LER / DORT - Ponto de Vista Doenças Profissionais: uma questão dolorosa a ser equacionada
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Professor:
Fausto Arantes Porto - CREF 1387
Graduado pela UCB - DF
Pós-graduação em Fisiologia do Exercício - Gama Filho
Conselheiro do CREF - 7 DF
Sócio Proprietário do
Saúde em Movimento
Autor do Livro - Como montar um centro de treinamento personalizado -
SEBRAE
Avaliador Físico - Academia Malhart |
Com a evolução das técnicas de produção
e a necessidade cada vez maior de eficiência e de lucro, têm se evidenciado uma
engrenagem nesta linha de produção, que não que esta correspondendo a contento e
com freqüência tem causado problemas, necessitando ser substituída o que vêm
acarretando em muitos prejuízos, financeiros e sociais.
A peça que esta falhando é o próprio
homem, e um exemplo dessas falhas constantes são os executivos que infartam
antes dos 50 anos ou operários que ficam inválidos em pleno período produtivo e
com essas panes nas linhas de produção o papel do homem nesse processo esta em
xeque, perante o progresso.
No contexto há a necessidade de rever os
conceitos e as relações entre o homem e seu trabalho, para combater essa
epidemia que cresce de forma assustadora em quase todos os postos que envolvem o
homem em seu papel laborativo.
Afinal quais são as nomenclaturas para
essas doenças laborativas ou profissionais ?
Existe na literatura cientifica
uma série de siglas para definirem as denominações que formam essas
doenças:
Termo usado na Austrália R.S.I.
- Repetitive Strain Injuries que foi traduzido no Brasil como
L.E.R. - Lesões por Esforços Repetitivos mas em outras partes do mundo
surgiram outras denominações como O.C.D. - Occupatinal
Cervicobraquial Disorder no Japão, nos Estados Unidos os pesquisadores
definiram como C.T.D. - Cumulative Trauma Disorrders que foi
traduzido para o Brasil como L.T.C. - Lesões por Traumas
Cumulativos mas após essa variação de letras no Brasil as normas e o
consenso entre os estudiosos sobre o tema apontam para a seguinte
nomenclatura D.O.R.T. - Disfunção Osteomuscular Relacionada ao
Trabalho. |
Após todos essas siglas qual seria o
conceito para definir esse conjunto de problemas relacionados a saúde do homem
em suas atividades laborativas?
Apesar de existirem vários
conceitos presentes na literatura científica, temos um aparente consenso
no Brasil o conceito empregado :
"Lesões musculares e/ou de tendões
e /ou fáscias e/o de nervos e/ou de qualquer sistema orgânico que esteja
sendo utilizado de forma biomecânicamente incorreto" |
Mas o conceito é um pouco confuso, e a
complexidade do tema ressalta a gravidade dessas sindromes, porque em um mesmo
paciente pode existir o comprometimento de varias estruturas como ossos,
músculos, tendões e nervos, associados a execução de suas atividades
profissionais ou apenas o comprometimento de uma ou outra estrutura, mas o que
esta bem claro é a relação com o motivo causal, ou seja, a atividade laborativa
e o uso incorreto das estruturas orgânicas do corpo humano.
Mas se existem dificuldades na
elaboração de nomenclaturas e conceitos, por outro lado os sintomas relacionados
são bem mais claros e fáceis de serem identificados.
Quanto a busca dos fatores causais, um
mito que precisa ser esclarecido é de que as doenças profissionais são
associadas pelo público leigo apenas com o uso de computadores e seus usuários,
e que o motivo mais comum apontado é a alta repetividade de movimentos no
processo de digitação, o que precisa ser revisto, porque apesar de ter se
tornado uma epidemia nas últimas décadas , o relato de doenças especificas a uma
atividade profissional remontam a muito tempo na história, como as doenças dos
tecelões ou dos escribas demostrando não ser um problema recente. E colocando as
reais dimensões dessa epidemia e as possibilidade a quase todos os postos
laborativos do homem. Mais quais seriam os principais motivos de seu surgimento
e evolução ?
Alguns dos principais fatores
causais:
Força - na
execução dos movimentos
Posturas inadequadas
- na execução das rotinas, como trabalhar com os abraços elevados sem
apoio
Repetividade
- velocidade e repetição na execução dos movimentos
Compressão
- por materiais ou equipamentos inadequados que causam a compressão de
estruturas orgânicas como músculos, nervos reduzindo o fluxo sangüíneo nas
áreas afetadas.
Vibração
ou trepidação - instrumentos ou rotinas
que afetem áreas de contato com vibração ou trepidação
Temperatura
- o frio causa a vasoconstrição na irrigação sangüínea reduzindo o volume
nas áreas afetadas e sendo um dos principais agravante na evolução das
doenças bem como temperaturas elevadas também são prejudiciais.
Sexo - existe
uma certa pré disposição para as mulheres por causa de apresentarem
estruturas mais frágeis como menor massa muscular , outro fator que
contribui são as alterações hormonais, relacionados ao ciclo menstrual, ou
uso de anticoncepcionais e por fim a dupla ou tripla jornada da mulher
como mãe, dona de casa e mais sua rotina profissional.
Traumatismos
anteriores ou traumas cumulativos - o
comprometimento das estruturas orgânicas com traumas anteriores ou com a
seguida repetitividade das crises são fatores importantes no surgimento e
evolução das doenças profissionais.
Estresse
- físico, emocional ou psíquico
Perfil
psicológico - pessoas pessimistas tende a
ter maiores possibilidades do surgimento dessas enfermidades.
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E perante essa variabilidade e
complexidade de fatores que ainda podem ser cumulativos, para demonstrar como se
processa essa associação de fatores causais, vamos usar o exemplo de um
digitadora, que não tem um posto de trabalho adequado, com o mobiliário não
ergonomico, o CPD apresenta uma temperatura muito baixa, a profissional é
submetida a uma longa jornada de trabalho sem pausas ou descanso, apresenta uma
postura inadequada, é submetida a uma cobrança constante pelos seus superiores e
não gosta do trabalho que executa. Pronto temos um quadro favorável a instalação
das doenças profissionais.
Como visto em se tratando dessas
sindromes a palavra de ordem é prevenção, para isso torna-se necessário a
interveção de equipes multidiciplinares, com a associação de diversas áreas de
conhecimento científico, com a união de esforços, onde as equipes são formadas
por médicos, fisioterapeutas, professores de educação física, psicólogos,
engenheiros e arquitetos entre outros, cada profissional com uma frente de ação
no combate das D.O .R.T s e suas graves conseqüências, se a palavra é prevenção,
vamos aqui citar alguns procedimentos para evitar a progressão dessas sindromes.
Em primeiro lugar a responsabilidade tem
de ser dividida em duas frentes, uma quanto iniciativas institucionais e a outra
pelo funcionário que tem de contribuir com a prevenção e manutenção de sua
própria saúde.
A - Quanto iniciativas
institucionais :
Intervenções
Ergonomicas em mobiliários, equipamentos e instalações, para evitar
desgastes desnecessários e o uso incorreto das estruturas orgânicas do
corpo humano.
Controle
de variáveis como temperatura, iluminação, qualidade do ar, umidade e
ruído sonoros.
Políticas
educativas e de prevenção, cursos, palestras e murais informativos.
Procedimentos
operacionais como controle do número de horas extras, evitar dobra de
turnos, definição de rodízio de funções e instauração de pausas nas
rotinas e postos de trabalho.
Introduzir
exercícios laborativos e incentivar o combate ao sedentarismo, bem como
estimular o espírito de equipe e a integração dos funcionários.
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B - Quanto aos Funcionários :
Procurar
atendimento especializado no início dos processos inflamatórios
Maior
preocupação com hábitos de vida como dieta balanceada, pratica de
exercícios regulares e sono adequado.
Exigência
de melhores condições de trabalho como ambiente ergonomicamente correto e
evitar excesso e desgastes desnescessários nas atividades laborativas.
Procurar
atitudes mais positivas e evitar alterações de humor e comportamentos
estressantes .
Adaptar-se
em novas funções ou postos de trabalho. |
Uma observação quanto a implantação das
prevenções acima descritas geralmente sofrem certa restrição na sociedade
capitalista pelo custo em sua operacionalização, mas em países como o Japão,
onde empresas investiram em sua principal fonte de produção, o ser humano, o que
se justificou pelo seguinte raciocínio, uma máquina pode ser construída em
poucas horas, mas o homem leva anos para ser formado e treinado. e com a
aplicação nesse segmento da cadeia de produção as empresas japonesas comprovaram
que o investimento feito em sua mão de obra teve como retorno:
1 - Aumento na produção
2 - Redução das doenças
profissionais
3 - Uma economia de três dolares,
para cada dolar gasto em programas de prevenção. |
E por último, deve ser ressaltado o
combate dessas doenças através de programas preventivos, com a finalidade de
informa e esclarecer os sintomas e os motivos causais, para que as doenças possa
ser minimizadas ou evitadas em seu início, equacionando um doloroso problema.
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