Doença de Lyme
 

Aspectos Clínicos
Descrição - Zoonose causada por espiroqueta transmitida por carrapato, caracterizada por lesão cutânea iniciada por uma pequena mácula ou pápula vermelha que aumenta lentamente, tomando uma forma anular. Pode ser única ou múltipla e é denominada de eritema migrans (EM). Quando atinge 5 mm, é importante para a suspeita diagnóstica e alerta à Vigilância Epidemiológica. Manifestações gerais, como mal-estar, febre, cefaléia, rigidez de nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias, podem durar várias semanas ou mais, quando não é instituído tratamento. Semanas ou meses após o início do EM, podem surgir manifestações neurológicas precoces, como: meningite asséptica, neuritis de pares craneanos, paralisia facial, coréia, ataxia cerebelosa, radiculoneurite, motora ou sensitiva, mielite e encefalite. Essas manifestações são flutuantes e podem durar meses ou se tornarem crônicas. Distúrbios cardíacos, também, podem aparecer após poucas semanas do EM, como bloqueio atrioventricular, miocardite aguda ou aumento da área cardíaca. Meses após os sintomas inicias, podem surgir edemas articulares, principalmente dos joelhos, que desaparecem e reaparecem durante vários anos. A doença pode ficar latente por longos períodos, após os quais apresenta manifestações neurológicas crônicas tardias, como encefalopatias, polineuropatia ou leucoencefalite. No líquido encefaloraquidiano, encontram-se pleocitose linfocítica e proteínas elevadas.

Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Borrelia burgdorferi.


Borrelia burgdorferi

Reservatório - Carrapatos do gênero Ixodes. Alguns roedores mantêm o ciclo silvestre (Peromyscus).

Modo de transmissão - Adesão dos carrapatos à pele e sucção de sangue por 24 horas ou mais.

Período de incubação - O aparecimento do EM varia de 3 a 32 dias após à exposição aos carrapatos. Se não houver o EM na fase inicial, a doença pode se manifestar anos mais tarde, o que prejudica a determinação do Período de incubação.

Período de transmissibilidade - Não se transmite de pessoa a pessoa.

Complicações - O próprio curso da doença complica com graves alterações neurológicas, cardíacas, articulares e oftálmicas

Sinonímia - Borreliose de Lyme; meningopolineurite por carrapatos.

Diagnóstico Laboratorial
Diagnóstico - Dados clínicos e epidemiológicos reforçados por testes sorológicos. Utiliza-se a imunoflurescência indireta, ELISA e Western Blot. Como ainda não foram bem padronizados, a interpretação dos testes deve ser cautelosa, pois pacientes que recebem tratamento precoce podem apresentar sorologia negativa. A sensibilidade dessas provas aumenta nas fases mais crônicas de pacientes que não foram tratados; entretanto tem-se verificado que uma parcela de pacientes crônicos pode permanecer negativa. Além disso, reações cruzadas.Doenças Infecciosas e Parasitárias com sífilis, febre maculosa, febre recorrente, HIV, mononucleose infecciosa e lupus são comuns. A Borrelia burgdorferi é isolada de material de biópsia das lesões EM em, aproximadamente, 50% dos casos.

Diagnóstico diferencial - Ureítes, coroidites, encefalites, artrites e cardites por outras etiologias.

Características epidemiológicas - Doença endêmica na costa Atlântica dos Estados Unidos, que vai desde Massachusetts até Maryland, com outros focos em expansão e casos notificados em 47 estados daquele país. No Brasil, focos já foram detectados em São Paulo, Santa Catarina e no Rio Grande do Norte.

Vigilância Epidemiológica
Objetivos - Detecção de focos através da investigação de casos suspeitos ou confirmados, visando tratamento para redução de danos e o desencadeamento de medidas de educação em saúde para impedir a ocorrência de novas infecções.

Notificação - Por ser doença rara em território brasileiro, caracteriza-se como agravo inusitado, sendo portanto, de notificação compulsória e investigação obrigatória.

Definição de caso - Sendo doença rara e com manifestações clínicas bastante variadas, não tem definição de caso padronizada. A suspeita se faz diante de quadro clínico e epidemiológico sugestivo.

Medidas de Controle
Investigação epidemiológica com busca ativa de casos e verificação da extensão da área onde os carrapatos transmissores estão presentes (delimitação dos focos). Ações de educação em saúde sobre o ciclo de transmissão para impedir que novas infecções ocorram e evitar que os indivíduos transitem onde há suspeita da existência dos carrapatos. Orientar os moradores e/ou trabalhadores da área: proteção do corpo com roupas claras de mangas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas da pele e nas bordas das roupas. Observação constante (4/4 hs.) da pele em busca dos transmissores e eliminação imediata dos mesmos. A retirada dos carrapatos deve ser feita com as mãos protegidas (luvas ou sacos plásticos), através do uso de pinças com trações suaves e constantes, evitando-se o maceramento do corpo do artrópodo ou a permanência da boca na pele do indivíduo. Alertar sobre os danos da doença. Os casos suspeitos e/ou confirmados devem ser tratados visando redução dos danos causados pela doença. As medidas para redução das populações de carrapatos em animais não têm sido efetivas. Não há indicação de isolamento dos pacientes.

Fonte: Guia Brasileiro de Vigilância Epidemiológica 1998. 1998.
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde

Data da Publicação: 23/04/2003
 

 
 
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