Ovários Policísticos
A Síndrome de Ovários Policísticos (SOP) foi descrita
pela primeira vez em 1935 por Stein e Leventhal na Rush University em Chicago, Estados
Unidos. Eles descreveram 7 pacientes com história de amenorréia, hirsutismo, ovários
policísticos e obesidade (em 4 delas). A SOP é uma síndrome muito comum, afeta em cerca
de 5 a 10% da população feminina. É caracterizada por irregularidade menstrual
(oligomenorréia ou amenorréia) após puberdade normal, hirsutismo, obesidade (35 a 60%
dos casos), acne e acantose nigrans como sendo as manifestações clínicas mais
observadas em pacientes com SOP. O achado ao ultra-som de ovários policísticos é muito
questionável como sendo um critério diagnóstico, pois cerca de 8 a 25% de mulheres
normais podem apresentar ovários policísticos ao ultra-som.
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O estado constante de amenorréia
ou oligomenorréia, devido a anovulação, irá promover um desarranjo no padrão
endócrino da paciente com SOP. Observa-se um nível sérico anormal de gonadotrofinas
(relação LH/FSH > 1,5), elevação dos hormônios androgênios (testosterona,
androstenediona, DHEA, S-DHEA), diminuição das SHBG, elevação dos níveis de insulina
(resistência à insulina) e elevação de PAI-1. |
Atualmente a teoria mais aceita na fisiopatologia da SOP é
uma resistência periférica a insulina, ao nível de receptor, levando a uma
hiperinsulinemia. Essa mesma falha no receptor para insulina ao nível adrenal propicia
uma maior produção de DHEA e SDHEA e ao nível ovariano leva a um aumento na produção
de androstenediona e testosterona.
Trabalhos mostram relação da SOP como causa de
infertilidade, devido a constante anovulação. Entre pacientes com SOP que conseguem
ovular e engravidar se observa uma maior taxa de aborto espontâneo. Em torno de 44% das
gestações em pacientes com SOP irão evoluir para aborto espontâneo, segundo trabalhos
recentes. Esses mesmos estudos mostram uma redução nessa taxa de aborto para cerca de
5%, quando a paciente esta utilizando medicação para controle da resistência a
insulina.
Os fatores que levariam a uma taxa elevada de aborto entre
essas pacientes talvez sejam: níveis elevados de PAI-Fx, testosterona, androstenediona,
SDHEA ou LH ou então baixos níveis de progesterona. Drogas que diminuem a resistência
à insulina estariam também melhorando o padrão hormonal da paciente. Recentemente, tem
se relatado uma maior prevalência de uma mutação no gene que codifica o PAI-1 entre as
pacientes com SOP, e talvez esteja envolvido na etiologia do aborto.
A hiperinsulinemia e o hiperandrogenismo observados na SOP
promovem danos não só na área ginecológica, estão relacionados também com: maior
incidência de HAS, dislipidemias, obesidade e distúrbios na coagulação. O tratamento
em geral deve visar a diminuição da resistência periférica a insulina e ser
individualizado de acordo com a queixa da paciente.
CONSEQUÊNCIAS DE ANOVULAÇÃO
PERSISTENTE
1) Infertilidade.
2) Alteração menstrual.
3) Hirsutismo, alopécia e acne.
4) Aumento do risco de câncer de endométrio (3 vezes mais) e talvez aumento do risco de
câncer de mama.
5) Aumento do risco de doenças cardiovasculares.
6) Aumento do risco de Diabetes.
OBJETIVOS DO
TRATAMENTO
1) Reduzir a produção e circulação de
hormônios androgênios.
2) Proteger o endométrio dos efeitos de uma exposição constante de estrógenos.
3) Oferecer um suporte para melhora do estilo de vida, com peso ideal.
4) Diminuir o risco para doenças cardiovasculares.
5) Evitar os efeitos de hiperinsulinemia para o organismo (doenças cardiovasculares e
diabetes).
6) Indução de ovulação para alcançar a gravidez, e mantê-la.
Autor: Dr. Marcelo Cavalvante
Ginecologia-Obstetrícia
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