Nas últimas duas
décadas, a osteoporose foi amplamente reconhecida como um importante problema de saúde
pública. Torna-se a doença ósseo-metabólica mais comum, afetando pelo menos 30% de
todas as mulheres na pós-menopausa. Baseando-se em estudos internacionais, estima-se que
até o ano 2000, 15 milhões de brasileiros estejam propensos a desenvolver essa doença,
o que ilustra a importância de se conhecer mais sobre sua prevenção e tratamento.
Nesta parte do trabalho
serão descritos programas desenvolvidos a nível nacional e internacional com o objetivo
de demonstrar a importância da educação em relação à osteoporose a nível escolar
(meninas de 12-19 anos), como forma de prevenção e conscientização (McMurray, 1997).
Além de programas destinados ao currículo escolar médico e emissão de relatos para a
instrução destes clínicos. Pode-se ainda enfatizar um programa voltado à saúde da
mulher que tem por objetivo principal a educação do paciente, incluindo reabilitação
física e administração da dor (Fitzsimmons, 1997).
Exemplos
nacionais
Em Florianópolis, há um programa
destinado à Terceira Idade desenvolvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Este
programa é de fundamental importância à população, pois fornece as informações
necessárias à prevenção e ao tratamento da osteoporose através do auxílio de
profissionais especializados (enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas,
profissionais da área do desporto, entre outros...) mas que não pode prestar plena
assistência em função da falta de incentivo governamental.
Exemplos
internacionais
- Com mais de 250 mil milhões de membros,
a Fundação Nacional de Osteoporose é a única não lucrativa; destacando-se por se
tratar de uma organização voluntária da saúde dedicada a redução da prevalência da
osteoporose através de programas de pesquisa, educação e defesa (www.nof.org/).
- Filadélfia - Programa destinado à
reabilitação física
Há um programa desenvolvido na
Filadélfia (EUA) destinado à reabilitação física de pacientes com osteoporose.
Este é composto por um grupo de profissionais da área da saúde; incluindo médicos,
enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, serviço social e educadores da comunidade
que têm por objetivo educar os pacientes a respeito da duração apropriada, intensidade
e freqüência dos exercícios. Isto é aplicável a pacientes que estão interessados na
prevenção da doença, àqueles que tem algumas fratura e àqueles que sofrem de dor
crônica de uma fratura existente. Algumas formas de exercícios são apropriadas a todos
estes pacientes.
Sabe-se que os exercícios devem ser
realizados com peso objetivando o desenvolvimento da densidade óssea. O impacto dos
exercícios, entretanto, varia de acordo com a densidade óssea de cada pessoa.
Realizou-se um estudo com mulheres que
se exercitaram com peso (bastão) sobre o rádio distal (punho). De fato, pode-se
demonstrar um aumento na densidade óssea do punho com este exercício. A realização de
exercícios com peso é recomendada no mímimo três vezes por semana e preferencialmente
cinco vezes por semana, com duração de 20-30 minutos por sessão de exercício
(Fitzsimmons, 1997).
- Pensilvânia - Programa "Espelho,
espelho meu..."
Pesquisas desenvolvidas pela
Universidade de Purdue sugerem que garotas jovens podem absorver níveis mais elevados de
cálcio do que previamente se suspeitava. Verificou-se que mulheres jovens retêm 4x mais
cálcio do que mulheres um pouco mais velhas, além de apresentarem uma reduzida
excreção de cálcio. Outros fatores de impacto em mulheres jovens que também podem ser
colocados como risco para osteoporose são: falta de exercício, excesso de exercício
apoiados a desordens alimentares ou certos regimes atléticos, além de maus hábitos
alimentares.
A oportunidade de aumentar a massa
óssea através do peso do exercício pode estar reduzida em adolescentes que estão
grudados na TV ou apenas exercitam seus dedos enquanto jogam vídeo game ou computador. As
atletas femininas que puxam peso em demasia podem desenvolver desordens alimentares e
podem ter menstruação irregular.
Desde a descoberta de que mulheres
jovens de 12-19 anos consomem cálcio abaixo do nível recomendado, o Instituto Nacional
de Saúde têm escolhido mulheres desta faixa etária para educação especial. A questão
seria: Como educar estas mulheres sobre a importância de fatores que afetam sua saúde,
quando estas geralmente olham a osteoporose com uma "doença de senhora
velha" e quando, tal como todos os adolescentes, elas têm a sensibilidade de que
isto nunca acontecerá com elas?
Educação de osteoporose para
adolescentes deve estar presente em caminhos que são significativos para seu estágio de
vida. Desta maneira, foi desenvolvido um programa entitulado "Espelho, espelho
meu..." pelo Fundo Nacional de Habitação e Pensão Alimentícia da cidade de
Pensilvânia.
Este integrou-se ao programa de
funcionamento de escolas de nível médio e internatos femininos com idade de 12-19 anos
fornecendo informações sobre a imagem do corpo, alimentação nutritiva e desordens
alimentares.
Educação a respeito do pico de massa
óssea, necessidade de cálcio, exercícios e efeitos da anorexia na massa óssea foram
apresentados durante o programa "Espelho, espelho meu..."
O primeiro tópico apresentado neste
programa foi a influência de fatores nas atitudes sobre o peso. O propósito desta
seção foi de examinar sentimentos e idéias sobre os tipos de corpos e de construir a
auto-estima aumentando o estado de admirável particularidade. A superfície de trabalho
usada foram "grandes figuras"e "pessoas bonitas".
No tópico seguinte foram discutidos os
fatores que afetam o peso dos adolescentes. O propósito desta seção está em ajudar a
construir adolescentes atentos aos perigos da dieta, além de encorajá-los a um estilo de
vida mais ativo. Durante este período foi discutido o efeito que o estrogênio tem no
nosso corpo e a importância de um ciclo menstrual regular para a saúde óssea, além de
ser introduzido o conceito do pico de massa óssea e como o cálcio afeta a durabilidade
óssea. Ainda discutiu-se a questão da importância de comer produtos diários e comida
com alta concentração de cálcio; tão bem como efeitos detrimentais dos ladrões
ósseos como cigarro, comidas salgadas, lanches rápidos, soda e álcoool.
O outro tópico refere-se a normas para
alimentação saudável que ajuda os estudantes a fazer escolhas mais intruídas sobre
comida, além de ajudá-los a avaliar seus hábitos alimentares.
Finalmente, o último tópico refere-se
a desordens alimentares. Esta seção tem por finalidade construir estudantes mais atentos
aos sintomas de desordens alimentares e encorajá-los a prestar ajuda a eles mesmos ou a
um amigo que apresente esta patologia. Foram distribuídos folhetos explicativos
referentes a anorexia e bulimia.
Este é um bom momento para discutir os
efeitos das desordens alimentares na saúde dos ossos, ambos de origem nutricional e do
ponto de vista do exercício (McMurray, 1997)
- Pensilvânia - Cuidados médicos após
fraturas inadequedas
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Em um estudo dirigido na
Universidade da Pensilvânia, pesquisadores determinaram que o cuidado seguinte fornecido
para mulheres que fraturam um osso pode ser incompleto. Investigadores avaliaram registros
médicos e farmacêuticos de aproximadamente 1200 mulheres pós-menopausa que apresentaram
uma fratura de punho. No período de 6 meses após a fratura, apenas 24% do grupo de
estudo obtiveram conhecimento quanto a testes diagnósticos ou tratamento (www.nof.org/).
- Pensilvânia - Exercícios na
adolescência causam impacto na densidade óssea
No estado da Pensilvânia, realiza-se
uma pesquisa envolvendo um estudo de saúde em mulheres jovens através da utilização de
dados longitudinais para determinar como a quantidade de cálcio e a atividade fisica
padrão afetam a densidade óssea em adultos jovens. Foram avaliados por um período de 6
anos os hábitos nutricionais e de exercícios de 81 garotas com idade entre 12-18 anos.
Os investigadores constataram que a participação destas jovens em esportes/exercícios
estava associada com aumento da densidade mineral óssea dos quadris (mas não com a
densidade mineral óssea total do corpo) até os 18 anos. A quantidade de cálcio em
alguns períodos não está associada com os quadris ou com o ganho mineral ósseo total
do corpo aos 18 anos. Os autores concluiram que o exercício regular na adolescência
proporciona um aumento significativo no pico de densidade mineral óssea nos quadris
(www.nof.org/).
- Nova Zelândia - Pesquisa conclui que o
hormônio paratiroideano (PTH) dimimui a perda óssea em mulheres com hiperparatiroidismo.
Pesquisadores na Nova Zelândia lideram
por 2 anos seguintes o estudo de 23 mulheres pós-menopausa com hiperparatiroidismo
primário sendo que 50 mulheres saudáveis foram utilizadas como controle. No grupo com
hiperparatiroidismo, 11 mulheres receberam PTH (625mg de estrogênio conjugado de eqüino
e 5mg de acetato de medroxiprogesterona diário) e 12 receberam placebo. Em quatro anos,
mulheres do grupo PTH tiveram densidade mineral óssea 7-8% mais alta do que aquelas do
grupo placebo.
O grupo placebo experimentou
significantemente mais perda óssea em dois lugares (corpo total e perna) do que os
controles saudáveis. Baseado em seus achados, os autores concluiram que PTH deve ser
considerado para mulheres com hiperparatiroidismo assintomático (www.nof.org).
- O peso do corpo prediz o risco de
fraturas
No estudo de fraturas decorrentes da osteoporose,
pesquisadores investigaram a relação entre tamanho do corpo e risco de fraturas. A
densidade mineral óssea, altura, peso e outra medida de massa corpórea foram obtidos em
mais de 8 mil mulheres com idade mais avançada. Pacientes foram contatados a cada 4 meses
por uma média de 6,4 anos para determinar se uma fratura (exceto a de coluna) tinha
ocorrido.
Investigadores perceberam que em
mulheres mais baixas o risco de fraturas de quadris, pélvis e costela é aumentado.
Porém, o tamanho pequeno do corpo não prediz para fraturas de úmero, cotovelo, punho,
pé ou tornozelo.
Baseado em seus achados, os autores
concluíram que o peso corporal é uma medida útil para avaliar risco de fraturas de
quadris, pélvis e costela quando a densidade mineral óssea não tem sido avaliada. Em
adição, pesquisadores sugeriram que baixo peso corporal deve ser considerado um fator de
risco para estes tipos de fraturas (Anais da medicina interna Vol. 133, No. 2, 123-27;
www.nof.org/).
- Dakota - Variações culturais na
densidade mineral óssea verificada
Pesquisadores examinaram 243 fêmeas de 8 anos
e mais velhos de oito colônias Hutterite no sul de Dakota. Os Hutterites, uma população
auto-suficiente que pratica um estilo de vida comunitário, são conhecidos pela
quantidade de cálcio e elevados níveis de atividade física durante a juventude e vida
adulta. Investigadores avaliaram a densidade mineral óssea de 39 fêmeas em idade escolar
e 204 fêmeas mais velhas (trabalhando). Observaram que 45 % das fêmeas mais velhas e 79%
das fêmeas mais jovens consumiam 3 ou mais que uma porção de produtos diários por dia.
Fêmeas participam na demanda de trabalho físico alternado a partir de 15 anos.
Pesquisadores perceberam que os níveis de atividade física de 15 anos predizeram um
conteúdo ósseo mineral mais forte do que nas fêmeas adultas. Para todas a fêmeas, a
quantidade de densidade mineral aumentou com o aumento da idade, disparando a suspeita de
que a fêmea Hutterites pode não ter o mesmo declínio na massa óssea relacionado à
idade em relação à idade normal da população feminina americana (www.nof.org/).
Autoras: Prof. Claudia
Maria Oliveira Simões, Joseane Ganske de Carvalho e Marcília Baticy Monteiro Morais -
UFSC
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