Insuficiência Hepática Aguda
 

DEFINIÇÃO

Alteração aguda e grave da função hepatocelular secundária à citotoxicidade ou colestase.
Insuficiência hepática fulminante refere-se a insuficiência hepática aguda complicada por encefalopatia.

 

CAUSAS TÓXICAS

Hepatotoxinas intrínsicas

  • Acetaminofem (paracetamol)
  • Amanita phalloides
  • Arsênico
  • Tetracloreto de Carbono (e outros hidrocarbonetos clorados)
  • Cobre
  • Etanol
  • Ferro
  • Metotrexate
  • Fósforo

Hepatotoxinas idiosincrásicas

  • Alopurinol
  • Amiodarona
  • Clorpromazina
  • Clorpropamida
  • Dissulfiram
  • Estolato de eritromicina
  • Ouro
  • Haloalcanos

    halotano
    isofluorano
    enflurano

  • Isoniazida
  • Cetoconazol
  • Metildopa
  • Inibidores da monoamino oxidase
  • Nitrofurantoína
  • Drogas antiinflamatórias não-esteróides
  • Fenitoína
  • Propiltiuracil
  • Rifampicina
  • Sulfonamidas
  • Tetraciclina
  • Ácido valpróico


CAUSAS NÃO-TÓXICAS

  • Hepatite viral aguda
  • Fígado gorduroso agudo da gravide
  • Hepatite crônica autoimune
  • Síndrome de Budd-Chiari e doença veno-oclusiva
  • Hipertermia
  • Hipoxia
  • Infiltração maligna
  • Síndrome de Reye
  • Sepsis
  • Doença de Wilson


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Anorexia, náusea, vômitos e desconforto no quadrante abdominal superior direito podem aparecer após um período variável de latência. Icterícia e aumento de bilirrubinas podem ocorrer refletindo o progresso da lesão hepática.

Hipoglicemia, acidose láctica, coagulopatia e insuficiência renal são manifestações características dos casos graves.

Hemorragia gastrointestinal pode ocorrer devido a diminuição da síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K.

Acidose láctica pode ocorrer como resultado da deficiência da captação e metabolismo do lactato ou pelo aumento da produção do lactato secundário à hipoxia dos tecidos.

Casos graves evoluem para insuficiência hepática fulminante, que é caracterizada pelo desenvolvimento de encefalopatia. As manifestações clínicas de encefalopatia incluem depressão de sistema nervoso central e função neuromuscular anormal (aumento do tônus muscular, movimentos mioclônicos e tremores).

As complicações da insuficiência hepática fulminante incluem edema cerebral, aumento da pressão intracraniana e hipotensão intratável.


DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

  • Insuficiência hepática crônica
  • Hemólise
  • Encefalopatia devido a outras causas


INVESTIGAÇÕES RELEVANTES

  • Glicemia
  • Função renal
  • Albumina
  • Bilirrubinas
  • Eletrólitos séricos
  • Transaminases (ALT/TGP e AST/TGO)
  • Tempo de protrombina
  • TC de crânio e EEG


TRATAMENTO

Todos os agentes que podem contribuir para hepatotoxicidade devem ser descontinuados imediatamente.

O tratamento é primariamente de suporte. Pacientes que desenvolvem insuficiência hepática fulminante requerem tratamento de suporte intensivo e das complicações agudas, incluindo a encefalopatia, coagulopatia, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos, insuficiência renal, sepsis e edema cerebral.

A administração de n-acetil cisteína endovenosa está indicada na insuficiência hepática aguda causada pela intoxicação por acetaminofen.

 

EVOLUÇÃO CLÍNICA E MONITORIZAÇÃO

Em pacientes que não desenvolvem encefalopatia, geralmente ocorre a recuperação completa. As transaminases, bilirrubinas, função renal e balanço hídrico devem ser monitorizados cuidadosamente até a melhora clínica.

A insuficiência hepática fulminante está associada com mortalidade aguda extremamente elevada, mesmo com tratamento intensivo agressivo.

O transplante hepático pode salvar em alguns casos. Entretanto, os sobreviventes de insuficiência hepática fulminante geralmente terão a recuperação completa em 6 a 10 semanas, com o restabelecimento da estrutura e função hepáticas.


COMPLICAÇÕES TARDIAS

Não são comuns.


AUTORES / REVISORES

Autor: Dr. Maria Cristina Alonzo M.D., Dept.of Environmental Health and Chemical Safety, Ministry of Health Avda. 18 de Julio 1892, 4to. piso, anexo B ,Montevideo, Uruguay.
Revisores: Birmingham 3/99: T. Meredith, L. Murray, A. Nantel, J. Szajewski.
Tradutor: São Paulo, 2001. Dr Ligia Fruchtengarten.

Fonte: IPCS INTOX

Obs.: O tratamento proposto é apenas para fins didáticos, não se automedique, a automedicação pode ser perigosa. Caso necessário procure um médico para maiores informações, somente ele pode lhe prescrever alguma medicação.

Data da Publicação: 29/03/2002
 

 
 
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