Nutricionista investiga relação entre HDL elevada e aterosclerose.
 
Untitled document

As drogas desenvolvidas para elevar o colesterol da HDL – lipoproteína conhecida como benéfica ao organismo humano – e a possibilidade deste mesmo colesterol, em determinadas condições, ter uma associação com a doença cardiovascular aterosclerótica, levaram a nutricionista Carla Evelyn Coimbra Nuñez a investigar as possíveis relações entre a hiperalfalipoproteinemia, que corresponde à HDL elevada, e a aterosclerose, doença crônica degenerativa das paredes das artérias e de caráter inflamatório. A idéia foi verificar a relação em um estágio anterior à instauração da lesão propriamente dita ou quando já está estabelecida, cujos sintomas mais freqüentes são o aparecimento de doença coronariana e derrame.

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Lípides do Núcleo de Medicina e Cirurgia Experimental da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e no Ambulatório de Dislipidemias do Hospital das Clínicas, orientado pela professora Eliana Cotta de Faria. A base do estudo foi investigar, pioneiramente na população brasileira, os biomarcadores plasmáticos de oxidabilidade e inflamação nos portadores de hiperalfa. Segundo Carla, existia a hipótese de que os biomarcadores denominados Proteína C-reativa ultra-sensível, Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-alfa) e títulos de Auto-anticorpos contra a LDL-oxidada estivessem reduzidos nestes pacientes e que a HDL-colesterol tivesse uma relação inversa com a aterosclerose precoce.

Os resultados, contudo, foram em sua maior parte neutros. “Não se pode afirmar que a elevação do colesterol da HDL teve efeitos positivos ou negativos nos índices avaliados”. Uma justificativa para a surpresa nos resultados, explica, poderiam ser as características metabólicas específicas da população estudada e as faixas de concentrações da HDL.

Carla indica, porém, que as análises servem de referência para se observar alguns mecanismos que podem levar a mudanças na funcionalidade da HDL. “Entender esses mecanismos é fundamental para o desenvolvimento de novas terapias que tenham a elevação do colesterol bom como objetivo”. Nesse sentido, relata que outras pesquisas em funcionalidade estão sendo realizadas pelo grupo, envolvido mais recentemente num projeto temático sobre a HDL, uma vez que há fortes evidências na literatura de que o colesterol da HDL elevado poderia ser pró-inflamatório.

A pesquisa, que foi financiada pela Capes, CNPq e Fapesp, envolveu 223 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas da Unicamp. Como grupo controle, com HDL entre 40 e 60 miligramas/dL, foram selecionados 68 indivíduos. Os 155 restantes foram definidos como portadores de hiperalfalipoproteinemia por apresentarem HDL superior a 68 miligramas/dL.

O que Carla também encontrou em suas investigações foi uma correlação inversa da atividade lipoproteína lipase com o TNF-alfa, o que aponta para um fator de proteção, benéfico contra o processo inflamatório e provavelmente aterosclerótico, na hiperalfalipoproteinemia muito alta.

Texto: Raquel do Carmo Santos
Fonte: Jornal da Unicamp

Data da Publicação: 24/10/2008
 

 
 
Para imprimir, utilize a opção de impressão do seu navegador
 
Voltar