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Febre Tifóide

1. Aspectos Clínicos

Descrição: a sintomatologia clínica clássica consiste em febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, bradicardia relativa (dissociação pulso-temperatura), esplenomegalia, manchas rosadas no tronco (roséola tífica), obstipação intestinal ou diarréia e tosse seca. Atualmente, o quadro clássico completo é de observação rara, sendo mais freqüente um quadro em que a febre é a manifestação mais expressiva, acompanhada por alguns dos demais sinais e sintomas citados anteriormente. Nas crianças, o quadro clínico é mais benigno do que nos adultos, e a diarréia é mais freqüente.

Como a doença tem uma evolução gradual (embora seja uma doença aguda), a pessoa afetada é muitas vezes medicada com antimicrobianos, simplesmente por estar apresentando uma febre de etiologia não conhecida. Dessa forma, o quadro clínico não se apresenta claro e a doença deixa de ser diagnosticada precocemente. A salmonelose septicêmica é uma síndrome em cuja etiologia está implicada a associação de salmonelose com espécies de Schistosoma (no Brasil o Schistosoma mansoni). Nessa condição, o quadro clínico se caracteriza por febre prolongada (vários meses), acompanhada de sudorese e calafrios. Observa-se ainda anorexia, perda de peso, palpitações, epistaxis, episódios freqüentes ou esporádicos de diarréia, aumento do volume abdominal, edema dos membros inferiores, palidez, manchas hemorrágicas, hepatoesplenomegalia. Só eventualmente a salmonelose septicêmica prolongada é causada pela Salmonella typhi.

Diagnóstico Diferencial: é uma doença semelhante a várias outras entéricas, de diversas etiologias, por exemplo, Salmonella paratyphi A, B, C. Também a Yersinia enterocolítica pode produzir uma enterite com febre, diarréia, vômito, dor abdominal e adenite mesentérica. Há, também, outras doenças que apresentam febre prolongada e que devem ser consideradas, tais como: pneumo- nias, tuberculoses (pulmonar, miliar, intestinal, meningoencefalite e peritonite) meningoencefalites, septicemia por agentes piogênicos, colecistite aguda, periotonite bacteriana, forma toxêmica de esquistossomose mansônica, mononucleose infecciosa, febre reumática, doença de Hodgkin, abscesso hepático, abscesso subfrenico, apendicite aguda, infecção do trato urinário, leptospirose, malária, toxoplasmose, tripanossoniase, endocardite bacteriana.

Salmonelose e infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV): Bacteriemia recorrente por Salmonella é uma das condições clínicas consideradas pelo Ministério da Saúde como marcadora de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) em indivíduos HIV positivos. Em regiões onde a Salmonella typhi é endêmica, a incidência de febre tifóide pode ser de 25 a 60 vezes maior entre indivíduos HIV positivos que em soronegativos. Indivíduos HIV positivos assintomáticos podem apresentar doença semelhante ao imunocompetente e boa resposta ao tratamento usual. Doentes com AIDS (doença definida), podem apresentar febre tifóide particularmente grave e com tendência a recaídas.

Complicações: a hemorragia intestinal é a principal complicação, causada pela ulceração das placas de Peyer, que, em condições pouco freqüentes, leva à perfuração intestinal. Podem surgir complicações em qualquer órgão devido à evolução da febre tifóide com bacteremia. Outras complicações menos freqüentes são retenção urinária, pneumonia, colecistite.

Tratamento Específico para tratamento dos doentes: O tratamento é sempre ambulatorial. Só excepcionalmente, quando o estado do paciente está muito comprometido, indica-se a internação.

CLORANFENICOL.

AMPICILINA.

SULFAMETOXAZOL + TRIMETOPRIMA.

AMOXICILINA.

QUINOLONAS: Há pelo menos duas quinolonas com eficácia comprovada contra a Salmonella typhi. A ciprofloxacina e a ofloxacina. São drogas eficazes e pouco tóxicas, tendo como principal desvantagem a contra-indicação de sua utilização em crianças e gestantes e como fator limitante do seu uso o preço elevado. Em nosso País estão particularmente indicadas para os casos de resistência bacteriana comprovada aos antimicrobianos tradicionalmente utilizados. Provavelmente são as melhores opções para os portadores de HIV ou AIDS.

CEFTRIAXONA: Trata-se de droga que tem boa atividade contra Salmonella typhi constituíndo-se outra alternativa ao tratamento.

De modo geral, o tratamento antiesquistossomótico, ao erradicar a helmintíase, faz cessar a septicemia e promove a cura da salmonelose.

Tratamento de suporte:

A febre, a desidratação e o estado geral do doente devem ser observados, investigados e tratados. Não devem ser usados medicamentos obstipantes ou laxantes.

São recomendados repouso e dieta conforme aceitação do doente, evitando os alimentos hiperlipídicos ou hipercalóricos;

Nos casos graves devem haver vigilância constante e acesso venoso disponível visando tratamento adequado de desequilíbrios hidrossalinos e calóricos;

Controle da curva térmica (importante parâmetro clínico de melhora do doente e referência para o tempo de tratamento)

Cuidados de higiene.

Tratamento das complicações digestivas graves:

Hemorragias:

  • Dispor de uma veia calibrosa para reposição rápida de volemia e administração de hemoderivados caso necessário;
  • manter dieta zero até estabilização do quadro e/ou término da hemorragia;
  • Reavaliar freqüentemente o doente, visando a manutenção da estabilidade hemodinâmica;
  • caso a enterorragia seja maciça e haja dificuldade em controlá-la clinicamente, poderá haver necessidade de cirurgia para a ressecção do segmento ulcerado.

Perfuração intestinal:

  • Uma vez feito o diagnóstico de perfuração, há que se indicar a cirurgia imediatamente.
  • Manter dieta zero.
  • Instalar sonda nasogástrica.
  • Repor fluidos, corrigir distúrbios ácido-básicos e, se necessário, administrar hemoderivados.

2. Aspectos Epidemiológicos

A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda, de distribuição mundial, associada a baixos níveis sócio-econômicos, relacionando-se, principalmente, com precárias condições de saneamento, higiene pessoal e ambiental. Foi praticamente eliminada em países onde estes problemas foram superados, mas persiste no Brasil de forma endêmica, com superposição de epidemias, especialmente no Norte e Nordeste, refletindo as condições de vida dessas regiões.

Agente Etiológico: uma bactéria gram-negativa: Salmonella typhi, da família Enterobacteriaceae.

Reservatório: o homem (doente ou portador). Modo de Transmissão: A transmissão se dá principalmente de forma indireta através de água e alimentos, em especial o leite e derivados, contaminados com fezes ou urina de paciente ou portador. A contaminação de alimentos verifica-se geralmente por manipulação de alimentos feita por portadores ou oligossintomáticos, sendo por isso a febre tifóide conhecida como a doença das mãos sujas.Raramente as moscas participam da transmissão. O congelamento não destrói a bactéria, sendo que sorvetes, por exemplo, podem ser veículos de transmissão. Todavia, só uma grande concentração de bactérias é que determinará a possibilidade de infecção. Por isso não se costuma verificar surtos de febre tifóide após enchentes, quando provavelmente há maior diluição de bactérias no meio hídrico, com menor possibilidade de ingestão de salmonelas em número suficiente para causar a doença. A carga bacteriana infectante, experimentalmente estimada, é 106 a 109 bactérias ingeridas. Infecções subclínicas podem ocorrer com a ingestão de um número bem menor de bactérias.

Tempo de Sobrevida do Agente nos Diferentes Meios, Particularmente nos Alimentos:

Água: varia, consideravelmente, com a temperatura (temperaturas mais baixas levam a uma maior sobrevida), com a quantidade de oxigênio disponível (as salmonelas sobrevivem melhor em meio rico em oxigênio), e com o material orgânico disponível (águas poluídas, mas não tanto a ponto de consumir todo oxigênio, são melhores para a sobrevida do agente). Em condições ótimas, a sobrevida nunca ultrapassa de 3 a 4 semanas.

Esgoto: em condições experimentais, quase 40 dias.

Água do Mar: não é um bom meio. Para haver o encontro de salmonela na água do mar é necessário uma altíssima contaminação. Ostras, Mariscos e Outros Moluscos: sobrevida demonstrada de até 4 semanas.

Leite, Creme e Outros Laticínios: constituem um excelente meio, chegando a perdurar até por 2 meses na manteiga, por exemplo.

Carnes e Enlatados: são raros os casos adquiridos através destes alimentos, provavelmente porque o processo de preparo dos mesmos é suficiente para eliminar a salmonela. Mas, uma vez preparada a carne ou aberta a lata, a sobrevida do agente é maior do que a vida útil destes alimentos.

Obs.: ostras e outros moluscos, assim como leite e derivados, são os principais alimentos responsáveis pela transmissão da febre tifóide. Praticamente todos os alimentos, quando manipulados por portadores, podem veicular a Salmonella typhi inclusive havendo registro de transmissão por suco de laranja.

Período de Incubação: depende da dose infectante. É comumente de 1 a 3 semanas (2 semanas em média).

Período de Transmissibilidade: a transmissibilidade se mantém enquanto existirem bacilos sendo eliminados nas fezes ou urina, o que ocorre geralmente, desde a primeira semana da doença até o fim da convalescença. A transmissão após essa fase dá-se por períodos variáveis, dependendo de cada situação. Sabe-se que cerca de 10% dos pacientes continuam eliminando bacilos durante até 3 meses após o início da doença. A existência de portadores é de extrema importância na epidemiologia da doença: 2 a 5% dos pacientes após a cura se transformam em portadores (geralmente mulheres adultas). Tanto em doentes quanto em portadores, a eliminação da Salmonella typhi costuma ser intermitente.

Portadores: indivíduos que, após enfermidade clínica ou sub-clínica, continuam eliminando bacilos por vários meses. São de particular importância para a vigilância epidemiológica porque mantêm a endemia e dão origem a surtos epidêmicos. 1. Suscetibilidade e Imunidade: a suscetibilidade é geral, e é maior nos indivíduos com acloridria gástrica. A imunidade adquirida após a infecção ou vacinação não é definitiva.

Distribuição, Morbidade, Mortalidade e Letalidade: a doença não apresenta alterações cíclicas ou de sazonalidade que tenham importância prática. Não existe uma distribuição geográfica especial. A ocorrência da doença está diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos individuais. Estão mais sujeitas à infecção as pessoas que habitam ou trabalham em ambientes com precárias condições de saneamento.

A doença acomete com maior freqüência a faixa etária entre 15 e 45 anos de idade em áreas endêmicas. A taxa de ataque diminui com a idade. Observando-se o comportamento da febre tifóide no Brasil nas últimas décadas, constata-se uma tendência de declínio nos coeficientes de incidência, mortalidade e letalidade. Estes indicadores apresentam importantes variações quando analisados por regiões e unidades da federação. As regiões Norte e Nordeste registram sempre números mais elevados devido à precariedade de suas condições sanitárias, onde menos de 50% de sua população dispõe de algum tipo de abastecimento de água.

Por outro lado o Nordeste, em 1988, apresentou o menor coeficiente de letalidade (1,4%), em relação às demais regiões (Norte 52%, Sudeste 5,2%, Sul 2,5%, Centro Oeste 8,3%), reflexo de um importante sub-registro de óbitos. Chamamos a atenção para que os dados de morbi-mortalidade da febre tifóide sejam vistos com cautela quanto à sua representatividade e fidedignidade devido às seguintes razões:

20% do total dos óbitos no Brasil têm causa básica ignorada;
dificuldades quanto ao diagnóstico laboratorial necessário para a identificação do agente etiológico;
precariedades do sistema de informação - comparando os dados de febre tifóide de fontes distintas, observa-se disparidade entre as mesmas.

3. Diagnóstico Laboratorial

O diagnóstico de laboratório da febre tifóide baseia-se, primordialmente, no isolamento e identificação do agente etiológico, nas diferentes fases clínicas, a partir do sangue (hemocultura), fezes (coprocultura), aspirado medular (mielocultura) e urina (urocultura).

Hemocultura: apresenta maior positividade nas duas semanas iniciais da doença (75% aproximadamente), devendo o sangue ser colhido, de preferência, antes que o paciente tenha tomado antibiótico. Por punção venosa, através de seringa, deve ser colhido 3 a 5ml de sangue (crianças), ou 5 a 10 ml (adultos) e em seguida transferido-o para frasco contendo meio de cultura (caldo biliado). Recomenda-se a colheita de 2 a 3 amostras, não havendo necessidade de intervalos maiores que 30 minutos entre as mesmas. Não é recomendada a refrigeração após a introdução do sangue no meio de cultura. O sangue também poderá ser colhido e transportado ao laboratório em tubos ou frascos sem anticoagulante e à temperatura ambiente.

Coprocultura: a pesquisa da Salmonella typhi nas fezes é indicada a partir da segunda até a quinta semana da doença, assim como no estágio de convalescença e na pesquisa de portadores. Em princípio, salienta-se que o sucesso do isolamento de salmonelas está na dependência direta de uma colheita e da conservação correta das fezes até a execução das atividades laboratoriais. Assim, quando colhidas "in natura", devem ser remetidas ao laboratório num prazo máximo de 2 horas, em temperatura ambiente, ou 6 horas, sob refrigeração. Nos locais onde não existem facilidades para remessa imediata, utilizar as soluções preservadoras, como a fórmula de Teague-Clurman. Nesse caso, o material pode ser enviado ao laboratório até o prazo de 48 horas, quando mantido à temperatura ambiente, ou 96 horas, desde que conservado e transportado sob refrigeração (4 a 8ºC) também pode ser usado meio de transporte Cary Blair. No estado de convalescença é indicada a coleta de amostras do material com intervalos de 24 horas. No caso de portadores assintomáticos, particularmente aqueles envolvidos na manipulação de alimentos, recomenda-se a coleta de 7 amostras seqüenciadas.

Mielocultura: trata-se do exame mais sensível (90% de sensibilidade). Tem também a vantagem de se apresentar positiva mesmo na vigência de antibioticoterapia prévia. As desvantagens são: o desconforto para o doente e a necessidade de pessoal médico com treinamento específico para o procedimento de punção medular. Apesar da sua grande sensibilidade, a dificuldade na operacionalização limita a ampla disseminação de seu uso em nosso país. O sangue aspirado da punção medular, é semeado logo em seguida em ágar sulfato de bismuto (Wilson e Blair ou Hektoen) diretamente na placa de Petri.

Urocultura: valor diagnóstico limitado, com positividade máxima na terceira semana de doença.

Reação de Widal: embora ainda muito utilizada em nosso meio, é passível de inúmeras críticas quanto à sua padronização, cepa de Salmonella envolvida e possível interferência de vacinação prévia. Atualmente não se indica para fins de vigilância epidemiológica já que não é suficiente para confirmar ou descartar um caso. Obs.. Há várias técnicas em pesquisa atualmente para tornar o diagnóstico mais rápido, fácil e preciso. A reação de fixação em superfície, Contraimunoeletroforese (CIEF) Enzimaimunoensaio (ELISA) e Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), são algumas destas técnicas. Nenhuma delas encontra-se ainda amplamente disponível em nosso meio.

4. Medidas de Controle

A conduta a ser tomada está na dependência dos resultados da investigação epidemiológica no que se refere à identificação das prováveis fontes de infecção e ao modo de transmissão da doença.

Medidas referentes aos doentes:

o isolamento não deve ser feito;

destino adequado dos dejetos;

desinfecção dos objetos que estiveram em contato com excretas: penicos, vasos com solução de hipoclorito de sódio a 10%, após a limpeza dos mesmos com água e sabão, uma vez que a presença de matéria orgânica altera a atividade do desinfetante;

tratamento adequado.

outros cuidados:

  • o paciente deve afastar-se da manipulação de alimentos;
  • orientações sobre medidas de higiene, principalmente em relação à limpeza rigorosa das mãos.

Medidas Referentes aos Portadores: na prática é muito difícil a identificação e, conseqüentemente, a sua eliminação na comunidade, apesar de sua reconhecida importância na manutenção do ciclo de transmissão da doença. A pesquisa de portadores é feita através da realização de coproculturas, em número de 7, em dias seqüenciais. Essa pesquisa está indicada nas seguintes situações:

comunicantes que possam constituir perigo para a comunidade (ex. indivíduos que manipulam alimentos em creches, hospitais, etc.);

em coletividades fechadas (asilos, hospitais psiquiátricos, presídios) quando houver casos de febre tifóide entre as pessoas que freqüentam essas instituições. Quando for identificado um portador, proceder:

ao tratamento (ver item);

às orientações quanto ao destino adequado dos dejetos e higiene pessoal. A busca de portadores somente deve ser feita no caso de surtos ou epidemias de transmissão por alimentos. Recomenda-se que seja aceita como eliminada a condição de portador quando resultarem negativos três coproculturas colhidas em meses consecutivos.

Medidas de Saneamento: sendo a febre tifóide uma doença de veiculação hídrica, seu controle está intimamente relacionado ao desenvolvimento de adequado sistema de saneamento básico, principalmente de fornecimento de água em quantidade suficiente, de boa qualidade e, a adequada manipulação dos alimentos. Não havendo rede pública de água e esgoto, a população deve ser orientada sobre como proceder em relação ao abastecimento de água e destino de dejetos.

Sistema Público de Abastecimento de Água:

Caso não haja desinfecção do sistema, proceder a sua imediata implantação, mantendo a dosagem mínima de cloro residual livre nas pontas da rede de distribuição em 0,2 mg/l;

Realizar a limpeza e desinfecção dos reservatórios de distribuição, sempre que necessário;

Manter pressão positiva na rede;

Reparar possíveis pontos de contaminação (rachaduras, canalizações abertas, etc);

Realizar periodicamente análise bacteriológica da água.

Sistema Individual de Abastecimento de Água (poços, cisternas, minas, etc.):

Proceder à limpeza e desinfecção do sistema, instalando a desinfecção da água.

Proteger sanitariamente essas fontes de abastecimento de água. Medidas gerais:

Proceder à limpeza e desinfecção periódica das caixas de água de instituições públicas (escolas, creches, hospitais, centros de saúde, asilos, presídios, etc), a cada seis meses, ou com intervalo menor, se necessário.

Orientar a população para proceder à limpeza e desinfecção das caixas de água domiciliares, a cada seis meses, ou com intervalo menor, se necessário.

Em locais onde a água for considerada suspeita, orientar a população para ferver ou clorar a água.

Medidas referentes aos dejetos:

Proceder à limpeza e reparo de fossas, se necessário.

Orientar a população quanto ao uso correto de fossas sépticas e poços absorventes, em locais providos de rede de água.

Medidas referentes aos alimentos: Os alimentos desempenham papel relevante na qualidade de vida das populações em função da sua disponibilidade, acessibilidade, qualidade sanitária e nutricional, condições fundamentais para a promoção e proteção da saúde. Os alimentos contaminados por microorganismos patogênicos têm se apresentado como fontes importantes de agravos ao organismo humano, tornando-se imprescindível a implantação ou implementação pelas autoridades sanitárias de nível local, das atividades de vigilância sanitária, em especial aquelas voltadas para a produção e comércio de alimentos, de modo que efetive a prevenção e o controle de doenças transmitidas por veiculação alimentar ou hídrica como é o caso da febre tifóide.

Integrada ao grupo que desenvolve a vigilância epidemiológica e à frente de um caso suspeito ou confirmado de transmissão de febre tifóide por alimentos, a equipe de vigilância sanitária deverá ter como meta prioritária a eliminação ou a redução dos riscos à saúde, intervindo até mesmo se necessário, nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente e da prestação de serviços que tenham interface com a contaminação do alimento causador da doença. São várias as possibilidades de um alimento se contaminar com agente etiológico da febre tifóide, uma delas poderá ocorrer a partir da própria origem do alimento ou do seu próprio sítio de produção, como é o caso de ostras ou mexilhões contaminados com Salmonella typhi em função de seus habitat aquáticos estarem contaminados.

Outras fontes de contaminação que devem ser consideradas são aquelas que poderão ocorrer a partir da manipulação de alimentos por pessoas doentes e com hábitos de higiene deficientes, ou até mesmo do uso de água contaminada durante o preparo dos alimentos. A ocorrência de febre tifóide transmitida por alimentos se manifesta em geral quando nos mesmos encontramos bactérias em quantidade suficientes para sobreviverem aos processos a que são submetidos quando de sua produção. À concentração de bactérias necessárias para causar a doença denominamos de Dose Infectante Mínima (D.I.M.) e nesse particular a Salmonella typhi inclui-se no grupo das bactérias que necessitam de D.I.M. considerada baixa para produzir a doença ou seja 102/ml.

Alguns tipos de alimentos possuem fatores intrínsecos, sejam características físicas, químicas e biológicas que influenciam de modo significativo na morte, proliferação e até mesmo na sobrevivência do agente etiológico da febre tifóide. Podemos citar, como exemplo, que o crescimento bacteriano da Salmonella typhi acontece na faixa de pH 4,5 a 7,8 e que alguns tipos de alimentos tais como leite, manteiga, queijo e pescado possuem naturalmente pH nas faixas de: 6,5 - 6,7, 6,1 - 6,4, 4,9 - 5,9 e 6,6 - 6,8 respectivamente.

Ressaltamos que fatores extrínsecos aos alimentos com destaque para aqueles relacionados com o meio ambiente tais como temperatura e umidade existentes nos sítios de conservação, armazenamento, produção, comercialização e consumo dos alimentos também interferem de modo significativo no crescimento e viabilidade das Salmonella typhi. Alimentos tais como leite e seus derivados, ostras, mariscos e mexilhões recebem destaque da literatura como sendo os principais responsáveis pela transmissão da doença, entretanto deve ficar claro que outros alimentos desde que contaminados e possuidores de características intrínsecas que favoreçam a sobrevivência e proliferação da Salmonella typhi devem ser considerados quando do desenvolvimento das ações de vigilância epidemiológica.

Alimentos segundo risco:

Alimentos de alto risco: Leite cru, moluscos, mexilhões, ostras, pescados crus, hortaliças, legumes e frutas não lavadas.

Alimentos de médio risco: Alimentos intensamente manipulados logo após o cozimento ou requentados e massas.

Alimentos de baixo risco: Alimentos cozidos que são consumidos imediatamente, verduras fervidas, alimentos secos e carnes cozidas ou assadas. Alguns procedimentos devem ser adotados de modo a evitar-se a doença a partir da ingestão de alimentos contaminados, dentre as quais destacamos:

  • a origem da matéria prima ou do produto alimentar, datas de produção e validade devem ser conhecidas;
  • o armazenamento do alimento deve ocorrer em condições que lhe confira proteção contra a sua contaminação e reduza, ao mínimo, a incidência de danos e deteriorização;
  • sua manipulação deve ocorrer em ambientes higienicamente saudáveis e por indivíduos possuidores de bons hábitos de higiene e que não estejam portanto com doença infecto-contagiosa;
  • seu preparo deverá envolver processos e condições que excluam toda e qualquer possibilidade da presença de Salmonella typhi no alimento pronto para consumo. Os utensílios e equipamentos que interagem com o alimentos devem estar cuidadosamente higienizados de modo a evitar-se a contaminação do produto acabado;
  • a conservação do produto alimentício acabado e pronto para consumo deve ocorrer em ambientes especiais (refrigeração) de modo que sejam mantidas as suas características e não seja facultada a proliferação de microorganismos;
  • o alimento pronto para consumo deverá ser armazenado e transportado em condições tais que excluam a possibilidade de sua contaminação.

Medidas de Educação em Saúde: destacar os hábitos de higiene pessoal, principalmente a lavagem correta das mãos. Este aspecto é fundamental entre pessoas que manipulam alimentos e trabalham na atenção de pacientes e crianças. Observar cuidados na preparação, manipulação, armazenamento e distribuição de alimentos, na pasteurização ou ebulição do leite e produtos lácteos. As moscas podem transportar mecanicamente para os alimentos as bactérias presentes nas dejeções dos doentes e portadores, embora não desempenhem papel importante na propagação da doença. Faz-se necessário proteger os alimentos do seu contato, adotar cuidados com relação ao lixo, telar portas e janelas, etc.

Vacinação: Indicação: a vacina contra a febre tifóide não é a principal arma no controle da doença, que exige a concentração de esforços nas medidas de higiene individual e na melhoria do saneamento básico. A vacina, portanto, não apresenta valor prático para o controle de surtos, não sendo também, recomendada em situações de calamidade. A experiência tem demonstrado que, quanto maior a diluição das salmonelas, menor o risco de adquirir a doença. Esse fato parece estar de acordo com a observação geral de que, embora a febre tifóide seja temida pelas autoridades durante as enchentes, não costuma aparecer surto nessas ocasiões quando, provavelmente, há maior diluição de bactéria no meio hídrico. Além disso, sabe-se que a vacina atualmente disponível não possui um alto poder imunogênico e que esta imunidade é de curta duração, sendo indicada:

para pessoas sujeitas a exposições excepcionais como os trabalhadores que entram em contato com esgotos; para aqueles que ingressem em zonas de alta endemicidade como por ocasião de viagem; e ainda, para quem vive em áreas onde a incidência é comprovadamente alta. Não há indicação para uso sistemático da vacina em populações circunscritas (ex. recrutas). O esquema de vacinação, quando indicado, compreende:

2 doses de 0,5 ml cada uma, via subcutânea, com intervalo de 04 semanas entre as doses. Em menores de 12 anos aplicar metade da dose. A vacina contra a febre tifóide pode ser administrada a partir dos seis meses completos. A revacinação é feita com dose única, administrada após completados 3 anos após a última dose.

Fonte: Funasa

Data da Publicação: 14/06/2002

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