Esmalte dos dentes, fonte para identificação humana.
 

Pesquisa pioneira realizada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp estuda novo método para identificação humana. O esmalte dental é caracterizado por camadas de prisma em direções regularmente alternadas. Essas camadas sucessivas formam as Bandas de Hunter-Schreger (HSB) que aparecem como faixas claras e escuras quando vistas sob forte iluminação lateral. O padrão formado pelas bandas assemelha-se ao observado nas impressões digitais humanas. Em estudo laboratorial, foi verificado que cada dente analisado apresentava um padrão único de bandas.

O estudo culminou na dissertação de mestrado da cirurgiã-dentista Liza Lima Ramenzoni, com orientação do professor Sérgio Line, da área de Histologia e Embriologia. Segundo os pesquisadores, o padrão das bandas poderá servir como um novo método biométrico de identificação humana complementando os já existentes. O método poderá ser recomendado para vítimas de desastre em massa, onde possivelmente os cadáveres se encontram carbonizados, putrefeitos ou reduzidos a partes, uma vez que o dente é um dos órgãos mais resistentes ao calor, podendo suportar de 300 a 500ºC ou mais quando protegidos pelos tecidos bucais. Foram estudados 274 dentes incisivos inferiores isolados e dentes diretamente da cavidade bucal de 30 indivíduos.

Nas análises, os dentes foram fotografados em uma lupa esteroscópica (ampliação 20 a 50x) com iluminação lateral de fibra óptica na região cervical, face vestibular. As imagens contrastadas foram analisadas em software de identificação automatizado de base biométrica (Verifinger 4.2 SDK / Fingersec®), o mesmo utilizado para identificação de impressão digital. O software gerou uma lista de valores de similaridade. Estes valores foram comparados em uma matriz de similaridade. Os resultados demonstraram que o padrão das bandas é altamente variável e único para cada dente analisado.

Liza, que contou com apoio da Fapesp, vem pesquisando o assunto desde a iniciação científica, em 2002. O trabalho foi aceito para ser publicado na revista inglesa Proceedings of the Royal Society - Biology, sendo considerado pelos editores da revista como um dos destaques da edição (highlight- Top A paper), e por isso foi disponibilizado na integra com livre acesso no site da revista (http://www.pubs.royalsoc.ac.uk/proceedingsb), antes mesmo da publicação dos demais artigos da edição. O interesse pelo assunto surgiu de um estudo realizado pelo professor Line, publicado na edição de dezembro da revista Journal of Vertebrate Paleontolog, mostrando que as bandas estão preservadas em mamíferos pré-históricos que viveram há 60 milhões de anos. Este fato mostra que a identificação pelas bandas é o método mais robusto existente. A aluna pretende dar seqüência à pesquisa, analisando as bandas em diferentes raças. Paralelamente, estará realizando seu doutoramento, que será na área de biologia molecular.

Texto: Cesar Maia
Fonte: Portal da Unicamp

Data da Publicação: 22/02/2006
 

 
 
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