DEFINIÇÃO
Alteração aguda e reversível da função
cognitiva e / ou comportamento, que ocorre por um efeito tóxico direto provocado por uma
substância, ou secundária a uma condição médica de base.
CAUSAS TÓXICAS
CAUSAS NÃO-TÓXICAS
Nota: Algumas destas
causas não-tóxicas podem ocorrer como complicação de uma intoxicação.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As manifestações clínicas de alteração
de cognição e comportamento associadas com delírio são extremamante variáveis em tipo
e gravidade, podem alternar com o tempo. Podem incluir sonolência, ansiedade,
inquietação, incapacidade para concentração, perda de memória, agitação, confusão,
desorientação, discurso alterado, labilidade emocional e alucinações visuais e
auditivas.
Os distúrbios de
cognição e comportamento podem determinar que o paciente provoque dano físico a ele
mesmo e aos outros.
Outras manifestações
clínicas da própria intoxicação também podem ser observadas (síndromes
anticolinérgica, beta adrenérgica, serotoninérgica).
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Doença psicótica aguda
- Depressão de sistema nervoso central
- Demência
- Distúrbio neuro-vegetativo
INVESTIGAÇÕES
RELEVANTES
O principal papel das investigações
biomédicas é de excluir ou diagnosticar as causas não-tóxicas do delírio. Devem ser
selecionadas conforme o julgamento clínico e podem incluir:
- Gasometria arterial
- Glicemia
- Raio X de tórax
- TC de crânio
- ECG
- Eletroencefalograma
- Oximetria
- Testes de função renal e hepática
- Eletrólitos séricos
- Testes de função de tireóide
TRATAMENTO
O tratamento é essencialmente de suporte e
deve ser mantido até que a função cognitiva e a alteração de comportamento retornem
ao normal.
As medidas gerais de
suporte são destinadas para aliviar os sintomas de ansiedade, prevenir auto agressão e
manter o balanço hidro-eletrolítrico adequado. Podem incluir :
- Fluidos endovenosos (se o paciente não
estiver recebendo fluidos via oral)
- Ambiente calmo (sem luzes brilhantes, sem barulho, longe de
janelas)
- Reafirmação
- Proteção do paciente contra lesões causadas por
auto-agressão
- Aliviar retenção urinária (agentes anticolinérgicos)
- Sedação
O paciente com delírio
nunca deve ficar desacompanhado. Restrição física deve ser utilizada apenas para
controle inicial de um paciente não cooperativo e para prevenir auto agressão, antes de
usar sedação farmacológica. Quando necessária, a restrição física poderá ser
melhor alcançada com a ajuda de várias pessoas para segurar o paciente. Pacientes
extremamente violentos devem ser subjugados por um grupo de pessoas com funções
determinadas para estabilizar cada membro e a cabeça. O uso prolongado de contenção
deve ser evitado.
O objetivo é sedar o
paciente até o ponto que esteja calmo mental e fisicamente, mas que ainda pode despertar
com a estimulação. Se o paciente não puder ser controlado apesar da sedação com as
doses descriras acima, doses adicionais não devem ser utilizadas a menos que recursos
para entubação e ventilação estejam disponíveis.
Terapia de suporte
específica ou antídotos podem ser necessários quando o delírio é uma consequência de
uma toxina específica ou complicação de intoxicação (insuficiência respiratória,
hipertermia, hipotermia, hipoglicemia, hiponatremia, hipernatremia, hipomagnesemia).
Fisostigmina pode ser
considerada no tratamento do delírio associado com intoxicações por agentes
anticolinérgicos. O delírio associado com a síndrome serotoninérgica pode melhorar com
a administração de ciproheptadina ou clorpromazina.
EVOLUÇÃO CLÍNICA E MONITORIZAÇÃO
A duração do delírio varia com a
intoxicação, mas raramente permanece mais que 72 horas. O paciente deve ser observado
cuidadosamente e continuamente até a normalização do nível de consciência. O nível
de consciência e a função respiratória devem ser cuidadosamente monitorizados após a
sedação.
COMPLICAÇÕES TARDIAS
Raras, desde que os pacientes não causem
lesões neles mesmos durante o delírio.
Às vezes, podem
aparecer recorrências dos sintomas ("flash-backs") após a ingestão de LSD ou
outros alucinógenos.
AUTORES / REVISORES
AUTORES: Dr J. Pronczuk, International
Programme for Chemical Safety, Geneva, Switzerland; Dr R. Dowsett, Departments of Clinical
Pharmacology and Emergency Medicine, Westmead Hospital, Westmead, NSW 2145, Australia.
REVISORES: Cardiff 3/95; Berlin 10/95: R. Dowsett, J. Pronczuk; Cardiff 9/96: T. Meredith,
L. Murray; Birmingham 3/99: T. Meredith, L. Murray, A. Nantel, J. Szajewski.
Tradutor: São Paulo, 2001. Dr Ligia Fruchtengarten.
Fonte: IPCS INTOX
Obs.:
O tratamento proposto é apenas para fins didáticos, não se automedique, a
automedicação pode ser perigosa. Caso necessário procure um médico para maiores
informações, somente ele pode lhe prescrever alguma medicação. |