico do Instituto do Coração (InCor).

Problema ficava restrito à urologia

De acordo com Rizzi Coelho, anteriormente a disfunção erétil não era considerada um assunto da área da cardiologia por dois fatores especialmente. Primeiro, porque o tema ficava restrito ao âmbito da urologia. Segundo, porque ainda não havia um tratamento eficaz para o problema, o que só veio a ocorrer recentemente, com o advento dos chamados inibidores da fosfodiesterase-5, capazes de modular a ereção peniana. Até então, as alternativas eram a aplicação de injeção intracavernosa ou a colocação de uma prótese peniana. Graças às novas drogas, porém, os pacientes começaram a superar o constrangimento de falar sobre a doença com os médicos. "Até pouco tempo atrás, na maioria dos casos, os pacientes fingiam que não tinham o problema e os médicos fingiam que ele não existia", afirma o docente da FCM.

O livro, conforme Rizzi Coelho, alerta justamente para a necessidade não apenas de se falar sobre a questão, mas, sobretudo de enfrentá-la adequadamente. O cardiologista lembra que tanto os portadores de doenças cardiovasculares quanto as pessoas que sofrem de disfunção erétil estão sujeitas aos mesmos fatores de risco. As doenças arterioescleróticas, explica, podem ocasionar problemas cardíacos, levar a um acidente vascular cerebral ou provocar a disfunção erétil. "As pesquisas mais recentes indicam que os portadores de disfunção erétil apresentam de duas a quatro vezes mais chances de ter um problema cardíaco, assim como o contrário também é verdadeiro", afirma.

Segundo o docente da FCM, o livro pretende concorrer para que os cardiologistas promovam uma nova abordagem junto aos pacientes no que se refere à disfunção erétil. "Passa a ser obrigação do profissional perguntar ao paciente, entre outras coisas, como está a vida sexual dele. Algumas pesquisas comprovam que os homens esperam que essa iniciativa parta do médico. Dificilmente eles tocam no assunto espontaneamente", diz. A partir da constatação do problema, cabe ao especialista definir o melhor tratamento. O uso dos inibidores da fosfodiesterase-5 por portadores de doenças cardiovasculares, exceto quando o nitrato é contra-indicado, é muito seguro, conforme Rizzi Coelho. "Caso o cardiologista considere importante a intervenção da urologia, ele fará o devido encaminhamento", ressalta.

O livro "Disfunção erétil como marcador de doença cardiovascular" foi lançado no último dia 23 de setembro, durante o Congresso Brasileiro de Cardiologia, ocorrido no Rio de Janeiro. A receptividade à obra, afirma o docente da FCM, foi excelente. Embora a idéia inicial dos editores fosse produzir uma publicação voltada aos clínicos e cardiologistas, Rizzi Coelho considera que ela pode servir de referência para todos os profissionais da área da saúde, inclusive enfermeiros e psicólogos. "O importante é que o preconceito que gira em torno da disfunção erétil seja quebrado e que a saúde do homem seja tratada de maneira global e eficaz", analisa. Os interessados no livro podem obter mais informações pelo site www.segmentofarma.com.br

Texto: Manuel Alves Filho
Fonte: Jornal da Unicamp

 

 
 
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