Aspiração Pulmonar
 
DEFINIÇÃO

Entrada de conteúdo gástrico ou outras substâncias no trato respiratório, podendo causar obstrução de vias aéreas e / ou inflamação química dos pulmoes.


CAUSAS TÓXICAS

Qualquer agente que cause perda dos reflexos de proteção de vias aéreas, particularmente aqueles que resultam em depressão do sistema nervoso central ou convulsões.

A aspiração pulmonar de certos hidrocarbonetos pode resultar em pneumonite química sem depressão significante do nível de consciência.


CAUSAS NÃO TÓXICAS

  • Anestesia (geral ou local faringeana)
  • Acidente cerebrovascular
  • Refluxo gastro-esofágico
  • Alimentação por sonda nasogástrica
  • Doenças neuromusculares
  • Convulsões ou estado pós-comicial


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os sintomas e sinais clínicos são aqueles encontrados tipicamente na pneumonite química e aparecem rapidamente, geralmente dentro de duas horas após a aspiração. Os sinais e sintomas incluem dispnéia, tosse, febre, sibilos e cianose, que podem ser parcialmente ou completamente obscurecidos pelas manifestações clínicas da intoxicação (especialmente depressão do SNC).

O diagnóstico pode ser confirmado pela presença de infiltrado em Raio X de tórax e / ou relativa hipoxemia, ou pela broncoscopia.

Os casos graves podem progredir para hipoxemia importante (Pão2 < 50 mmHg), apnéia e choque.


DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

  • Edema pulmonar não cardiogênico
  • Pneumonia de origem infecciosa
  • Embolia pulmonar
  • Síndromes de angústia respiratória (SARAS)


INVESTIGAÇÕES RELEVANTES

Raio X de tórax: tipicamente mostra infiltrado bilateral difuso (aspiração maciça) ou em segmentos pulmonares dependentes (segmentos posteriores do lobo superior, segmentos superiores dos lobos inferiores e segmentos basais dos lobos inferiores). Entretanto, qualquer distribuição do infiltrado radiológico associado às alterações clínicas sugerem o diagnóstico.

Gasometria arterial: Hipoxemia e acidose respiratória. Gradiente de O2 alveolar-arterial apresenta correlação com a gravidade da pneumonite.

Broncoscopia.


TRATAMENTO

Tratamento inicial é de suporte e inclui:

  • Estabelecimento da permeabilidade de vias aéreas.
  • Ventilação adequada.
  • Administração de oxigênio suplementar.
  • Aspiração vigorosa de vias aéreas para remoção de qualquer material aspirado residual.
  • Nebulização com broncodilatores.
  • Administração de líquidos para manutenção de volemia normal.

Antibioticoterapia profilática não é indicada. Antibióticos devem apenas ser administrados para tratar infecção bacteriana secundária (veja abaixo).

Em um primeiro momento a opção pelos antibióticos é empírica, mas pode ser modificada subsequentemente conforme resultados de cultura.

Bacilos aeróbicos gram-negativos são prováveis em pacientes alcoólatras ou cronicamente hospitalizados.

Corticosteróides não são benéficos e podem ser prejudiciais.

Broncoscopia pode ser útil em pacientes com suspeita de aspiração de partículas grandes, que podem ser retiradas através das vias aéreas (sugerida por atelectasias persistentes).


EVOLUÇÃO CLÍNICA E MONITORIZAÇÃO

Mortalidade depende da extenção da aspiração inicial e apresenta correlação com a extensão do infiltrado radiológico e o gradiente de oxigênio arterial-alveolar .

A maioria dos pacientes melhora rapidamente. O infiltrado radiológico geralmente resolve em duas semanas.

Piora clínica em 48 horas após a aspiração indica provável infecção bacterina secundária, quando se observa febre recorrente, leucocitose, escarro purulento e um novo infiltrado ou aumento do infiltrado radiológico anterior.


COMPLICAÇÕES TARDIAS

Geralmente a recuperação pulmonar é completa, naqueles pacientes que sobrevivem a fase aguda.


AUTORES / REVISORES

Autor: Lindsay Murray, Senior Lecturer in Emergency Medicine, Queen Elizabeth II Medical Centre, Nedlands, WA 6009, Australia.
Revisoes: Rio de Janeiro, 5.9.97: J.N. Bernstein, E. Birtanov, R. Fernando, H. Hentschel, T.J. Meredith, Y. Ostapenko, P. Pelclova, C.P. Snook, J. Szajewski. London, 15.03.98: T. Della Puppa, T.J. Meredith, L. Murray, A. Nantel.
Tradutor: Dr Ligia Fruchtengarten, Março 99.

Fonte: IPCS INTOX

Obs.: O tratamento proposto é apenas para fins didáticos, não se automedique, a automedicação pode ser perigosa. Caso necessário procure um médico para maiores informações, somente ele pode lhe prescrever alguma medicação.

Data da Publicação: 23/03/2002
 

 
 
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