INTRODUÇÃO
ETIOPATOGENIA
QUADRO CLÍNICO
CARACTERÍSTICAS
DA DOR DO IAM
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
COMPLICAÇÕES
PREVENÇÃO
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
PROTOCOLO
DE PRONTO ATENDIMENTO
VISÃO GERAL
DA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
TRIAGEM
INICIAL E TRATAMENTO NO PRONTO-SOCORRO
SISTEMA DE
SERVIÇO MÉDICO DE EMERGÊNCIA
BIBLIOGRAFIA
O Infarto do Miocárdio faz parte de um grupo de
doenças chamado Doenças Isqüêmicas do Coração. O infarto é a destruição da
musculatura miocárdica, devido à deficiência de fluxo sangüíneo para uma região do
músculo cardíaco, cujas células sofrem necrose por falta de aporte nutritivo. A
interrupção do fluxo coronário quase sempre é devido ao estreitamento repentino de uma
artéria coronária pelo ateroma (aterosclerose), ou pela obstrução total de uma
coronária por êmbolo ou trombo (coágulo sangüíneo).
A destruição do músculo do
coração, é causado em geral por depósitos de placas de ateroma nas artérias
coronárias. Essas placas nada mais são do que o acúmulo de células dentro dos vasos
sangüíneos, conseqüentes as lesões dos próprios vasos, bem como depósitos de
gordura, que vão aumentando com o tempo, formando verdadeiras "rolhas" no
interior das artérias do coração. |
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As doenças isquêmicas são as doenças cardíacas
mais comuns, constituindo a primeira causa de morte nos Estados Unidos.
O infarto do miocárdio está mais freqüentemente
associado a uma causa mecânica, isto é, interrupção do fluxo sangüíneo para uma
determinada área, devido a obstrução completa ou parcial da artéria coronária
responsável por sua irrigação.A extensão da necrose depende de vários fatores, tais
como o calibre da artéria lesada, tempo de evolução da obstrução e desenvolvimento da
circulação colateral. Esta, quando bastante extensa, é capaz de impedir a instalação
de infarto, mesmo em casos de obstrução total da coronária.
Os pacientes que sofrem infarto, são geralmente do sexo masculino, pois são mais
susceptíveis que as mulheres. Acredita-se que as mulheres tenham um efeito
"protetor" devido à produção de hormônio (estrógeno), sendo que após a
menopausa, devido à falta de produção desse hormônio, a incidência de infarto na
mulher aumenta consideravelmente.
Existem vários fatores responsáveis pelo infarto do miocárdio, sendo eles: a idade,
pois a incidência aumenta depois dos 50 anos. Outro fator que influencia o infarto do
miocárdio é o colesterol. Quanto maior a quantidade de colesterol no sangue, maior a
incidência de infarto. São conhecidos 3 tipos de colesterol: o de baixa densidade (LDL),
o de muito baixa densidade (VLDL) e o de alta densidade (HDL). Este último, conhecido
como "bom colesterol", parece ter um efeito protetor para o infarto do
miocárdio, sendo ideal mantê-lo em níveis altos no sangue. Já o LDL, conhecido como
"mau colesterol", aumenta a chance de infartos quando existe em níveis altos.
Muitas vezes, a pessoa tem o colesterol alto por causa de doenças hereditárias
(hipercolesterolemia familiar), que fazem com que o corpo não consiga produzir as enzimas
necessárias para "dissolver" a gordura. São os casos em que vemos pessoas bem
jovens tendo enfarte. É importante detectar esses casos na família, pois quando essas
doenças são tratadas precocemente, é possível evitar que essas pessoas sofram infarto.
O diabetes também é apontado como uma doença que aumenta o risco de infarto do
miocárdio. Como o diabetes pode ser transmitido hereditariamente, mais uma vez é
importante saber se tem casos na família e detectar a doença precocemente.
A hipertensão (pressão alta), também aumenta o risco de infarto do miocárdio, assim
como a obesidade, fazendo o coração trabalhar mais, exigindo mais sangue.
O fumo está intimamente relacionado com o infarto do miocárdio, sendo que os fumantes
são 60% mais susceptíveis de sofrer infarto do miocárdio que os não-fumantes. O fumo
causa não apenas a destruição de vasos do coração, como aumenta a chance de formar
coágulos de sangue (trombose). Essa tendência a provocar coágulos piora ainda mais em
mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais, principalmente entre os 30 e 40 anos de
idade.
A inatividade física e o "estresse" também desempenham um papel importante na
produção do infarto.
Embora quase sempre o infarto do miocárdio seja
acompanhado de sintomas que chamam a atenção para um problema cardíaco, é possível
que aconteça totalmente assintomático. Isto geralmente ocorre em pacientes diabéticos,
ou que fazem uso de beta-bloqueadores, ou ainda no período pré e pós-opratório.
O sintoma mais freqüente é a dor torácica persistente, de início súbito, de
intensidade variável, localizada sobre a região inferior do esterno e abdomem superior.
A dor pode agravar continuamente, até se tornar quase insuportável. Pode surgir mesmo
quando a pessoa está acordando ou fazendo bem pouco esforço. Pode irradiar-se para o
ombro e braços, geralmente para o lado esquerdo. Em alguns casos irradia-se para a
mandíbula e pescoço.
É uma dor violenta, constritiva, de duração prolongada (mais de 30 minutos a algumas
horas de duração), não é aliviada pelo repouso, ou pela nitroglicerina.
A dor pode vir acompanhada de um aumento da freqüência respiratória, palidez, sudorese
profusa, fria e pegajosa, tonteira e confusão mental. Pode haver, por um reflexo vagal,
náuseas e vômitos.
Ao exame, o paciente quase sempre apresenta ansioso, inquieto, movendo-se para encontrar
uma posição confortável.
A sensação de morte iminente é freqüente.
Localização |
Tipo |
Duração |
Fatores Agravantes ou Atenuantes |
Sintomas Associados |
Retroesternal, pode
irradiar-se para o pescoço, mandíbula, epigástrio, ombro, braço esquerdo. |
Peso, compressão,
queimação, constrição. |
Início súbito, com 30
min. ou mais de duração, de intensidade variável. |
Sem alívio. |
Dispnéia, sudorese,
fraqueza, náu-seas, vômitos, ansiedade intensa. |
O diagnóstico se baseia na história da doença
atual do paciente, no eletrocardiograma e nos níveis séricos das enzimas. O prognóstico
vai depender da extensão da lesão miocárdica.
Eletrocardiograma:
É de grande valor para o diagnóstico do infarto do miocárdio: ele informa sobre sua
localização, sua extensão e complicações associadas como bloqueio e arritmias. Apesar
que as arritmias podem ocorrer até dentro de um prazo de 24 hrs. após o infarto.
Enzimas plasmáticas:
O infarto do miocárdio e a conseqüente morte celular levam à perda da integridade do
sarcolema ocasionando a liberação de certas enzimas na corrente sangüínea. A passagem
destas enzimas para o plasma sangüíneo nos fornece dados úteis para o diagnóstico de
infarto, sua extensão e evolução.
A creatinoquinase (CK) com sua isoenzima (CK-MB) é considerado o indicador mais sensível
e confiável de todas as enzimas cardíacas.
A CK-MB é a isoenzima encontrada unicamente nas células cardíacas, e só estará
aumentada quando houver destruição destas células.
Sendo assim a CK-MB é o indicador mais específico para o diagnóstico de infarto do
miocárdio.
O tratamento do infarto do miocárdio tem como
objetivo reduzir a lesão do tecido afetado, cicatrização da área necrosada, preservar
a integridade de tecido miocárdio normal e evitar complicações fatais (choque
cardiogênico e arritmias fatais). Enfim, se baseia no tratamento da dor, bem como das
possíveis complicações.
Quando o tratamento é instituído logo após o infarto, acredita-se que se possa reduzir
drasticamente a lesão do músculo do coração.
A preservação do tecido do miocárdio é obtida pelo alívio da dor, repouso para
reduzir o trabalho cardíaco e administração de agentes trombolíticos para melhorar o
fluxo sangüíneo. A droga de escolha é a dolantina, pois é um analgésico potente.
Alguns centros usam antiarrítmicos profilaticamente, mas seu uso é controverso.
A administração de oxigênio em fluxo contínuo, aumenta a concentração deste gás
reduzindo a dor associada à baixa concentração de oxigênio circulante. Também o uso
de drogas que reduzem o uso de oxigênio pelo coração faz com que o músculo cardíaco
sofra menos isquêmia (ausência de sangue).
Por isso, a permanência na UTI deve se restringir ao período crítico, no mínimo 72
horas, onde a incidência de complicações justifica a monitorização contínua.
Superada esta fase, o paciente deve ser removido, preferencialmente, para um quarto
privativo, restringindo-se o número de visitas. Permite-se que ele sente-se em uma
poltrona durante breves períodos. De maneira geral, a deambulação é iniciada por volta
do quarto ou quinto dia, aumentando gradativamente.
Vale à pena lembrar, que a mobilização precoce melhora sensivelmente o bem-estar
psicológico do paciente, além de reduzir a incidência de tromboembolia. Entretanto,
deve-se tomar a precaução de acompanhar o doente no sentido de detectar possíveis
alterações conseqüentes a esta atividade física.
A dieta será liberada à medida que as condições clínicas permitirem. Deve se,
preferencialmente, hipocalórica, leve e hipossódica.
As evacuações não devem significar esforço para o paciente, usando, se necessário,
laxantes suaves.
Os tranqüilizantes são utilizados com a finalidade de amenizar as condições que
angustiam o paciente, como a dor, a própria internação, a permanência na unidade de
tratamento intensivo, medo da morte, etc., pois elas aumentam a freqüência cardíaca e a
pressão sistólica.
O que se teme mais depois do infarto do miocárdio
são as complicações. As mais letais são as arritmias, que podem ocorrer dentro de um
prazo de 24 horas após o infarto. Por isso, foram criadas as unidades de tratamento
intensivo coronariano, onde o paciente recebe todos os cuidados necessários para detectar
precocemente e tratar essas arritmias.
O infarto do miocárdio, apesar de ser uma causa de
morte bem freqüente, tem apresentado índices de mortalidade bem menores nos últimos
anos, graças ao novo estilo de vida que muitas pessoas têm adotado. Conhecendo-se os
fatores que contribuem para a ocorrência da doença, podemos reduzir ainda mais o índice
de mortalidade. A dieta passou a ser a preocupação primordial no combate à doença,
controlando-se a ingestão de colesterol e triglicerídes. É usual fazer-se a dosagem dos
mesmos no sangue a cada 5 anos, procurando mantê-los dentro do nível normal. Caso os
níveis estejam elevados, pode-se iniciar um tratamento com dieta, ou mesmo com o uso de
drogas que ajudam a baixar a concentração desses elementos no sangue, principalmente
naquelas pessoas com hipercolesterolemia familiar citadas anteriormente.
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O exercício físico tem um papel muito
importante, não só para melhorar o condicionamento do corpo como para ajudar na
manutenção do peso ideal. Recomenda-se
andar pelo menos 3 vezes por semana, durante meia hora cada vez. Durante o exercício
físico, o coração é obrigado a trabalhar mais, o que favorece a criação de uma
circulação colateral, que pode ser a salvação quando alguma artéria importante do
coração é bloqueada. |
O hábito de fumar deve ser abandonado, não só
para prevenir o infarto do miocárdio, como tantas outras doenças causadas pelo cigarro,
como o câncer de pulmão, altamente letal. Reduzir a quantidade de nicotina ingerida,
escolhendo-se um cigarro chamado "de baixo teor" não ajuda em nada.
O "stress" deve ser reduzido. Várias alternativas podem ser adotadas, como
massagens, ioga, exercícios físicos em geral, esportes, meditação, etc. É importante
destacar também que a hipertensão arterial muitas vezes é causada pelo
"stress".
Eliminando-se os fatores de tensão, a pressão sangüínea ficaria dentro do normal,
reduzindo assim o risco do infarto do miocárdio.
O paciente infartado precisa ser continuadamente observado
para possíveis complicações, sendo de imediato encaminhado para a unidade de tratamento
intensivo.
Monitorizar o paciente. Avaliar e/ou visualizar continuamente a freqüência e o ritmo
cardíaco. Afim de detectar precocemente o aparecimento de arritmias.
Observar e comunicar imediatamente o aparecimento de dor torácica (com ou sem
irradiação), dispnéia, palpitações, desmaio, transpiração excessiva. Anotar a hora,
duração e se há fatores precipitantes e atenuantes.
Avaliar níveis de consciência, orientação no tempo e espaço. Alterações de
consciência podem ser produzidas por medicamentos, choque cardiogênico iminente, má
perfusão cerebral. Comunicar imediatamente qualquer alteração.
Verificar pulso periférico, freqüência, ritmo e volume. Qualquer alteração deve ser
comunicada rapidamente. Os distúrbios cardiovasculares são refletidos nos valores e
parâmentros encontrados. Ex: um pulso rápido (P>140) regular, porém fraco, indica
redução do débito cardíaco. Um pulso lento (P<60 )pode indicar bloqueio cardíaco. Um pulso irregular pode sugerir arritmias. Ausência de pulso pode indicar tromboembolia.
Verificar e anotar volume urinário (>40ml/hora). A oligúria é um sinal precoce do
choque cardiogênico.
Fazer balanço hídrico. Anotar líquidos infundidos, ingeridos e perdidos (diarréia,
suor, sangue, urina e vômitos ). A atenção cuidadosa para o volume hídrico evitará
sobrecarga cardíaca e pulmonar.
Administrar medicamentos de acordo com a prescrição médica. Observar e comunicar
efeitos colaterais (hipotensão, depressão respiratória e diminuição da acuidade
mental.
Oferecer dieta de acordo com a prescrição (branda, hipossódica e hipocalórica).
Normalmente nas primeiras 12hs o paciente permanece em jejum.
Assegurar repouso absoluto no leito (o repouso diminui o consumo de oxigênio pelo
miocárdio).
Proporcionar ambiente repousante e tranquilizante, limitando o número e o tempo das
visitas (o estresse aumenta o consumo de oxigênio pelo miocárdio)
Promover conforto físico ao paciente, dispensando-lhe cuidados
individualizados de enfermagem.
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A COMUNIDADE E
AS CARACTERÍSTICAS DO SERVIÇO MÉDICO DE EMERGÊNCIA (SME)
Problema na Demora do Paciente
Como a preservação do miocárdio é tempo-dependente, com o maior benefício nas
primeiras horas, o sentido de urgência é mandatório. Retardo pelos pacientes e pelo SME
prolonga significativamente o tempo para início da terapia de reperfusão. O atraso reduz
a eficácia da trombólise e aumenta a mortalidade. Idosos, mulheres, diabéticos, e
hipertensos apresentam maior demora. A educação dos pacientes é o primeiro passo para
reduzir a negação e os erros na interpretação dos sintomas. O médico e os familiares
de pacientes coronarianos devem reforçar a necessidade de procurar atendimento, se os
sintomas ocorrerem, já que esses pacientes apresentam, paradoxalmente, a maior demora
para procurar socorro. As campanhas de educação pública são em elevar o grau de alerta
e de conhecimento dos sinais e sintomas de ataque cardíaco. Os resultados destas
campanhas são entretanto, transitórios e pouco gratificantes.
Trombólise Pré-Hospitalar
A administração de trombolíticos para pacientes com IAM antes da chegada ao hospital
tem sido considerada na tentativa de preservar miocárdio e diminuir área infartada.
Vários estudos mostraram ser factível e segura a trombólise pré-hospitalar. Pequenos
estudos iniciais mostraram resultados conflitantes sobre a eficiência e eficácia dessa
estratégia. Um estudo designado MITI não encontrou diferença significativa na
mortalidade para trombólise pré-hospitalar versus hospitalar. O estudo observou,
entretanto, que todos os pacientes tratados dentro de 70 minutos, independente se antes ou
após a chegada no hospital, tiveram uma melhora neste estudo foi a prévia notificação
da equipe hospitalar e a diminuição do tempo de tratamento quando comparado com
controles históricos. Na Europa, onde o tempo de transporte para o hospital é maior, os
médicos têm administrado trombolíticos no próprio local onde ocorre o evento
isquêmico. Esse procedimento resultou em redução na mortalidade de 50%. A Força Tarefa
do ACC/AHA recomenda que o atendimento pré-hospitalar seja direcionado para o
diagnóstico precoce, e que a administração de trombolíticos fora do hospital ocorra em
situações especiais, onde o médico esteja presente ou o tempo de transporte exceda 90
minutos.
VISÃO GERAL DA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO |
Serviço Médico de Emergência
O pessoal dos SME pode abreviar significativamente o tempo porta-agulha o intervalo
entre a chegada do paciente ao PS e a administração do agente trombolítico. Através de
história breve e dirigida pode se identificar os pacientes de alto risco para dor
torácica isquêmica. Esta história pode começar a identificar a presença de
contra-indicações relativas e absolutas para terapia trombolítica. O tratamento da dor
deve ser rápido, assim como o início da terapia associada com aspirina, nitroglicerina e
b -bloqueadores. Um acesso venoso em veia periférica adequada deve ser providenciado. A
monitorização documenta o ritmo inicial e permite o reconhecimento precoce das arritmias
peri-infarto, em particular FV. Lidocaína profilática não deve mais ser administrada
rotineiramente. O uso de marcapasso transcutâneo é recomendado nas bradicardias sinusais
sintomáticas e no bloqueio atrioventricular avançado. A avaliação da dor torácida e o
ECG de 12 derivações antes da chegada no hospital facilitam os cuidados hospitalares,
incluindo a trombólise precoce no serviço de emergência (e não somente no ambiente
pré-hospitalar). Pacientes identificados antes da chegada no hospital como de alto risco
de morte ou de complicações (sinais de choque, congestão pulmonar ou pressão
sanguínea menor do que 100mmHg) devem ser triados para centros capazes de realizar
intervenções semelhante ao conceito de encaminhar pacientes politraumatizados de alto
risco para um centro de trauma.
TRIAGEM INICIAL E TRATAMENTO - PRONTO-SOCORRO |
O Algoritno de Dor Torácica Isquêmica
O Algoritmo de dor torácica isquêmica, desenvolvido a edição de 1997 do livro Texto de
Suporte Avançado de vida em Cardiologia, apresenta uma orientação detalhada quanto a
abordagem de pacientes com algumas das sindromes coronarianas agudas. Um protocolo
organizado e interdisciplinar é essencial para a eficiência e eficácia do tratamento
desses pacientes. A história clínica e o ECG são utilizados para triar os pacientes de
risco e determinar a estratégia de tratamento. Pacientes com desconforto torácico
isquêmico e supradesnivelamento do segmento ST devem ser rapidamente avaliados e
considerados para terapia de reperfusão. Se não for realizado pelo pessoal
pré-hospitalar, o ECG deve ser obtido e revisto pelo médico responsável pelo cuidado do
paciente dentro de 10 minutos da chegada no PS. Se o paciente preenche os critérios para
terapia de reperfusão, um tempo porta-agulha (início da infusão do agente
trombolítico) de 30 minutos é consistente com a necessidade urgente de reperfusão. O
primeiro médico a avaliar o paciente com IAM deve ser capaz, tanto de determinar a
necessidade de trombólise como dirigir a sua administração. A consulta de um
cardiologista ou ao médico pessoal do paciente retarda a terapia e é recomendada somente
em casos duvidosos. Pacientes com elevação do segmento ST e um bloqueio de ramo esquerdo
(BRE), novo ou, possivelmente novo, devem ser rapidamente avaliados quanto a indicação e
contra-indicações de terapia trombolítica. Estes pacientes são discutidos
posteriormente em "Terapia de Reperfusão."
Pacientes com dor torácica sugestiva de isquemia: risco de morte, baseada nos achados
clínicos e no eletrocardiograma.
Avaliação Imediata (10
minutos)
Todo PS deve estabelecer um protocolo para atendimento de paciente com dor torácica e
suspeita de infarto agudo do miocárdio. Os clínicos têm se referido ao intervalo de
chegada do paciente ao PS, determinação de elegibilidade para terapia de reperfusão e
início dos agentes trombolíticos como intervalo "porta-droga". Todo PS deve
tentar atingir a meta de não mais de 30 minutos para avaliação e início de tratamento
trombolítico para pacientes com evidência de trombose coronariana, sem critérios de
exclusão. Para atingir este objetivo, os itens listados na avaliação imediata devem ser
realizados, sempre que possível, em 10 minutos.
Os protocolos definidos pelos PS devem cobrir tanto a avaliação como o início do
tratamento geral. Os membros da equipe devem ter seus papéis pré-determinados, que devem
incluir as seguintes tarefas:
Medida dos sinais vitais, inclusive
saturação de O2 (o "quinto sinal vital"):
Instalação de monitor cardíaco.
Obtenção de um a dois acessos venosos.
Coleta das amostras iniciais de sangue para o laboratório, na
obtenção do acesso venoso. Marcadores cardíacos séricos, eletrólitos, e coagulograma
podem ser colhidos e etiquetados, mas, não necessariamente, enviados ao laboratório
nestes primeiros 10 minutos.
A radiografia do tórax no leito é geralmente indicada e deve
ser feita para todos os pacientes, de forma imediata ou logo a seguir.
Um elemento da equipe deve ser responsável pela obtenção do
ECG de 12 derivações. Este membro deve trabalhar com indicação de fazer o ECG de 12
derivações, em todos os pacientes triados para dor no peito e suspeita de síndrome
coronariana aguda. O ECG de 12 derivações está no centro do algoritmo decisório de
manipulação dos pacientes com dor torácica isquêmica; os atrasos na obtenção do ECG
de 12 derivações devem ser eliminados. Os prontos-socorros devem contas com aparelhos de
ECG exclusivo da unidade, e não depender de aparelho vindo de outro local do hospital.
Tratamento Geral Imediato
Quatro agentes são rotineiramente indicados para o tratamento de dor torácica
isquêmica, a menos que existam alergias ou contra-indicações:
Oxigênio a 4 L/min usar máscara ou catéter nasal.
Nitroglicerina sublingual ou IV (se a PA sistólica for maior que 90 mmHg; Seguida por.
Morfina IV usar pequenas doses (1 a 3 mg) IV de sulfato de morfina, repetidas a
cada 5 minutos de intervalo, conforme a necessidade, para os pacientes que não obtiverem
alívio completo da dor com a nitroglicerina. A meperidina é uma alternativa aceitável.
O alívio da dor é de alta prioridade.
Aspirina VO o uso rotineiro da aspirina (160 a 325 mg), é altamente recomendado
para todos os pacientes com infarto (classe I), incluindo aqueles que recebem terapia
trombolítica.
Os instrutores de SAVC usam a frase "MONA
saúda a todos os pacientes" como mnemônico para ajudar os alunos de SAVC a
lembrarem a lista de tratamento inicial. A menos que haja contra-indicação.
"MONA" (morfina, oxigênio, nitroglicerina, aspirina) é recomendada a todos os
três sub-tipos de pacientes sob suspeita de dor torácica isquêmica: aqueles com
supradesnivelamento de ST, aqueles com infradesnivelamento de ST, e aqueles com
alterações de ST não diagnósticas. As maiores contra-indicações a estes agentes são
hipotensão para a morfina e nitroglicerina (principalmente na hipotensão por infarto de
ventrículo direito), e alergias à aspirina.
SISTEMA DE SERVIÇO MÉDICO DE EMERGÊNCIA |
É importante reconhecer que, nos Estados Unidos,
apenas cerca de 50% dos pacientes com dor torácica isqüêmica vão chegar ao PS após
chamar 911 e receber cuidados e transporte do SME. Grandes esforços educacionais para
aumentar a porcentagem de pessoas que reconhecem os sinais de aviso de possível ataque
cardíaco e chamam 911 vêm sendo realizados por todo os Estados Unidos. Muito da
avaliação e tratamento iniciais podem ser feitos pela própria equipe de SME.
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Através de protocolos estabelecidos e
de contato com médicos de controle, quando necessário, o pessoal do SME pode obter os
acessos venosos, medir os sinais vitais e saturação de oxigênio, obter uma história
dirigida com um checklist de dor torácica para determinar a indicação ou não de
terapia trombolítica e fazer um ECG de 12 derivações inicial. O tratamento MONA pode
ser iniciado e o ECG de 12 derivações transmitido via telefone celular. |
A interpretação computadorizada, presente nos
aparelhos de ECG portáteis, pode ser lida oralmente para o PS, que receberá o paciente,
alertando o pessoal do hospital em relação a alterações agudas de ECG e arritmias.
A possibilidade do pessoal do SME iniciar a terapia trombolítica, antes da chegada ao
hospital, vem sendo estudada em vários estudos prospectivos. Benefícios positivos
ocorrem nas situações em que há um retardo de 60 a 90 minutos até a terapia
trombolítica no PS. Nas áreas rurais, onde o tempo de transporte e freqüentemente
longo, a terapia trombolítica pré-hospitalar é adequada. A melhora da triagem do PS com
tempo porta-agulha menor do que 30 minutos, tende a sobrepujar os benefícios da
trombólise pré-hospitalar, a menos que haja atrasos. Os curtos tempos porta-agulha são
freqüentemente conseqüência da função de alerta do ECG de 12 variações
pré-hospitalar, que tem se tornado rotina nos sistemas de SME da maioria das cidades
americanas.
Parada Cardíaca
1- LÓPES, Mario. Emergências Médicas 3º. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1982.
2- MILLER, Otto. Diagnóstico e terapeutica em Médicina interna 14º edição, Rio de
Janeiro: Livraria Atheneu, 1989.
3- SWHARTZ, George R. Emergências Médicas 1º edição. Rio de Janeiro: Interamericana,
1982.
4- AZEVEDO, Arthur de Carvalho. Cardiologia 1º edição. São Paulo: Sarvier, 1984.
5-ASSAD, José Ebreiros. Emergências cardiovasculares 1º edição. Rio de Janeiro: 1989.
6- ANDREOLI, Thomas E. Cecil Medicina Interna Básica 2º edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991.
7- KATZUNG, Beltram G. Farmacologia Basica e Clínica 2º edição.
8- BRUNNER and SUDDARTH. Moderna Prática de Enfermagem 2ºedição. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1980.
9- BRUNNER and SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica 7º edição. Rio
de Janeiro, 1994.
10- CUMMIS, Richard O., Suporte Avençado de Vida em Cardiologia, American Heart
Association, 1997-1999.
Fonte: Enfermeiro Antonio Araujo
H. D. Lamego, Portugal