Personal Trainer - prescrição aplicada a 3ª Idade
 

Aplicado a 3ª Idade

Durante o último século, melhorias drásticas na expectativa de vida ocorreram em muitos países no mundo inteiro, inclusive no Brasil. O problema fundamental, advertem os cientistas que estudam o envelhecimento, é a qualidade de vida. O National Center for Statistics estimou que 15% da vida média do americano, são consumidos num estado “não - saudável” (ex: incapacidade, lesões e/ ou doenças). Entre aqueles que atingem 65 anos de idade, é previsto que 1/3 dos próximos anos remanescentes, em média, serão não - saudáveis.

Aproximadamente 85% das pessoas idosas apresentam uma ou mais doenças ou problemas de saúde. Os problemas de saúde que ocorrem com mais freqüência entre as pessoas idosas, segundo Nieman (1999), são:

Artrite (48%);
Hipertensão arterial (46%);
Doenças cardíacas (32%);
Comprometimento da audição (32%);
Comprometimento ortopédico (19%);
Catarata (17%);
Diabetes (11%);
comprometimento visual (9%).

O processo de envelhecimento varia bastante entre as pessoas e é influenciado tanto pelo estilo de vida quanto por fatores genéticos. Os especialistas em envelhecimento acreditam que o ser humano em geral poderia viver até 115 a 120 anos se o estilo de vida e seu perfil genético fossem ideais.

Cerca de 6 em cada 10 americanos desejam viver até 100 anos. E 2/3 acreditam que eles possuam algum controle sobre como eles viverão, com 9 entre 10 desejando adotar uma atitude mais positiva, ingerir alimentos mais nutritivos ou se exercitar regularmente para atingir esse objetivo (Fonte: Alliance for Aging Research). Os maiores medos no que diz respeito ao envelhecimento incluem viver num asilo (64%) e ser acometido pelo mal de Alzheimer (56%).

Exercícios, dieta, tabagismo e outros hábitos possuem um grande efeito tanto sobre a melhoria da extensão quanto da qualidade de vida. Os estudos com o Dr. Lester Breslow (UCLA), com seis mil pessoas da região da baía de São Francisco, demostrou uma diferença drástica na taxa de morte entre aqueles que seguiam sete hábitos saudáveis simples (nunca fumar, ingestão moderada de álcool, tomar café da manhã, não petiscar, dormir sete a oito horas por noite, exercitar-se regularmente e manter o peso ideal) e aqueles que não os seguiam. Aqueles que seguiram os sete hábitos saudáveis apresentaram taxas de mortalidade muito menores que viveriam nove anos a mais do que aqueles que não os praticaram. Além disso, aqueles que adotaram hábitos de vida saudáveis apresentaram 50% de possibilidade de apresentarem incapacidades que os mantivessem afastados do trabalho ou limitassem suas atividades cotidianas.

De acordo com muitos gerontologistas,um ingrediente fundamental para o envelhecimento saudável é a atividade física regular. De todos os grupos etários, as pessoas idosas são as mais beneficiadas pela atividade. O risco de muitas doenças e problemas de saúde comuns na velhice (ex: doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, osteoporose, fraturas ósseas e diabetes) diminuem com a atividade física regular (NIEMAN, 1999).

O exercício regular também pode diminuir a gordura corporal e aumentar a força muscular, assim como melhorar a aptidão aeróbia. As pessoas idosas que se exercitam regularmente relatam que dormem melhor, são menos vulneráveis às doenças virais e possuem uma melhor qualidade de vida que as sedentárias. Infelizmente em termos percentuais, as pessoas idosas são aquelas que praticam menos atividades comparando com as diversas faixas etárias.

É interessante observar que muitas das alterações que ocorrem com o envelhecimento são similares às que ocorrem durante o repouso prolongando no leito e na ausência de gravidade. Entre elas estão uma diminuição nas funções cardíacas e pulmonar, aumento da gordura corporal, diminuição da massa e da foça muscular e perda da densidade mineral óssea. Parte da deterioração atribuída ao envelhecimento é atualmente relacionada com a inatividade física. De qualquer modo, o processo de envelhecimento é real e, embora resultados notáveis sobre função orgânica e aptidão física possam ser atingidos na velhice, o envelhecimento inevitável sempre vencerá. O objetivo é tornar a fragilidade uma pequena parte da vida, ou como Ashley Montagne sugeriu, “morrer jovem o mais tarde possível”.

Em geral o exercício físico pode melhorar a capacidade cardiorrespiratória e neuromuscular em todas as idades.

Em se tratando de prescrição de atividade física para idosos, deve-se cercar de cuidados especiais e o acompanhamento deve ser feito de maneira integral.

Envelhecimento:

Segundo LEITE (1990), o envelhecimento fisiológico é uma série de alterações nas funções orgânicas e mentais devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, fazendo com que o organismo perca a capacidade de manter o equilíbrio homeostático.

“O “ envelhecimento fisiológico” depende significativamente do estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou adolescência, tais como fumar cigarros, prática regular de exercícios físicos ou esportes, ingesta alimentar (excessiva ou com predominância de um nutriente), tipo de atividade ocupacional, etc” (LEITE, 1990).

O organismo humano é composto por diferentes sistemas orgânicos, que estão sujeitos a um processo de envelhecimento diferenciado (Weineck, 1991). O organismo envelhece como um todo, mas seus órgãos, tecidos, células e estruturas subcelulares têm envelhecimentos diferenciados.

Ocorre diminuição da força e da massa muscular;
Atrofia do tecido ósseo - osteoporose (principalmente nas mulheres devido a perda de sais minerais), tornando o osso mais frágil, poroso e quebradiço;
No coração, aumento da resistência vascular (devido a processos de esclerose) e com aumento do colágeno total e do insolúvel, ocorre um enrijecimento dos tecidos da válvulas cardíacas;
Enrijecimento e diminuição da elasticidade dos vasos arteriais;
Diminuição da capacidade vital, do volume - minuto respiratório máximo e do valor limite respiratório;
Aumento da P. Arterial sistólica, tanto em repouso quanto em atividade.

Segundo OKUMA (citado por GUEDES, 1997), a atividade regular e sistemática aumenta ou mantém a aptidão física da população idosa e tem o potencial de melhorar o bem-estar funcional e, consequentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre essa população. A atividade física e a aptidão física também têm sido associadas à diminuição de incidência de morbidade produzidas por doenças crônicas, entre indivíduos de meia idade. Dentre estas são citadas as doenças coronarianas, e hipertensão, a hiperlipidemia, o diabetes não - insulino dependente e o câncer. Resultados recentes mostram uma associação favorável entre a população idosa, sugerindo um efeito da atividade física como fator de proteção para estes grupos de pessoas (PESCATELLO & DI PIETRO, & MATSUDO, 1992).

OKUMA (apud GUEDES, 1997) completa, a capacidade da funcional leva à incapacidade para realizar as atividades da vida diária e as atividades instrumentais da vida diária (PHILLIPS & HASKELL, 1995). A primeira refere-se às atividades de cuidados pessoais básicos, como vestir-se, banhar-se, levantar-se da cama e sentar-se numa cadeira, utilizar o banheiro, comer e caminhar uma pequena distância. A segunda refere-se à tarefas mais complexas do cotidiano e incluem, necessariamente aspectos de uma vida independente, como fazer compras, cozinhar, limpar a casa, lavar roupa, utilizar meios de transporte e usar o telefone. São as perdas do domínio cognitivo e as disfunções físicas que contribuem para a maior redução da independência do idoso, limitando suas possibilidades de viver confortável e satisfatoriamente, além de restringir sua sociedade. Isto por sua vez, fatalmente tem reflexos nos domínios sociais e psicológicos (PHILLIPS & HASKELL, 1995).

Avaliação médica e funcional:

Cuidados:

Devido as limitações impostas descritas acima, em relação ao estado de saúde do indivíduo, é necessário o ponto de vista médico para avaliar o quadro morfofuncional do cliente.

A avaliação médica e funcional do idoso que irá se submeter a um programa de condicionamento físico deve enfatizar principalmente os seguintes aspectos:

1. O exame médico;
2. O teste ergométrico;
3. Teste para avaliar a aptidão motora;
4. Registro de incapacidade e deficiência, se presentes.


Através do exame clínico devem-se procurar principalmente as seguintes patologias: anemia, hipoglicemia, distúrbios no metabolismo do cálcio, deficiência nutricionais, neuropatia, déficits sensoriais, hipotensão ortostática, hipertensão arterial, distúbios de equilíbrio, doenças ateroscleróticas coronarianas ou periféricas, arritmias e doenças degenerativas ou inflamatórias do osso ou articulação.

Um dado importante é registrar, com detalhes, o tipo, número e horário dos medicamentos em uso, pois a intervenção do exercício com os medicamentos pode causar sérios efeitos colaterais.

Todo idoso deverá se submeter a um “miniteste” ou a um teste ergométrico convencional, em esteira rolante ou em bicicleta ergométrica. Para esteira rolante tem-se o protocolo de Balke modificado. Enquanto o teste de bicicleta ergométrica pode ser realizado pelo protocolo de Astrand ou de Naughton.

O teste ergométrico nos proporciona os seguintes dados que são importantes para prescrição dos exercícios físicos:

Presença ou ausência de sinais ou sintomas esforço - induzidos tais como arritmias, hipotensão, hipertensão, vertigem, cianose, palidez, dispnéia acentuada, etc;
Presença ou ausência de alterações eletrocardiográficas importantes que sugiram isquemia miocárdica, arritmia, distúrbios de condução.
Medidas de consumo máximo de O2 em METs ou ml(km.min)-1 .

Importante: sendo não indicado quando existe patologias ou dificuldades técnicas que impossibilitam a execução do teste.

“As avaliações da aptidão motora e da composição corporal têm sido sugeridas como parâmetros que também ajudam a melhorar o programa de atividades físicas. São parâmetros obtidos através de medidas e testes simples tais como: altura, peso, medidas de dobras cutâneas, circunferência do braço, teste abdominal, impulsão horizontal, flexibilidade-Wells-teste, teste do “levanta e senta”, subir e descer três degraus de escada, conduzir “quicando” uma bola de tênis no chão enquanto caminha, teste do taquinho, teste diamométrico, etc. Estes testes visam avaliar o percentual de gordura corporal, o grau de coordenação neuromuscular, força, endurance muscular localizada, coordenação oculomotora, agilidade e flexibilidade”.(LEITE,1990).

“Muitas vezes o programa inicial deve ser aquele que melhora o tônus e a elasticidade muscular, a amplitude de movimentos, a coordenação e o equilíbrio motor. Somente após o desenvolvimento de um trabalho muscular localizado é que, muitas vezes, podemos propor um condicionamento físico geral, que vise basicamente o desenvolvimento da capacidade funcional cardiorespiratória, da flexibilidade e do tônus muscular”. (LEITE, 1990)

Neste grupo etário a dosagem dos exercícios é fator determinante não só pelos aspectos da saúde, como também da prevenção.

Atividade física e o idoso:

Um número crescente de estudos demonstrou claramente que os idosos, mesmo aos 90 anos de idade, são capazes de aumentar a massa e a força muscular em resposta ao treinamento com pesos. De forma geral, os estudos sugerem que a queda da força e da massa muscular com o envelhecimento pode ser atenuada pelo treinamento adequado de musculação. Uma existência de exercícios vigorosos é necessário para manter os músculos do corpo em boa forma.

Muitos pesquisadores que avaliaram os efeitos do envelhecimento sobre o sistema cardiorrespiratório centraram a atenção sobre a aptidão aeróbia máxima ou VO2má.

O VO2 máx diminui 8 a 10% por década após os 25 anos de idade, tanto para homens quanto para as mulheres (NIEMAN, 1999). Cerca de metade dessa redução foi relacionada com o fato de as pessoas se exercitarem menos e se tornarem mais obesas à medida que envelhecem.

Alguns estudos demonstram que a taxa de declínio pode ser atenuada em até 20anos em razão dos exercícios de resistência regulares e vigorosos.

Até o momento não existente dados convincentes que demonstrem que a diminuição da aptidão aeróbia relacionada com a idade possa ser prevenida pela prática regular de exercícios de resistência. O processo de envelhecimento é real e várias alterações no corpo, incluindo uma diminuição da capacidade do coração de bombear o sangue a uma freqüência elevada e a capacidade dos músculos de utilizar o oxigênio, estão ligados ao declínio do VO2 máx relacionado com a idade.

Recomendações:

A prescrição de atividades para idosos orienta-se pelos princípios do treinamento “normal”. No início deve-se dar ênfase ao sistema cardiorrespiratório, com a intensidade de carga não ultrapassando a 50% do VO2máx ou 60% da Fcmáx. A freqüência semanal deverá ser de 3 vezes por semana, em dias alternados, com a duração entre 20 a 60 minutos. Para o iniciante, deve-se aproximar gradualmente destes valores por meios de cargas intervaladas - alguns minutos de atividade, descanso, retorno a atividade. Procurar diminuir gradativamente o intervalo de descanso.

No treinamento com pesos, deve-se utilizar um percentual de carga relativamente baixo no início do programa (40-50% do peso máximo), cuidados com a respiração bloqueada), evitar exercícios isométricos e posição do corpo que prejudique a circulação periférica.

Os exercícios de alongamentos, devem ser feitos no mínimo 3 vezes por semana, dando atenção especial à mobilidade da coluna vertebral, ombros e quadris.

RISCOS E INTOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO

A imprudência e a prescrição incorreta de exercícios físicos podem acarretar sérias conseqüências que vão desde a morte súbita, infarto do miocádio, até uma simples tonteira ou desmaio.

O indivíduo deve exercitar-se dentro de sua própria “tolerância de esforço”. O mesmo deve também, fazer uma avaliação da aptidão física e clínica periodicamente e obediência ao “princípio da sobrecarga” são importantes para se prevenir os “azares” das práticas esportivas, principalmente em idosos onde todo o cuidado, às vezes, ainda é pouco e insuficiente, segundo Leite (1990).

Fonte:Prof. Ms. Jeferson Macedo Vianna
Tel. (32) 3236-1081 / 9987-5089 E
E-mail: jeferson_vianna@uol.com.br ou
jvianna@faefid.ufjf.br

Data da Publicação: 08/05/2002
 

 
 
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