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Esclerose Múltipla |
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O QUE É ESCLEROSE MÚLTIPLA A Esclerose Múltipla é uma doença de origem neurológica que se manifesta através de surtos (aparecimento de novos sinais e/ou sintomas, ou o agravamento dos já existentes), devido a múltiplas inflamações e desmielinização (destruição da Bainha de Mielina) da substância branca do encéfalo e na medula. A Esclerose Múltipla é uma doença crônica com prevalência em pacientes na faixa etária de 20 a 40 anos. Sua maior incidência recai sobre pessoas do sexo feminino, numa proporção de 2 (duas) mulheres para 1 (um) homem. Raramente é diagnosticada em pacientes com menos de 15 anos e/ou com mais de 50 anos. Existem alguns tipos de Esclerose Múltipla, tais como:
Piora clínica contínua, sem surtos ou remissões, no período mínimo de 6 meses e no máximo de 12 meses, com aumento de um ponto na escala de incapacidade.
UM POUCO DE HISTÓRIA A Esclerose Múltipla (EM) começou a ser pesquisada com maior objetividade científica a partir dos primeiros anos do Século XX. Sua identificação, no entanto, foi esboçada desde que Augustus d'Este introduziu, nos anos 1800, a primeira descrição documentada dos sintomas da doença que, para ele, estariam associados a eventos estressantes, como acompanhar um funeral, por exemplo. Em 1844, Cruveilher descreveu pela primeira vez as lesões anatômicas responsáveis pelas manifestações clínicas da EM, enquanto o pesquisador Jean-Martin Charcot confirmou, em 1878, o diagnóstico efetivo da doença e estabeleceu sua definição clínica. A descoberta da Bainha de Mielina, no entanto, somente ocorreu, em 1878, graças aos estudos de Louis Ranvier. Posteriormente, outros pesquisadores contribuíram com investigações mais profundas nesse campo, até demonstrarem a importância da mielina na condução das mensagens ou impulsos nervosos. Dr. Jean-Martin Charcot (1825 - 1893) Em 1916, James Dawson identificou as lesões iniciais da EM, indicando a ocorrência de infiltração de linfócitos, macrófagos e células plasmáticas no cérebro, o que levaria à desmielinização precoce das fibras nervosas. Entretanto, Thomas Rivers desenvolveu, em 1935, um modelo de doença animal com características próximas às da doença, sugerindo a presença de alterações imunológicas como base para o desenvolvimento da EM, além de incluir a Bainha de Mielina como o alvo central dessas reações. Mais tarde, no decorrer de 1955, aconteceram dois eventos importantes para a compreensão mais detalhada da Esclerose Múltipla. Os pesquisadores Ross e Reitan demonstraram que os portadores dessa enfermidade apresentavam graves dificuldades em exercer atividades que exigiam força e coordenação motora, além de dificuldades intermediárias na formação de conceitos, mas preservavam sua capacidade de raciocinar e falar. John Kurtzke desenvolveu a primeira escala capaz de classificar os diferentes estágios da Esclerose Múltipla. Uma versão mais atualizada dessa escala é utilizada até hoje: EDSS - Expanded Disabilty Status Scale ( Escala Expandida do Estado de Incapacidade). CRONOLOGIA
A ESCLEROSE MÚTLTIPLA NO MUNDO
QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS A sintomatologia inicial da EM é extremamente variável, pois não há apresentação típica ou clássica, como ocorre com outras enfermidades. As alterações visuais, motoras e sensitivas são as que, em geral, aparecem como primeiras manifestações. Os distúrbios esfincterianos (urgência ou retenção urinária), embora importantes, são menos freqüentes no início da Esclerose Múltipla. Os Sintomas mais freqüentes são:
As paresias constituem quase sempre as alterações motoras mais comuns, acometendo, sobretudo os membros inferiores. Quando incidem em membros superiores, o paciente geralmente apresenta déficit motor associado de membros inferiores. As parestesias e disestesias são também freqüentes. Os pacientes se queixam de sensações de calor e/ou formigamento em diversas regiões do corpo, sem conseguir apontar uma causa específica.
Passada a fase inicial ou de instalação, o paciente com EM pode evoluir com um elenco de sintomas crônicos que, na maioria das vezes, são bem conhecidos por quem lida com este tipo de enfermidade neurológica:
DESCRIÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS As manifestações iniciais da EM podem variar de forma bem acentuada, pois qualquer queixa subjetiva ou sinais objetivos apresentados a seguir podem constituir a primeira expressão da enfermidade:
O exame pode demonstrar perda variável da acuidade visual, alterações da percepção de cores e defeitos campimétricos. O exame de fundo de olho é, em geral normal na fase aguda da neurite, uma vez que há predominância da lesão no segmento retrobular do nervo óptico. Apenas algumas semanas depois a palidez começa a desenvolver na porção temporal do disco óptico. Envolvimento simultâneo bilateral dos nervos ópticos é excepcional na EM e deve ser diferenciado de outras neuropatias ópticas, principalmente na neuropatia óptica hereditária de Leber. Envolvimento seqüencial, no entanto, é muito comum no curso da doença, enquanto a recorrência é encontrada em 15% dos portadores dentro de 6 a 24 meses após o surto inicial de neurite óptica. Pacientes com neurite óptica freqüentemente apresentam o fenômeno de Uhthoff, que se caracteriza pela redução da acuidade visual (embaçamento da visão) com o aumento da temperatura corporal, como durante exercícios físicos, exposição ao calor, banho quente ou febre. Mais raramente o fenômeno de Uhthoff pode ocorrer durante as refeições, uso de cigarros ou nos períodos menstruais. Este fenômeno pode ocorrer subclinicamente, precedendo a diminuição da visão. Defeito pupilar aferente relativo pode ser observado nos pacientes com neurite óptica unilateral ou assimétrica. Sua presença é indicativa de lesão das vias ópticas anteriores, auxiliando a confirmação objetiva da queixa de baixa de visão do paciente. O envolvimento dos nervos motores oculares é raro na EM. Os nervos mais acometidos, em ordem de freqüência são o III, oVI e o IV. A diplopia (percepção de visão dobrada, ou imagem dupla) resultante da disfunção destes nervos é transitória. A oftalmoplegia internuclear (OIN) unilateral ou bilateral é um achado muito comum em pacientes com EM, refletindo envolvimento do fascículo longitudinal medial no tronco encefálico. A EM é a causa mais comum de OIN bilateral. A OIN se caracteriza pela perda ou redução da adução do olho homolateral à lesão e por nistagmo no olho que abduz. Nistagmo (Movimentos involuntários de batidas ou arrancos dos olhos) de vários tipos é também comum na EM, e os pacientes podem se queixar de oscilopsia (percepção de visão trêmula).
A queixa esfinctérica mais comum é em relação ao funcionamento da bexiga, ocorrendo em 75% dos portadores. Urgência urinária (dificuldade para segurar a urina), secundária à desinibição do músculo detrusor da bexiga, por lesão suprasegmentar é a queixa mais comum. Com a progressão da doença, a incontinência urinária (urina solta) tende a ocorrer mais freqüentemente. Envolvimento de níveis sacrais da medula ocasiona hipoatividade da bexiga com redução do fluxo, interrupção da micção e esvaziamento incompleto, predispondo a infecções urinárias recorrentes.
Sintomas emocionais são freqüentes na EM, e se caracterizam principalmente por ansiedade e depressão. A melhor compreensão da doença e de suas características naturais, dos mecanismos dos sintomas e sinais, assim como das medidas de tratamento medicamentoso ou suportivo são de grande valor para o controle destes sintomas. Em alguns estudos a depressão é relatada em até 50% dos pacientes, se apresentando como tendência para o isolamento, desânimo para as atividades, pensamento negativista, preocupação e irritabilidade. Inapetência, emagrecimento e alterações do sono são comuns, a depressão pode afetar significativamente a vida familiar e social dos portadores. Os portadores e os familiares devem discutir com o seu médico a ocorrência destes sintomas que podem ser abordados por medidas de suporte medicamentoso ou psicoterápico. As alterações cognitivas, como diminuição de memória recente, da rapidez para resolver problemas e dificuldades de percepção visuoespacial tem sido estudadas com técnicas especiais de reabilitação e treinamento.
O envolvimento do trato corticoespinal resulta em graus variáveis de fraqueza muscular, espasticidade e hiperreflexia tendínea. A espasticidade é o aumento involuntário do tônus muscular e traz grande desconforto e limitação dos pacientes. Cerca de 90% dos pacientes apresentam algum grau de espasticidade. A introdução de medicamentos pode proporcionar acentuada melhora deste sinal. Paraparesia ou paraplegia (perda de força nas duas pernas) é mais freqüentemente encontrada que a fraqueza dos membros superiores devido à freqüente ocorrência de lesões nos tratos motores descendentes da medula espinhal. A fraqueza é, em geral, assimétrica. Diminuição dos reflexos tendíneos pode ocorrer por interrupção do arco reflexo em nível segmentar. Desequilíbrio e ataxia axial ou apendicular (tremores, incoordenação para realizar atos com as mãos) podem ocorrer por envolvimento das vias proprioceptivas na medula espinhal ou por lesão de vias cerebelares se caracterizam também por alteração da voz e por achados oculares como distúrbios sacádicos, nistagmo, dismetria ocular e falha na supressão da fixação. O tremor intencional ocorre quando o paciente tenta realizar um movimento qualquer, como, por exemplo, segurar um copo de água, ou no manuseio dos talheres. O tremor postural, como da cabeça também pode ocorrer. Os distúrbios cerebelares estão freqüentemente associados às alterações piramidais e podem ser tratados pelo uso de medicamentos apropriados.
DIAGNÓSTICO A identificação de pacientes com EM era baseada sobretudo no estudo das características dos sintomas da doença e no acompanhamento de sua evolução, pois não se dispunha de exames complementares (laboratoriais) que pudessem esclarecer o diagnóstico com maior exatidão. Em 1981, porém, essa orientação foi amplamente modificada com a introdução das primeiras imagens do cérebro de pacientes, obtidas através da Ressonância Nuclear Magnética (RNM). O método é de alta resolução, o que permite caracterizar com clareza as placas típicas encontradas no cérebro de portadores de Esclerose Múltipla. A RNM tornou-se uma técnica utilizada no mundo inteiro, inclusive no Brasil, para analisar a progressão da doença e também a quantidade, a gravidade e a importância das lesões da EM encontradas no sistema nervoso central. Não existe uma prova única de exame para a Esclerose Múltipla, e não é fácil de ser diagnosticada, uma vez que, há sintomas que aparecem em outras patologias do Sistema Nervoso Central (SNC). Faz-se necessário, uma história clínica completa do paciente, com uma exploração aprofundada e provas para a confirmação do diagnóstico. Por exemplo:
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Data da Publicação: 24/10/2002 | ||||||||||
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