Exercícios físicos regulares e a prática de esportes de alta intensidade são fatores que melhoram a qualidade de vida e diminuem os sintomas de depressão entre mulheres com mais de 60 anos. É isso que indica um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
A iniciativa da pesquisa surgiu da "discussão sobre a prática de exercícios de alta performace em mulheres idosas e suas possíveis repercussões sobre a qualidade de vida em seus múltiplos aspectos", garante um dos responsáveis pelo estudo, Luiz Eugênio Garcez-Leme. Segundo ele, essa faixa etária foi utilizada pelo fato de as mulheres com mais de 60 anos serem parte da atenção específica da geriatria, e também por ser um grupo que pratica poucos exercícios, ainda mais como o que foi avaliado.
O estudo traçou quadros comparativos entre idosas praticantes da São Silvestre e mulheres saudáveis, mas sedentárias. Com isso, bucou-se verificar os ganhos trazidos pela atividade física ao quadro de saúde.
O Departamento de Ortopedia e Traumatologia e o Departamento de Clínica Médica (Disciplina de Geriatria) da FMUSP mantêm um grupo de Ortogeriatria, que corresponde ao estudo dos aspetos do envelhecimento do aparelho locomotor. Nesta linha incluem-se linhas de pesquisa como a de atividade física e envelhecimento, pré e pós-operatório em ortopedia em idosos, acidentes e riscos de traumas em idosos, modelo de assistência diferenciada para idosos com afecções do aparelho locomotor, entre outras.
Bons indicadores
Garcez-Leme explica que, em relação ao estado geral de saúde, comprovou-se que as atletas são superiores às sedentárias. Para chegar a essa conclusão foi utilizado um instrumento internacional de análise de qualidade de vida (SF36), onde foi verificado uma capacidade funcional superior nas atletas.
Foi detectado também que as atletas têm mais energia e menos fadiga. Também houve diferença significativa entre as atletas e as sedentárias nos quesitos aspecto emocional e saúde mental. "Comprovou-se que as atletas tem menos respostas depressivas que as sedentárias. Não houve diferença estatisticamente importante entre os grupos estudados quanto ao aspecto físico, ao aspecto social e à atividade sexual", garante o pesquisador.
Riscos
Apesar dos riscos da prática esportiva não terem aparecido no estudo, Garcez-Leme garante que eles existem. "Sempre há o risco de lesões ósseas e musculares por estresse e o risco de complicações circulatórias em atletas que não se submetam a avaliação médica periódica" diz. O pesquisador ainda alerta: "no caso dos esportes de rua deve-se considerar ainda o risco de acidentes".
Entretanto, essess riscos podem ser minimizados e até evitados. O pesquisador afirma que para isso é necessário que as atletas de qualquer idade - mas principalmente as idosas - estejam sob acompanhamento profissional, seja em termos de avaliação médica, seja em termos de treinamento dirigido. É ainda necessária para as participantes de esporte de rua uma adequada estruturação de suporte local para que se evitem acidentes.
Avaliação dos resultados
Garcez-Leme adverte que não se podem tomar conclusões definitivas unicamente com base nessa pesquisa. "É importante que tenhamos em conta que se trata de um resultado inicial e necessariamente frágil, uma vez que o número de atletas estudado foi pequeno (16) e que as conclusões baseiam-se em uma prova específica e isolada (Corrida de São Silvestre)", explica. Ele garante ainda que torna-se necessário o desenvolvimento de estudos maiores e mais estruturados para conclusões mais sólidas.
"O estudo nos mostrou que a atividade física, mesmo a de alta performance, pode ser benéfica para a qualidade de vida de mulheres idosas. A pesquisa em si não acrescentou qualquer risco às participantes, além dos riscos inerentes à atividade esportiva", finaliza o pesquisador.
Texto: Veronica Oliveira
Fonte: USP Online