Musculação - Ponto de Vista
Estética e Genética

 

Autor:
Professor Ney Pereira

Palestrante de Cursos de Extensão
Professor de diversos Cursos de Especialização
Autor de várias obras relacionadas ao tema
Autor da Vídeo Aula - Biomecânica
Coodenador do curso de Especialização - Academia Escola
Proprietário da Academia NPWellness

Não é raro se ouvir comentários a respeito da estética de alguém que aparece na televisão, sendo que utilizamos esta mesma palavra quando fazemos alusão a projetos arquitetônicos, obras de arte e até quando escolhemos as roupas que iremos "combinar" naquele dia.

Conceitualmente podemos usar esta mesma palavra como adjetivo, quando nos referimos à beleza e ao agradável, ou ainda como substantivo, designando características formais que a arte assume como estilo.

Estética vem do grego aisthesis que significa a faculdade de sentir, "compreensão pelos sentidos".

Desde Platão a Hegel, sua interpretação esta sempre relacionada ao belo, a subjetividade, a cultura e principalmente, a percepção do observador.

A interpretação de estética se adaptou ao tempo, sendo hoje, em sua dimensão objetiva, relacionada com ordem, harmonia, proporção, adequação. Sendo que harmonia expressa-se matematicamente.

Simetria, proporcionalidade, são pré-requisitos de um culturista, por exemplo, somando-se à definição e hipertrofia muscular. É o que, neste contexto específico, expressa "o belo". No dia-a-dia somos menos rigorosos ao analisarmos o quanto é estética a aparência física de alguém que está na praia, por exemplo. Definitivamente não é necessário, em alguns casos, praticar musculação para ter um corpo belo e estético. Alguns já nascem assim! Ou seja, suas características físicas já foram pré-determinadas em seu código genético.

Portanto quando nos relacionamos à estética dos seres humanos devemos levar em consideração a hereditariedade, que são as características transmitidas nos cromossomas, portanto sua genética. Daí vale o ditado: "Filho de peixe, peixinho é "ou ainda a expressão: "Já nasceu feito". Porém até agora nos referimos à hereditariedade somente como facilitadora do aspecto estético, como simetria, proporcionalidade, etc. Contudo, não é raro observarmos pessoas que não possuem estes quesitos, por exemplo, apresentam-se com membros inferiores menos hipertrofiados do que o tronco . Em algumas vezes ao se praticar musculação na tentativa de ""concertar"alguma desproporção, esta se torna mais evidente.

Refíro-me as pessoas que não tem um corpo com boa estética, mas que muitas vezes têm uma grande facilidade em hipertrofiar algum grupamento muscular, ou quase todo o corpo. Ou aqueles que tem facilidade em hipertrofiar todos os principais grupamentos musculares e nem assim tem um aspecto harmonioso, pois seus segmentos corporais são assimétricos como, por exemplo, membros superiores e inferiores longos e tronco curto.

Estes são exemplos de pessoas que possuem uma boa genética para hipertrofia, porém têm uma péssima estética, "linha", como é chamada em culturismo.

Por outro lado existem pessoas com aspecto estético maravilhoso e que nunca praticaram musculação, como já comentado, estas quando começam a praticar, costumam ficar com uma aparência física ainda mais bela, principalmente devido à hipertrofia muscular adquirida somada a redução de gordura. Porém algumas destas pessoas não conseguem um grau de hipertrofia tão elevado, a ponto de serem campeões de culturismo, por exemplo. Trata-se de uma pessoa com boa estética e genética desfavorável ao aspecto hipertrofia.

Reparem que foi ressaltado e delimitado o aspecto hipertrofia, ao nos referirmos a genética. É importante que se tenha consciência de que é este o foco sobre a genética de quem gosta de musculação, porém não devemos esquecer de que a genética influencia em todo o contexto de potencialidades do indivíduo.

O grande questionamento do praticante ao tomar consciência de suas limitações é: será que o treinamento poderá reverter este processo? Inicialmente não devemos esquecer que o produto final de um treinamento depende diretamente de seu potencial, pré-determinado geneticamente, conhecido como genótipo, somado aos seus hábitos e condutas intimamente influenciadas pelo meio, como alimentação, intensidade do treino, forma de recuperação, entre outros, conhecidos como fenótipo.

Respondendo a questão: talvez sim, porém não completamente.

Se seu genótipo não é dos melhores, com certeza terá que trabalhar mais arduamente procurando otimizar seu fenótipo. Com isso pode ser que chegue ao estágio de "não ser reconhecido pela própria mãe" como disse Arthur Jones (Náutilos). Porém, não acredite em estórias de "Cinderela do culturismo" que eram completamente desproporcionais, assimétricos e sem nenhum músculo aparente e se tornaram Mr. Olímpia.

Para ser um atleta de culturismo, por exemplo, basta trabalhar arduamente e com disciplina e perseverança. Ser um campeão, além disto tudo é preciso algo mais, pois neste como em qualquer outro esporte não é para quem quer, e sim, para quem pode (genética com estética).

Data da Publicação: 17/03/2004
 

 
 
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