Nutrição Excessos de suplementos protéicos são questionados
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As últimas décadas o
hábito de praticar atividades físicas como, por exemplo, musculação, consolidou-se em
boa parte da população. A procura por academia tem aumentado a cada dia e,
paralelamente, cresceu o mercado dos suplementos nutricionais. O consumo desses produtos
é cada vez maior por aqueles que desejam construir um corpo esculpido por músculos. |
Entretanto, a eficácia de alguns
suplementos ainda é questionada por vários pesquisadores e, quando se trata de
suplementos protéicos ou de aminoácidos a dúvida a respeito de sua contribuição para
o aumento da massa muscular é uma incógnita para os estudiosos.
Em muitos casos os excessos de proteínas
são transformados em gordura e, posteriormente, armazenados no tecido adiposo (McArdle,
1998; Devlin, 1998; RDA, 1989, Marzzoco, 1990). Além disso, o sistema renal
é exigido aquém de suas necessidades rotineiras para metabolizar todo esse aporte
protéico, podendo resultar em patologias crônicas (Guyton, 1996). Atenção
especial para as mulheres que fazem uso de suplementos protéicos, pois os excessos de
proteínas aumentam a excreção de Cálcio (Ca+2), contribuindo para a osteoporose (Clarkson,
1998).
Segundo a RDA (1989), não é necessário
nenhum acréscimo na ingestão de proteína quando a dieta esta equilibrada
energeticamente. A dieta habitual da grande maioria das pessoas certamente é capaz de
suprir as necessidades diárias de proteína, mesmo que o indivíduo pratique alguma
atividade física com fins de aumento de força ou hipertrofia muscular, pois "O
consenso determina que as pessoas fisicamente ativas não necessitam de nutrientes
adicionais além daqueles obtidos em uma dieta balanceada" (McArdle, 1998; Lemon,
1996; Lemon 2000). Além disso, ainda não existem comprovações de que aumentos
significativos nas quantidades de proteínas ingeridas possam aprimorar de maneira
significativa a força e hipertrofia muscular.
Suplementos de proteína não são
necessários para indivíduos que desejam hipertrofia muscular, pois a quantidade de 1,4 a
1,8 g/Kg/dia, já superior a recomendada pela RDA, pode ser alcançada facilmente através
da dieta (Clarkson, 1998, Lemon 1996). Caso a dieta do indivíduo seja bem
diversificada, com alimentos ricos em proteína de boa qualidade, como carne vermelha,
peixes, frango, ovos, leite e derivados, a suplementação protéica não torna-se
necessária (Lemon, 2000).
Se os excessos de proteína adquiridos
através da dieta ou mesmo com a utilização de suplementos fossem utilizados para a
síntese de massa muscular, verificaríamos a existência de indivíduos cada vez mais
musculosos. O aumento da massa magra (músculo) seria cada vez maior, fato este que ainda
não encontramos em humanos. Portanto, o aumento da ingestão protéica acima das
recomendações já estabelecidas, certamente não possui benefícios para o atleta de
musculação no que diz respeito à hipertrofia muscular (McArdle, 1998; Devlin,
1998; Wolinsky, 1996; Maughan, 2000).
Por fim, não há dúvida alguma acerca
da importância da nutrição para a atividade física, entretanto, pode-se dizer que os
progressos e o bom desempenho durante o treinamento apoiam-se em um tripé, compreendendo
além da nutrição adequada, um bom programa de treinamento e tempo suficiente e adequado
de recuperação. Muito caminho ainda existe pela frente a respeito das maravilhas que
este tripé é capaz de realizar em nosso organismo. A cada dia novas teorias são
descobertas e velhos conceitos deixam de ser utilizados. Quem sabe num futuro bem próximo
toda nossa alimentação não estará presente dentro de uma cápsula? Você substituiria
uma suculenta pizza por uma minúscula cápsula de plástico? Portanto, prepare-se para
deixar aquele balde de proteína encostado na prateleira. Cabe a você se cuidar a partir
de hoje para poder conferir os avanços da nutrição. A escolha é sua!
Felipe Marangon
CREF-7 0869- DF
felipemarangon@terra.com.br
Graduado em Educação Física - UCB
1998;
Graduado como PROFISSIONAl pela International School of Sports Nutrition and Human
Performance 1998;
Graduando em Nutrição - UCB
Pós Graduado em Fisiologia do Exercício - UnB 2001;
Pós Graduando em Nutrição para o Fitness e o Alto Rendimento - UniFOA;
Professor Docente da disciplina Nutrição Aplicada na Saúde e na Doença do Curso de
Pós Graduação Latu-Sensu de PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA GRUPOS ESPECIAIS -
UniFOA
Professor de Musculação da Academia Companhia Athletica - Unidade Brasília, desde
Março/2002;
Palestrante do Programa de Atividades Físicas para Gestantes da Companhia Athletica -
Brasília, no tema Nutrição na Gestação e Pós-Parto.
Referência Bibliográficas:
MCARDLE, Willian D., KATCH, Frank I., KATCH, Victor L. Fisiologia
do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 4 ed. Rio de Janeiro :
Guanabara Koogan, 1998.
WOLINSKY, Ira, HICKSON JR, James F. Nutrição no Exercício e
no Esporte. 2 ed. São Paulo : Roca, 1996.
Food and Nutrition Board, National Research Council, National
Academy of Sciences. Recommended Dietary Allowances - RDA, 10th ed. Washington, DC,
Natonal Academy Press, 1989.
MARZZOCO, Anita, TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica.
Rio de Janeiro : Guanabara Koogan S.A., 1990.
DEVLIN, Thomas M.. Manual de Bioquímica com Correlações
Clínicas. Editora Edgard Blucher, São Paulo, 1998
GUYTON, Arthur C.. Tratado de Fisiologia Médica. 9 ed :
Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1996
CLARKSON, Priscilla M.. Nutritional Supplements For Weight Gain.
SSE#68, Volume 11, Number 1, 1998
LEMON, P. W. R. Beyond the zone: Protein Needs os Active
Individuals. Journal os the American College of Nutrition, Vol 19, nº 5, 513S - 521S,
2000
LEMON P. W. R. Is Increased Dietary Protein Necessary or
Beneficial for Individuals with a Physically Active Lifestyle? Nutrition Reviwes, Vol
54, nº 4, 1996
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