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Fisiologia do Exercício - Coletânea de citações sobre Limiar

Alguns Trechos da Literatura sobre o limiar anaeróbio:

"À medida em que a atividade torna-se mais intensa, a produção de ácido láctico extrapola a capacidade de metabolização intracelular da fibra, passando a difundir em maior quantidade para o sangue. Essa concentração , atingindo determinados patamares (pela própria limitação da capacidade de metabolização do organismo como um todo), pode diminuir drasticamente a duração da atividade gerando pontos de acúmulo comumente chamados de "limiares". A denominação que recebem dependerá da corrente de autores adotada: podemos encontrá-los na literatura descritos como limiar anaeróbio, limiar de lactato, OBLA ou ainda aeróbio, ..." (Farinati & Monteiro - 1.992)

"... o treinamento pode alterar marcadamente as respostas de produção e remoção de lactato de um grupo muscular face a um trabalho específico, sem que com isso haja reflexos significativos no VO2 máx, mais influenciado por fatores centrais. Pode-se, assim, ter dois indivíduos com a mesma capacidade máxima de consumo de O2 que, trabalhando numa mesma intensidade relativa de consumo tenham concentrações bem diferentes de lactato sanguíneo..."
(Farinati & Monteiro - 1.992)


"... Estudos contemporâneos têm demonstrado que o LA é uma variável mais precisa que o VO2 max, quando se objetiva avaliar a capacidade de rendimento em provas de predominância aeróbia..." (Balakian - 1996)

"Autores têm sugerido que a intensidade de treinamento se baseie na velocidade ou VO2 que coincida com o limiar aeróbio ou com o limiar anaeróbio (KARLSSON & JACOBS, 1982).

"A utilização da intensidade de exercício de recuperação expresso relativamente ao LA, demonstra uma melhor resposta de remoção de lactato em contraste com a intensidade expressa como porcentagem do VO2 max (STAMFORD et alli, 1.981) (Balakian - 1996)

"O sucesso em atividades de endurance dependem do seguinte:

Alto valor de VO2max
Alto Limiar Anaeróbio ou OBLA
Altas economia de Esforço, ou baixo valor de VO2 para uma mesma intensidade de trabalho
Alta percentagem de fibras musculares de contração lenta"
(Wilmore & Costill - 1994) - 113


"O ponto de quebra da Ventilação é o ponto no qual a ventilação aumenta abruptamente, enquanto o consumo de oxigênio não. Este aumento reflete a necessidade de remoção do excesso de Dióxido de Carbono."
(Wilmore & Costill - 1994) - 207

"O limiar anaeróbio pode ser determinado pela identificação do ponto no qual VE/VO2 mostra um aumento enquanto VE/VCO2 se mantém relativamente estável. O Limiar Anaeróbio tem sido usado como uma técnica não Invasiva para estimar limiar de lactato." (Wilmore & Costill - 1994) - 207

"Uma das maneiras de se detectar o limiar anaeróbico consiste, evidentemente, em medir periodicamente o ácido láctico sanguíneo durante exercícios contínuas e progressivamente maiores, como aquelas suportadas numa bicicleta ergométrica ou numa esteira acionada por motor. Entretanto, essa técnica implica na coleta de amostras de sangue, além de exigir um certo tempo para a análise dessas amostras. Uma maneira mais rápida e confortável para se detectar o limiar anaeróbio consiste em observar a ventilação minuto e outras variáveis das trocas gasosas, como a produção de dióxido de carbono, durante um teste de exercício progressivo. Essas variáveis aumentam linearmente, isto é, à semelhança de uma linha reta, com cargas de trabalho cada vez maiores, até se alcançar o limiar Anaeróbio. Nesse ponto, seu ritmo de aumento é grandemente acelerado; isso é mostrado na ... ...Observe como VE e VCO2 começam a subir acentuadamente no limiar anaeróbio. Observe também como essas variações coincidem com o aumento brusco no ácido láctico sanguíneo.
Assim sendo, vemos que a ventilação-minuto é um indicador fidedigno e relativamente fácil de obter o início do metabolismo anaeróbio durante o exercício." (Fox & Mathews - 1986 ) 135


"...a ventilação em intensidade alta de exercício aumenta curvilineamente com o aumento da frequência de trabalho. A intensidade de trabalho (ou intensidade de consumo de oxigênio) em que a resposta respiratória ao exercício gradual primeiro parte da linearidade é o limiar anaeróbio ventilatório (LAV). Embora os mecanismos fisiológicos que norteiam o LAV não estejam completamente compreendidos, LAV geralmente ocorre em uma carga de trabalho que corresponde ao momento em que o ácido láctico começa a se acumular no sangue. O rápido aumento da ventilação ocorre durante um exercício intenso acima do LAV... " (ACSM - 1994) 50

"Para exercícios de intensidade acima do LAV, uma rápida acumulação de ácido láctico no sangue e nos músculos pode impedir uma atividade prolongada. Portanto, os participantes de programas aeróbios de exercícios são condicionados a manter a intensidade de exercício abaixo do LAV." (ACSM - 1994) 51

"Para homens e mulheres, a intensidade do exercício no ponto de IALS constitui um prognosticador constante e poderoso do desempenho no exercício aeróbio. Isso é ilustrado claramente em um estudo de pedestrianistas competitivos. Aí, a velocidade da marcha e o consumo de oxigênio no qual o lactato sanguíneo começava a aumentar evidenciavam uma alta correlação para um desempenho de 20 km. De fato, a velocidade da marcha para o início do acúmulo de lactato no sangue prognosticava o desempenho na competição com uma aproximação de 0,6% do tempo real! Por outro lado, o VO2 max. do indivíduo era um prognosticador precário do desempenho real. ainda mais, modificações no desempenho de endurance com o treinamento costumam estar relacionadas mais intimamente às modificações induzidas pelo treinamento no nível do exercício para IALS do que à mudanças no VO2 máx."
(McArdle & Katch & Katch - 1992) 181

"Embora ainda exista muita polêmica em torno das metodologias e terminologias empregadas para identificar as respostas do lactato durante o exercício progressivo, diferentes estudos têm mostrado que a utilização dos limiares (LL, OPLA, Lan, Obla, IAT e LV), é o índice mais adequado, superando inclusive o VO2max, para a prescrição da intensidade do exercício (a carga se tornando mais relativa à capacidade individual de cada sujeito), controle dos efeitos do treinamento e predição da performance." (Denadai - 1995) 74

"A determinação do limiar anaeróbio através de um método não invasivo torna-se necessária, uma vez que a mensuração do lactato necessita de coletas programadas de sangue arterial ou arterializado." (Baboghluian, Mahseredjian, Sencini & Barros - 1996) 5

"O LA, dentro da história recente da fisiologia do exercício, é considerado polêmico e controvertido, sendo inúmeros os conceitos e critérios para sua determinação, o que tem dificultado sua padronização (Wasserman e cols., 1973; Hagberg e cols., 1982; Beaver e cols., 1986; Gaesser & Poole, 1986; Gomes, 1989).
Entretanto, há algumas razões práticas que justificam sua aferição. De acordo com Shimizu e cols. (1991) alguns fatores são responsáveis pela variabilidade do LA.
Eles verificaram que em 82% dos casos analisados, a variação era devida ao tipo de protocolo utilizado, em 14% aos vários métodos e critérios de determinação e finalmente, em 4% a variabilidade devia-se a experiência dos Especialistas." (Silva, Yasbek Jr., Romano, Cordeiro & Battistella - 1997)

Em experimento realizado pelo Laboratório de Performance Humana da Universidade Estadual de Ball, Muncie, Indiamna, Usa, sob coordenação do Dr. Costill sobre Limiar Anaeróbio verificamos a seguinte afirmação:

"No significant difference was noted between the lactate threshold estimated directly or by the VE (fig. 1)."

"Não foi notada diferença significante entre o Limiar de lactato estimado diretamente ou pela VE"
International Journal Sports Medicine 2 (1981) 139-142

Em experimento realizado no Laboratório de Performance Humana da Universidade da California, Usa, por Davis, Caiozzo, Lamarra, Ellis, Vandagriff, Prietto e McMaster sobre Limiar Anaeróbio - Trocas gasosas e concentrações fixas de Lactato, verificamos a seguinte conclusão:

"In conclusion, we have demonstrated, using our testing format, that the ventilatory and gas exchange alterations that occur at the anaerobic threshold coincide with the systematic increase in blood lactate concentration, and not with absolute blood lactate concentration of 2 or 4 mM."

"Em conclusão, demonstramos, usando nosso formato de teste, que as alterações da ventilação e da troca gasosa que ocorrem no limiar anaeróbio coincidem com o aumento sistemático na concentração do lactato sanguíneo, e não com valores absolutos na concentração de lactato de 2 ou 4 mM." International Journal Sports Medicine 4 (1983) 89-93

Coletânea de citações sobre Limiar:

1 - ARAÚJO, Cláudio Gil Soares de, Leite, Paulo Fernando & Barros, Sérgio Amauri; Fisiologia do Esporte e do Exercício; Health; Belo Horizonte; 1996

Por que o sistema glicogênio-ácido láctico é limitado?

Embora esse sistema forneça proteção imediata contra as conseqüências da insuficiência de oxigênio, pode continuar apenas temporariamente. À medida em que o ácido láctico se acumula no sangue durante o exercício, pode diminuir o pH em um nível que interfira com a ação enzimática, levando à fadiga. Além disso, a quantidade de ATP, produzida através da glicólise, é muito pequena se comparada com a disponível através do ciclo de Krebs. O substrato para essa reação é restrito à glicose fornecida pelo açúcar do sangue ou pelos estoques de glicogênio no músculo. O glicogênio hepático contribui para o açúcar presente no sangue, mas é limitado em quantidade. O glicogênio muscular não é capaz de se transferir através da corrente sangüínea, de forma que a capacidade anaeróbica de cada músculo é limitada ao seu próprio conteúdo de glicogênio.

A limitação no uso desse sistema para o fornecimento de energia é, principalmente, a quantidade de ácido láctico que a pessoa pode tolerar em seus músculos e em seus líquidos corporais. O ácido láctico provoca extrema fadiga, o que funciona como uma auto limitação para o uso adicional desse sistema, para o suprimento de energia. A quantidade de tempo para a recuperação desses sistemas, portanto, é determinado pela rapidez com que a pessoa pode eliminar o ácido láctico de seu corpo. Na maioria das condições, isso é realizado com um meio tempo da ordem de 20 a 30 minutos. Por conseguinte, após uma hora do uso pelo atleta do sistema glicogênio láctico em sua plenitude, esse sistema metabólico ainda não terá recuperação total .

O que é o limiar de lactato?

Limiar de lactado pode ser definido como a intensidade de exercício em um esforço com incremento progressivo de sua intensidade, a partir da qual existe um acúmulo significativo de lactato no sangue. Essa intensidade de exercício é preferencialmente medida em %VO2 máximo, embora eventualmente seja prático quantificá-la como carga de cicloergômetro em watts, ou velocidade de corrida em esteira ou em pista (m/s ou km/h). Níveis elevados de limiares de lactado tendem a ser observados em atletas especializados em provas de longa duração. Correspondem ainda, em geral, à intensidade máxima de esforço que o atleta consegue manter por um período prolongado de exercício.

Aproximadamente, em que nível do V02 máximo o nível sangüíneo de Lactado é baixo?

O nível sangüíneo de lactado continua relativamente baixo durante um exercício em ritmo estável (steady-state), com cerca de 55% da captação máxima de oxigênio. À medida em que nos aproximamos do V02 Máximo, observa-se um aumento acentuado na quantidade de ácido láctico no sangue.

OBS: O nível de lactado sangüíneo constitui o indicador mais comum da ativação do sistema de energia a curto prazo.

Como é removido o ácido láctico durante período de recuperação?

O ácido láctico acumulado no sangue e nos músculos durante o exercício é removido durante o período de recuperação. A velocidade dessa remoção depende do fato de se ficar em repouso durante recuperação (repouso-recuperação) ou de realizar um exercícios leve (30 a 65% do V02 max.) durante a recuperação (exercício-recuperação). O ácido láctico é removido mais rapidamente durante o exercício-recuperação. O destino do ácido láctico, e (3) oxidação para CO2 e H20pelo sistema aeróbico. O destino principal é a oxidação, que se processa principalmente no músculo esquelético, mas que ocorre também nos tecidos cardíaco, renal, hepático e cerebral.

Qual a importância da medida da freqüência cardíaca na educação física moderna?

Como a freqüência cardíaca (FC) aumenta linearmente com cargas de trabalho ou VO2 ela pode ser utilizada para estimarmos a intensidade do exercício. A medida da FC, no laboratório, através de monitores de FC ou pela contagem de pulso, é relativamente simples. Essa simplicidade, mais as relações com o V02 com a carga de trabalho e com o treinamento, fizeram da FC o índice da função circulatória usado mais comumente durante o exercício.

É importante salientar que as respostas da FC ao exercício variam muito de um indivíduo para o outro, por isso, as interpretações devem ser individualizadas.

Quais as respostas respiratórias normais ao exercício físico dinâmico?

Durante exercícios dinâmicos prolongados deve existir uma constante transferência de 02 desde o ar atmosférico até as células musculares e de CO2 o sentido inverso. O maior consumo de O2 (VO2 ) e produção de C02 (VCO2) resultam da resposta fisiológica integrada da musculatura esquelética com os sistemas cardiovascular e respiratório.

Em relação ao sistema respiratório, observamos que, durante um exercício dinâmico de intensidade crescente, ocorre um incremento da ventilação pulmonar total, junto com um aumento proporcional da ventilação alveolar, i.é, uma menor relação volume do espaço morto/volume corrente (Vp/Vt). A hiperpnéia (aumento da ventilação pulmonar sem redução da pressão parcial de CO2 no sangue arterial) decorre da contribuição proporcionalmente maior do aumento do volume corrente no exercício menos intenso e da freqüência respiratória e em intensidades maiores de esforço.

Um incremento progressivo na intensidade do esforço promove, inicialmente, um aumento proporcional e paralelo da ventilação pulmonar (VE), do VO2 e do VCO2 . A partir de uma certa intensidade, uma participação mais significativa da via anaeróbica láctica pode provocar acidose metabólica. Entretanto, o pronto tamponamento dos íons hidrogênio pelos íons bicarbonato mantém o pH formando moléculas de ácido carbônico. Esta reação, por sua vez, adiciona ao organismo moléculas de CO 2 não produzidas metabolicamente, mas oriundas do efeito tampão do bicarbonato. A partir deste ponto, chamado de limiar anaeróbico, observamos um aumento curvilíneo da ventilação pulmonar proporcional ao VC02 mas em desproporção ao V02.

Qual a diferença básica no significado fisiológico do VO2 máximo e do limiar anaeróbico?

Se por um lado o VO2 máximo representa a taxa máxima de utilização de 02 desenvolvida por um indivíduo, e por isso traduz a intensidade máxima de esforço possível, o limiar anaeróbico, por sua vez, marca a "endurance" de um indivíduo, i.é, a capacidade de realizar trabalhos submáximos por períodos prolongados de tempo sem desenvolver acidose metabólica. Quanto mais próximo ao V02 máximo estiver o limiar anaeróbico, mais intenso poderá ser o exercício executado, sem que ocorra acúmulo de ácido láctico na circulação. Em intensidades de esforço superiores àquela correspondente ao limiar anaeróbico, ocorrerá uma progressiva acidose intramuscular que, inibindo a atividade da fosfofrutoquinase (uma enzima-chave da via glicolítica) e a afinidade do cálcio pela troponina (proteína reguladora da interação entre actina e miosina para a contração muscular), produzirá fadiga localizada, com diminuição da performance. É interessante observar, contudo, que o limiar anaeróbico é mais sensível ao treinamento físico do que o V02 máximo, resultando daí seu uso crescente no acompanhamento e avaliação de resultados de programas de treinamento físico, tanto em atletas como em pacientes.

Como indivíduos percebem o limiar anaeróbico ventilatório (LAV) durante o exercício?

Muitos indivíduos, que se exercitam regularmente, são capazes de perceber o LAV como a intensidade do exercício em que a respiração se torna mais trabalhada e o ato de falar torna-se difícil. Pelo fato de que o LAV e o acúmulo de ácido láctico sangüíneo ocorrem em uma intensidade similar de exercício em muitas pessoas, o LAV consiste em uma marca conveniente para delimitar superiormente a intensidade de exercício aeróbico nos programas de treinamento. Para exercícios de intensidade acima do LAV, uma rápida acumulação de ácido láctico no sangue e nos músculos pode impedir uma atividade prolongada. Portanto, os participantes de programas aeróbicos de exercícios são condicionados a manter a intensidade de exercício abaixo do LAV.

Como podemos detectar o limiar anaeróbico?

Limiar anaeróbico é definido como a intensidade de trabalho ou o consumo de oxigênio em que o metabolismo anaeróbico é acelerado. Um aumento no metabolismo anaeróbico resulta em acúmulos de ácido láctico nos músculos e no sangue; o ácido láctico representa o principal suspeito como causador da fadiga muscular. Isso, mais o fato de o limiar anaeróbico ser consideravelmente diferente para indivíduos treinados e destreinados, gerou algum interesse em suas aplicações ao treinamento atlético, particularmente ao treinamento de "endurance".

Uma das maneiras de detectar o limiar anaeróbico consiste, evidentemente, em medir periodicamente o ácido láctico sangüíneo durante cargas de exercício contínuas e progressivamente maiores, como aquelas suportadas numa bicicleta ergométrica ou numa esteira rolante acionada por motor. Entretanto, essa técnica exige a coleta de múltiplas amostras de sangue, o que pode ser desconfortável para os indivíduos e requer um certo tempo para análise química das amostras. Uma maneira mais rápida e confortável para identificar o limiar anaeróbico consistem em observar a ventilação-minuto e outras variáveis das trocas gasosas, como a produção de dióxido de carbono, durante um teste com exercício progressivo. Essas variáveis aumentam linearmente, isto é, à semelhança de uma linha reta, com cargas de trabalho cada vez maiores, até alcançar-se o limiar anaeróbico. Nesse ponto, seu ritmo de aumento é grandemente acelerado.

Quais as prováveis modificações do limiar de lactato com o treinamento aeróbico?

Descreva a relação entre a velocidade de corrida e o acumulo de lactato sangüíneo. O treinamento aeróbico determina adaptações metabólicas que tornam o músculo mais eficiente na utilização de oxigênio, minimizando a participação da via glicolítica para uma dada intensidade de esforço. Sendo assim, observa-se que o nível de exercício, a partir do qual existe acúmulo de lactato no sangue (limiar de lactato) em um exercício de intensidade crescente, é apreciavelmente aumentado como fruto do treinamento aeróbico especifico. Desta forma, esforços significativamente mais intensos podem ser feitos (ex.: correr ou nadar a uma velocidade maior) sem que haja alteração apreciável do metabolismo ácido-básico. Quando a relação entre lacticidemia e intensidade de esforço é plotada, verifica-se um desvio da curva exponencial típica para a direita após um período de treinamento aeróbico. Esse conhecimento tem sido eventualmente empregado na monitorização e acompanhamento do treinamento de atletas de alto nível de diferentes modalidades desportivas.

2 - ASTRAND, Per-Olof & RODAHL, Kaare; Biblioteca de Educação Física: Tratado de Educação Física; vol. 1; 2a; Interamericana; Rio de Janeiro; 1980

Figura 9-3. (a) Durante os primeiros minutos de exercício, a captação de oxigênio aumenta, e a seguir se estabiliza à medida que a captação de oxigênio alcança um nível adequado para preencher a demanda dos tecidos. Ao término do exercício, ocorre um declínio gradual na captação de oxigênio, à medida que a "dívida de oxigênio" está sendo paga. (h) Demonstração esquemática do aumento da captação de o oxigênio durante um exercício na bicicleta ergométrica com diferentes cargas de trabalho (assinaladas dentro o da área sombreada) realizado durante 5 a 6 minutos.

Captação de oxigênio nas experiências acima mencionadas, medida após 5 minutos e "pontilhada em relação com a carga de trabalho. Observar que 250 W (1.500 kpm/min) trouxeram a captação de oxigênio para o máximo desse indivíduo e que 300 W não conseguiram aumentar a captação de oxigênio; a maior carga de trabalho era possível graças aos processos anaeróbios. Potência aeróbia máxima = 3,5 litros/min. (Para simplificação, a carga de trabalho suficiente para trazer a captação de oxigênio ao máximo do indivíduo, neste caso de 250 W, pode ser enunciada por (CTmáx.O2). Foram incluídas as concentrações máximas de ácido láctico no sangue em cada experiência.

3 - FOX , Edward L. & MATHEWS, Donald K.; Bases Fisiológicas da Educação Física e dos Desportos; 3a; Guanabara; Rio de Janeiro; 1986

Ventilação e Limiar Anaeróbico

Limiar anaeróbico é definido como a intensidade de trabalho ou o consumo de oxigênio em que o metabolismo anaeróbico é acelerado. 11, 2 11, 2 9 No Cap. 2 vimos que um aumento no metabolismo anaeróbico resulta em acúmulo de ácido láctico nos músculos e no sangue; no Cap. 5 vimos que o ácido tático representa o principal suspeito como causador da fadiga muscular. Isso, mais o fato de o limiar anaeróbico ser consideravelmente diferente para indivíduos treinados e destreinados, gerou algum interesse em suas aplicações ao treinamento atlético, particularmente ao treinamento de endurance.15 Essas aplicações serão discutidas posteriormente na Seção 4. Agora interessa-nos abordar a relação entre o limiar anaeróbico e a ventilação-minuto.

Uma das maneiras para se detectar o limiar anaeróbico consiste, evidentemente, em medir periodicamente o ácido láctico sangüíneo durante cargas de exercício contínuas e progressivamente maiores, como aquelas suportadas numa bicicleta ergométrica ou numa esteira acionada por motor. Entretanto, essa técnica implica a coleta de amostras de sangue, além de exigir um certo tempo para a análise dessas amostras. Uma maneira mais rápida e confortável para se detectar o limiar anaeróbico consiste em observar a ventilação-minuto e outras variáveis das trocas gasosas, como a produção de dióxido de carbono, durante um teste com exercício progressivos Essas variáveis aumentam linearmente, isto é, à semelhança de uma linha reta, com cargas de trabalho cada vez maiores, até se alcançar o limiar anaeróbico. Nesse ponto, seu ritmo de aumento é grandemente acelerado; isso é mostrado na Fig. 8-3. Observe como VE e VCO2 começam a subir acentuadamente no limiar anaeróbico. Observe também como essas variações coincidem com o aumento brusco no ácido láctico sangüíneo.

Assim sendo, vemos que a ventilação-minuto é um indicador fidedigno e relativamente fácil de obter para o início do metabolismo anaeróbico durante o exercício. O significado fisiológico da maior ventilação-minuto no limiar anaeróbico tem algo a ver com o tamponamento das maiores quantidades de ácido láctico e será discutido mais detalhadamente no Cap. 21.

Sistema do Ácido Láctico (Glicólise Anaeróbica)

As mulheres tendem a possuir menores níveis de ácido láctico no sangue após um exercício máximo, em comparação com os homens. 6,17,20,31,52,67 .Esses baixos níveis de ácido láctico sugerem fortemente que a capacidade do sistema do ácido tático também é menor nas mulheres. Isso pode ser visto na Fig. 14-6, na qual a capacidade do sistema AL é mostrada para homens e mulheres, tanto treinados quanto destreinados. Os valores, apesar de enunciados como cal/kg de peso corporal total, baseiam-se nos níveis sangüíneos de ácido tático após um exercício máximo.

A semelhança do sistema ATP-PC, uma das razões para a menor capacidade AL na mulher é a menor massa muscular total. Se os valores fornecidos na Fig. 14-6 fossem enunciados por kg de massa muscular total, a diferença entre os sexos seria menor. Entretanto, ao examinar as relações de desempenho, fica bastante claro que as piores provas, tanto na corrida quanto na natação, implicam tempos de desempenho de entre 1 e 4 minutos (400 a 1.500 metros para a corrida e 100 a 400 metros para a natação). Essas provas dependem essencialmente do sistema AL para a produção de ATP. Essa informação indica que as mulheres ficariam em ligeira desvantagem ao competirem nas provas que dependem em grande parte do sistema L. Em vista disso, sugere-se que as atletas poderão beneficiar-se com os programas de treinamento que estimular sistema AL (Quadros 12-13,pág.208).

4 - BALIKIAN Júnior, Pedro; Utilização da Freqüência Cardíaca para a Determinação da Intensidade de Esforço Correspondente ao Limiar Anaeróbio no Ciclismo de Campo; Universidade Estadual Paulista; Rio Claro; 1996

Utilização do limiar anaeróbio

O VO2 max, que é uma boa medida de caráter geral dos fatores cardiorrespiratórios e metabólicos que afetam a capacidade máxima do organismo em captar, transportar e utilizar o oxigênio. foi durante muito tempo considerado o melhor índice para determinar a performance em esportes de longa duração (TAYLOR et alli, 1955; ASTRAND, 1956).

Entretanto. estudos contemporâneos têm demonstrado que o LA é uma variável mas precisa que o V02rnax, quando se objetiva avaliar a capacidade de rendimento em provas de predominância aeróbia (COSTILL et alli. 1973 ). DAVIS et alli, 1979).

GOLLNICK & SALTFN (1982) propõem que o VO2 max e a capacidade de resistência em exercícios submáximos são limitados por diferentes mecanismos. ou seja, o VO2 max parece estar relacionado com fatores cardiovasculares, como o débito cardíaco máximo, enquanto o exercício submáximos está mais relacionado à fatores metabólicos, como, por exemplo, a atividade das enzimas oxidativas. Deste modo, pode-se propor que O V02max e o LA são determinados por diferentes mecanismos. Enquanto o LA está mais relacionado com o estado metabólico (capacidade oxidaria) dos músculos, O V02max é mais dependente dos fatores cardiovasculares.

Estudos têm encontrado estreita relação entre a performance alcançada durante competições de endurance de ciclismo e o L.N (COYLE Et alli, 1988, BARBEAU et alli). 1993, DENADAI & BALIKIAN. 1995: BALIKIAN & DENADAI, 1995). sendo que esta variável também é capaz de detectar, principalmente durante um acompanhamento longitudinal. a existência ou não de adaptações fisiológicas a um treinamento de endurance (KOHRT Et alli, 1989). CHICHARRO & ARCE (1991) determinaram que a identificação do LA é fundamental para discriminar capacidade aeróbia, performance, efeitos do treinamento aeróbio e prescrição do treinamento aeróbio.

O VO2 max pode ser utilizado para identificar altos níveis de talento no ciclismo, sendo porém que o mesmo não consegue predizer performance quando os atletas apresentam níveis similares de potência aeróbia máxima (BARBEAU et alli. 1993-. COYLE. 1995). BARBEAL," et a]]]´ (1993) determinaram que o VO2max não distingue estado de treinamento em ciclistas de elite, e que as adaptações fisiológicas durante exercícios de intensidade sub-máxima. proporcionam melhores informações sobre estado de treinamento em ciclistas.

Um parâmetro que possa predizer a maior frequência metabólica, na qual possa ser mantida urna atividade física por longos períodos de tempo. apresenta uma grande aplicação no treinamento esportivo (DAVIS. 1985). Em intensidades baixas de exercício prolongado de carga constante, a concentração de lactato sanguíneo aumenta nos primeiros minutos de esforço, podendo voltar aos valores de repouso conforme o exercício continua. Em intensidades moderadas, a concentração de lactato pode manter-se elevada e, durante exercício ´intenso. ocorre um acumulo contínuo de lactato no sangue (WASSERNIAN & McILROY. 1964). O Colégio Americano de Medicina do Esporte tem recomendado que a intensidade de treinamento se situe entre 60-90% da FC max ou entre 50-80´/Ó do V02max. Entretanto tais parâmetros são aplicados à população geral. uma vez que sujeitos treinados podem não responder da mesma maneira (CHICHARRO & ARCE, 1991).

HERMANSEN & STENSVOLD (1972) observaram que a percentagem do V02max em que estas alterações nas concentrações de lactato ocorrem durante o exercício em estado de equilíbrio. variava entre diferentes indivíduos]. Desta forma, a um determinado percentual do V02max. um indivíduo pode apresentar concentrações elevadas e crescentes de lactato sanguíneo, enquanto outro indivíduo pode apresentar concentrações semelhantes às do repouso. As respostas metabólicas e a utilização de substratos energéticos destes dois indivíduos seriam divergentes, resultando em um desempenho completamente diferente nesta mesma intensidade relativa de esforço. Esta possível variabilidade nas resposta do mesma intensidade de lactato sanguíneo a um determinado percentual do V´02 max, resultou na proposição de que os limiares sejam utilizados como pontos de referência para expressar velocidades submáximas de esforço (COSTILL. 197´- MADER et alli, 1976; KINDERMAN et alli. 1979). Autores têm sugerido que a intensidade de treinamento se baseie na velocidade ou VO2 que coincida com o limiar aeróbio ou com limiar anaeróbio (K-ARI-SSON & JACOBS, 1982).

Segundo SADN´ (1981). a intensidade de esforço é importante para se controlar o metabolismo do lactato durante o exercício. Embasado pelo princípio de sobrecarga, estudos têm sugerido a necessidade de uma elevada intensidade de exercício para se provocar um processo de estresse na produção de lactato e assim promover uma adaptação (MASSERMAN et alli. 1967). Autores determinaram que uma intensidade de treinamento que provoque uma concentração de lactato de 4m.NI é ótima para reduzir a concentração deste composto a taxas submáximas de trabalho (HOLLMAN, 1959-, MADER Et alli. 1976).

Na prática. verificou-se que a prescrição de esforços de treinamento com intensidades inferiores a velocidade correspondente a 4 mM. utilizando-se o método de duração intensivo e extensivo, mostrou-se bastante eficaz, necessitando de pequenas adaptações para uma melhor individualização das cargas (OLIVEIRA et alli, 1994). Estudos determinaram que o treinamento predominantemente aeróbio. sem acúmulo considerável de lactato deverá ser prescrito relativamente as seguintes intensidades:

duração intensivo - 91-97% da velocidade de limiar - tempo de atividade entre 30min e 1 h.

duração extensivo - 85-90% da velocidade de limiar - tempo de atividade entre 1 h e l h e 30 min.

3) recuperativo ou aquecimento - abaixo de 85% da velocidade de limiar 1h30mim.

Sendo que os trabalhos realizados dentro da faixa 1 e 2 são considerados como estímulos ótimos para o aperfeiçoamento da capacidade aeróbia e que, cargas na faixa normalmente. não provocam adaptações e melhoria do condicionamento. sendo preferencialmente usadas na manutenção da capacidade aeróbia, na recuperação ou no retorno de períodos de inatividade. Em relação a trabalhos realizados em intensidades acima do LA. determinou-se genericamente três zonas de acidose:

- acidose baixa: correspondente a uma intensidade ligeiramente superior ao limiar anaeróbio onde ainda é possível verificar aumentos no V02. Sendo utilizada como referência para o treino da potência aeróbia.

- acidose média: pouco específica. Utiliza-se como referência para o treino misto.

_ Acidose elevada - corresponde a uma solicitação fundamentalmente anaeróbia lática. sendo que nos limites inferiores inscrevem-se os exercícios de capacidade e nos limites superiores os exercícios de potência lática (PEREIRA, 1989-. OLIVEIRA et ali], 1994).

WELLS (1957) sugeriu a utilização da concentração de lactato durante um exercício de estado estável para estabelecer a carga de treinamento. Este autor desenvolveu três classificações de intensidade de esforço relativas à concentração de lactato em repouso:

1 trabalho leve que não aumenta o lactato.

2 trabalho pesado que provoca um aumento de 1,5 - 2 vezes.

3 trabalho muito pesado. que provoca aumentos de até 5 vezes.

LENZI (1986), por sua vez, elaborou um esquema de aplicação de cargas de trabalho baseado em dados relacionados a percentagens do Limiar Anaeróbio:

103% - intervalado intensivo
100% - intervalado extensivo
93 - 97% - contínuo intensivo
90% - contínuo extensivo
85% - contínuo extensivo
80% - contínuo extensivo

Embasado no conceito de expressar intensidades de esforço em função dos limiares. MADER et alli (1976) desenvolveram um método empírico para prescrever intensidades de treinamento em função de concentrações sangüíneas de lactato. Baseado neste sistema, conforme o objetivo do programa de treinamento. o indivíduo treina de forma a atingir urna concentração predeterminada de lactato no sangue. Os autores sugeriram como limite superior de treinamento aeróbio em equilíbrio metabólico, a velocidade correspondente a concentração de lactato de 4mM.

HOLLNIAN (1985) apresentou dados que demonstravam um maior efeito do treinamento de resistência em sujeitos que treinavam a uma concentração de lactato de 4mM, em comparação com aqueles que treinavam a 95% do VO2 max. SJODIN et ali] (1982) prescreveram um treinamento a corredores de meia e longa distância, à uma velocidade correspondente a 4mM. Durante as sessões os atletas foram capazes de manter a concentração de lactato preestabelecida e após uma período de treinamento, a velocidade correspondente a 4m-Nl aumentou. Entretanto, esta concentração ótima de lactato pode diferir entre indivíduos e STEGNIANN et alli (1981) determinaram que o limiar anaeróbio pode variar a partir de concentrações de lactato de 1,4 à 7,5 mM.

Estudos têm demonstrado que a recuperação ativa aumenta a remoção de lactato a partir da circulação. A identificação de uma ótima intensidade de exercício de recuperação. tem sido alvo de várias pesquisas. apresentando resultados conflitantes. sugerindo uma intensidade ótima com uma variação de 22-63% do VO2max (HENIANSEN & STENSVOLD, 1972-, JACOBS. 1986). A utilização da intensidade de exercício de recuperação expresso relativamente ao LA. Demonstra intensidade de exercício de recuperação expresso relativamente ao LA, demonstra uma melhor resposta de remoção de ]aclaro em contraste com a intensidade expressa como porcentagem do VO-)max (STANIFORD et alli. 1981).

A determinação periódica dos limites aeróbio e anaeróbio (entre 40 e 60 dias), quando convenientemente relacionados ao programa de treino. fornece importantes indicações para a intervenção no campo. Este procedimento, quando conta com a colaboração do treinador. reveste-se de extrema importância e eficácia. uma vez que permite estabelecer, uma relação causa/efeito entre as cargas de treino administradas e as repercussões metabólicas das mesmas. e por outro lado. possibilita uma prescrição mais correta do exercício (PEREIRA. 1989).

5 - ACSM, American College of Sports Medicine; Prova de Esforço e Prescrição de Exercício; 1a; Revinter Ltda.; Rio de Janeiro; 1994

Limiar Anaeróbio Ventilatório (LAV)

Como descrevemos anteriormente (Fig. 7-2), a ventilação em intensidade alta de exercício aumenta curvilinearmente com o aumento da freqüência de trabalho. A intensidade de trabalho (ou intensidade de consumo de oxigênio) em que a resposta respiratória ao exercício gradual primeiro parte da linearidade é o limiar anaeróbio ventilatório (LAV). Embora os mecanismos fisiológicos que norteiam o LAV não estejam completamente compreendidos, LAV Oralmente ocorre em uma carga de trabalho que corresponde ao momento em que o ácido láctico começa a se acumular no sangue. O rápido aumento da ventilação que ocorre durante um exercício intenso acima do LAV pode refletir a ação do sistema-tampão do bicarbonato que ajuda a manter o pH do sangue por um "soprar para fora" o dióxido de carbono produzido não metabolicamente.

Muitos indivíduos que se exercitam regularmente são capazes de perceber o LAV como a intensidade do exercício em que a respiração se torna mais trabalhada e o ato de falar se torna difícil. Pelo fato de que o LAV e o acúmulo de ácido láctico sangüíneo ocorrem em uma intensidade similar de exercício em muitas pessoas, o LAV consiste em uma marca conveniente para delimitar superiormente a intensidade de exercício aeróbio nos programas de treinamento. Para exercícios de intensidade acima do LAV, uma rápida acumulação de ácido láctico no sangue e nos músculos pode impedir uma atividade prolongada. Portanto, os participantes de programas aeróbios de exercícios são condicionados a manter a intensidade de exercício abaixo do LAV.

6 - ARAÚJO, Claudio Gil Soares de; Manual de Teste de Esforço; 2a; Ao Livro Técnico S/A; Rio de Janeiro; 1984

OUTRAS VARIÁVEIS

Outros parâmetros são menos freqüentemente medidos, mas podem oferecer valiosas informações clínicas; recentemente tem sido demonstrado que a determinação do débito cardíaco durante o esforço é de utilidade clínica no diagnóstico de coronariopatias, já que tem sido constatado que alterações da função ventricular freqüentemente precedem a angina e a depressão do segmento ST, podendo ser detectadas na avaliação da resposta desta variável.

O limiar anaeróbico, que se baseia na relação VE/V02 ou na curva do lactato sangüíneo, demonstra a carga onde o esforço físico passa a possuir um grande componente anaeróbico para um dado indivíduo.

Matsuniura et alli. propuseram que o limiar anaeróbico, refletido pelo percentual do V02 máximo em que a ventilação perde a sua relação linear com o VO2, pode ser uma alternativa válida para a avaliação da capacidade funcional em coronariopatias, desde que o valor deste índice é significativamente diferente entre grupos de pacientes em classes funcionais distintas.

Além disso, é difícil aceitar a idéia de que um teste tenha sido realizado até a exaustão voluntária do indivíduo, quando não se observa a quebra de linearidade da relação ventilação/consumo de oxigênio ou um nível de lactato sangüíneo superior a 4 mMol.l-´.

7 - KISS, Maria Augusta Peduti Dal´Molin; Avaliação em Educação Física: Aspectos Biológicos e Educacionais; 1a; Manole Ltda.; São Paulo; 1987

Lactacidemia e limiar de lactato

O ácido láctico é produzido ao nível da fibra muscular branca que realiza trabalho, sendo utilizado no local pela fibra vermelha e, por isso, levando um determinado tempo até atingir níveis elevados no sangue arterial, ou arterializado, onde normalmente é medido (BROOKS, 1984). Por isso, o seu valor máximo é obtido geralmente na fase de recuperação entre o 2.0 e o 4.0 minuto após a pausa. A dosagem de ácido láctico no sangue (lactacidemia) é realizada através de métodos bioquímicas complexos, que precisam ser executados por pessoal habilitado para fornecerem dados fidedignos. A coleta de sangue poderá ser feita na veia que drena a musculatura que estiver trabalhando, no lóbulo da orelha, após colocarmos pomada rubefaciente para possibilitar coleta sem pressão do local, ou, no caso da mão, após imergi-la em água quente.

A lactacidemia atinge diferentes níveis, conforme a intensidade do exercício (Fig. 54), bem como para uma mesma intensidade (velocidade), conforme o tipo contínuo ou. intermitente.

Outro fator determinante da intensidade que a lactacidemia passa, a subir mais rapidamente é o tipo de ergômetro, bem como a intensidade relativa de carga e a condição física aeróbica individual.

A grande importância prática do estudo da lactacidemia está, atualmente, na elevada correlação que apresenta com a "forma física" ou condição física e principalmente para prescrição individualizada de treinamento, em substituição à determinação direta do consumo máximo de oxigênio.

Assim, vemos na Figura 57 a trabalho básico de LONDEREE, onde são analisadas as relações entre o aumento de ácido láctico no sangue; por um lado, as porcentagens de V02 Máx em que isso ocorre e, por outro, as freqüências cardíacas em que ocorre. Esses valores foram estudados em três grupos de indivíduos como baixa, média e boa condição física. O nível de condição física foi estudado através de enquete sobre a atividade física nos últimos 6 meses que precederam os testes. Devemos frisar que cada indivíduo (adulto) foi submetido a inúmeros testes de esteira, com diversas velocidades, mantidas durante 15 minutos. Media-se a freqüência cardíaca e o VO2 Máx para cada carga; este era expresso como porcentagem do V02 Máx daquela pessoa; a (lactacidemia era medida no 10.0 e no 15.0 minuto de carga. Assim, para a freqüência cardíaca de 160 bpm podemos verificar, em adultos de graus ,diversos de treinamento, valores bem diferentes de ácido láctico.

COSTI L cita que os maratonistas conseguiram correr tendo valores de 4,4 mMol/l de lactato durante a prova. Por outro lado, os valores venosos de repouso de lactato, para LONDEREE, eram de 0,9 a 1,6 mMol/i. Por isso, LONDEREE (Figura 58) propôs que o limiar "anaeróbio", atualmente proposto como (limiar de lactato (BROOKS, 1984), seria o ponto de mudança brusca da inflexão da curva de lactacidemia corresponderia não mais a 2,2 mMol/l, mas a 4,4 mMol/l.

Através dos estudos de MADER, LIESEN e HOLLMAN (1979), apresentados por LIESEN, para alunos de pós-graduação da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo

em outubro de 1985, comparando níveis de lactato arterializado com condições de assimilação

de habilidades técnicas e aproveitamento de situações táticas de jogo, concluiu-se que:

níveis de até 2 mMol/l são favoráveis à aquisição de novas técnicas, ou à sua variação, bem como à prática de elementos táticos;

níveis de até 6 mMol/l são menos favoráveis, dependendo de boa resistência e potência muscular;

níveis acima de 6 mMol/l comprometem a percepção e as respostas são, antieconômicas sob o ponto de vista energético.

A determinação do limiar de lactato deve ser feita individualizadamente, através de teste em pista de atletismo, correndo etapas de 5 minutos em diferentes velocidades, de 4,0 a 6, 1 O m/s, por exemplo, conforme a Figura 59.

8 - FARINATTI, Paulo de Tarso V. & MONTEIRO, Walace David; Fisiologia e Avaliação Funcional; 1a; Sprint; Rio de Janeiro; 1992

Essa relação conduz à abordagem de um importante conceito. A medida em que a atividade torna-se mais intensa, a produção de ácido láctico extrapola a capacidade de metabolização intracelular da fibra, passando a difundir em maior quantidade para o sangue. Essa concentração, atingindo determinados patamares (pela própria limitação da capacidade de metabolização do organismo como um todo), pode diminuir drasticamente a duração da atividade, gerando pontos de acumulo comumente chamados de "limiares". A denominação que recebem dependerá da corrente de autores adotada: podemos encontrá-los na literatura descritos como limiar anaeróbio, limiar de lactato, OBLA ou ainda aeróbio, numa discussão cujos motivos não cabem aqui serem abordados (Brooks, 1985a, 1985b; Davis, 1985a, 1985b; Weitman, 1989; Montgomery, 1990).

As razões pelas quais isso ocorre ainda não estão completamente esclarecidas, mas trazem grandes implicações à prescrição do exercício. Por relacionarem-se muito mais a fatores periféricos que a centrais o treinamento pode alterar marcadamente as respostas de produção e remoção de lactato de um grupo muscular face a um trabalho específico, sem que com isso haja reflexos significativos no V02 máx, mais influenciado por fatores centrais. Pode-se, assim, ter dois indivíduos com mesma capacidade máxima de consumo de 02 que, trabalhando numa mesma intensidade relativa de consumo tenham concentrações bem diferentes de lactato sanguíneo (Dennis e col, 1982; Hur(ey e col, 1984).

Isso significa que, ao levarmos em conta apenas o VO, máx como indexador da prescrição da atividade, corremos o risco de submeter os dois indivíduos do item anterior a desgastes completamente diversos por estarem exibindo pontos de acumulo distintos, apesar da mesma intensidade relativa frente à capacidade máxima de consumo (Katch e Col, 1978). Tal fato traz muitas conseqüências aos efeitos provocados pelo treinamento que está sendo proposto.

9 - MCARDLE, William D. & KATCH, Frank I. & KATCH, Victor L.; Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho Humano; 3a; Guanabara Koogan; Rio de janeiro; 1991

ENERGIA IMEDIATA: Sistema ATP-CP

As provas de curta duração e alta intensidade tipo corrida de 100 metros, a prova de natação de 25 metros ou o levantamento de pesos exigem um fornecimento imediato e rápido de energia. Essa energia é proporcionada quase exclusivamente pelos fosfatos de alta energia (ATP e CP) armazenados dentro dos músculos específicos ativados durante o exercício.

Cerca de cinco milimoles (mmol) de ATP e 15 mmol de CP estão armazenados dentro de cada quilograma de músculo.´ Para uma pessoa com 70 kg que possui uma massa muscular de 30 kg, existem entre 570 e 690 mmol de fosfatos de alta energia. Se admitirmos que 20 kg de músculo são ativados durante o exercício, nesse caso existe energia armazenada na forma de fosfato suficiente para andar rapidamente por um minuto, para realizar uma corrida através dos campos (cross-country) por 20 a 30 segundos, ou para realizar exercícios de intensidade máxima, tipo piques de corrida ou natação por cerca de seis segundos.´ Por exemplo, na prova de 100 metros, o corpo não consegue manter uma velocidade máxima por um período superior a esse e, em verdade, os corredores reduzem sua velocidade na última parte da prova. Nessa situação, a quantidade de fosfato intramuscular pode influenciar muito a capacidade do indivíduo gerar energia intensa por um curto período de tempo.

Todos os desportos exigem a utilização dos fosfatos de alta energia, porém muitas atividades contam quase exclusivamente com esse meio para a transferência de energia. Por exemplo, o sucesso no futebol americano, no levantamento de pesos, em várias provas de campo, no beisebol e no vôlei exige um esforço breve e máximo durante o desempenho. É difícil imaginar um pique final no futebol ou um salto com vara sem a capacidade de gerar energia rapidamente a partir dos fosfagênios arniazenados. Para um exercício contínuo e para a recuperação após um esforço de intensidade máxima, deverá ser gerada energia adicional para o reabastecimento de ATP. Com essa finalidade, os carboidratos, as gorduras e as proteínas armazenados estão prontos continuamente para recarregar o reservatório de fosfatos.

Espectroscopia por ressonância magnética para estudar o metabolismo muscular durante o exercício. A espectroscopia por ressonância magnética constitui um método incruento novo e interessante, capaz de medir continuamente as concentrações relativas dos compostos fosfato de alta energia no músculo, assim

como outros eventos metabólicos durante o exercício. A Fig. 7. 1A ilustra o método durante um exercício com flexão do punho. Os músculos utilizados primariamente durante o exercício são colocados sobre um magneto supercondutor e o indivíduo realiza o exercício sob condições que controlam a produção de tensão, a velocidade de contração e a duração do exercício. Ao aplicar pulsos específicos de radiofreqüência dentro do poderoso campo magnético, é possível determinar as concentrações dos vários compostos bioquimicamente ativos. A Fig. 7. 1 B mostra os resultados para ATP, CP (PCr) e o fosfato inorgânico durante o repouso e um exercício de intensidade baixa a moderada. Com a espectroscopia por ressonância magnética, as áreas debaixo dos picos correspondem às concentrações relativas dos compostos com fósforo livre, incluindo os três átomos de fósforo de ATP. Estudos sobre a relação entre o fosfato inorgânico e a fosfocreatina conseguem avaliar o ritmo da respiração mitocondrial. Atualmente, essa técnica está sendo aplicada para estudar a lesão muscular, o metabolismo glicolítico e os efeitos do treinamento sobre as complexidades da função metabólica muscular.

ENERGIA A CURTO PRAZO: Sistema do Ácido Lático

Os fosfatos de alta energia devem ser ressintetizados continuamente num ritmo rápido, para que o exercício extenuante possa continuar além de um curto período de tempo. Num exercício tão intenso, a energia para fosforilar ADP provém principalmente da glicose e do glicogênio armazenado durante o processo anaeróbico da glicólise, com subseqüente formação de ácido láctico. De certa forma, esse mecanismo de formação do ácido láctico "poupa tempo". Toma possível a formação rápida de ATP pela fosforilação do substrato, mesmo quando o fornecimento de oxigênio é insuficiente ou quando as demandas energéticas ultrapassam a capacidade para a ressíntese aeróbica de ATP. Essa energia anaeróbica para a ressíntese de ATP pode ser considerada como um combustível de reserva, que será utilizado para o atleta "percorrer" a última parte de uma corrida de 1.500 m. É também de importância crítica para fornecer a energia rápida acima daquela disponível a partir dos fosfagênios armazenados durante uma corrida de 400 metros ou de uma prova de natação de 100 metros.´ O acumulo mais rápido e os níveis mais altos de ácido láctico são alcançados durante um exercício que pode ser sustentado por 60 a 180 segundos. À medida que a intensidade do exercício "máximo" diminui, aumentando assim o período de trabalho, observa-se uma redução correspondente tanto na intensidade do acúmulo quanto no nível final de ácido láctico.

Acúmulo de lactato. O ácido láctico não se acumula necessariamente em todos os níveis de exercício. A Fig. 7.2 ilustra a relação geral entre o consumo de oxigênio, enunciado como percentual de seu valor máximo, e o ácido láctico sanguíneo durante o exercício leve, moderado e intenso nos atletas de endurance e nas pessoas destreinadas. Durante o exercício leve e moderado, as demandas energéticas de ambos os grupos são satisfeitas adequadamente por reações que utilizam oxigênio. Em termos bioquímicos, o ATP para a contração muscular torna-se disponível predominantemente através da energia gerada pela oxidação do hidrogênio. Qualquer ácido láctico formado no exercício leve é oxidado rapidamente. Assim sendo, o nível sanguíneo de ácido láctico se mantém bastante estável, até mesmo quando o consumo de oxigênio aumenta.

O ácido láctico começa a se acumular e eleva-se de maneira exponencial para aproximadamente 55% da capacidade máxima )ara o metabolismo aeróbico dos indivíduos sadios, porém destreinados.",´8 A explicação habitual para o aumento no ácido láctico baseia-se na suposição de uma hipoxia tecidual relativa no exercício intenso. Argumenta-se que, nessas condições de deficiência de oxigênio, a demanda de energia é atendida parcialmente por uma certa predominância da glicólise anaeróbica à medida que a liberação de hidrogênio começa a ultrapassar sua oxidação através da cadeia respiratória. Conseqüentemente, hidrogênios em excesso são transferidos para o ácido pirúvico e o ácido láctico acumula-se.","" Esse aumento no ácido láctico torna-se maior à medida que o exercício se torna mais intenso e as células musculares não conseguem satisfazer aerobicamente as demandas adicionais de energia. Esse padrão é essencialmente semelhante para o indivíduo treinado, exceto que o limiar para o acúmulo de ácido láctico, denominado limiar anaeróbico, ou mais precisamente limiar do lactato sanguíneo, ocorre num percentual mais alto da capacidade aeróbica do atleta. Essa resposta favorável poderia ser devida aos dotes genéticos do atleta de endurance (tipo de fibra muscular) ou a adaptações locais específicas induzidas pelo treinamento e que poderiam favorecer a produção de menos ácido láctico,"," assim como a um ritmo mais rápido de remoção para qualquer nível em particular de exercício." Por exemplo, ficou bem documentado que a densidade capilar, o tamanho e o número das mitocôndrias aumentam com o treinamento de endurance, o mesmo ocorrendo com a concentração de várias enzimas e agentes de transferência implicados no metabolismo aeróbico, sendo que essa resposta ao treinamento pode não ser afetada pelo processo de envelhecimento. Essas alterações aprimoram certamente a capacidade da célula em gerar ATP aerobicamente, em especial através da desintegração dos ácidos graxos, podendo ampliar o percentual do máximo de uma pessoa que pode ser sustentado antes do início do acumulo de lactato no sangue. Os atletas treinados em endurance, por exemplo, trabalham com intensidades dos exercícios que representam cerca de 80 a 90% de sua capacidade máxima para metabolismo aeróbico.

*Uma explicação alternativa para o acumulo de ácido láctico baseia-se em estudos que utilizam rastreadores radioativos para rotular o carbono na molécula do carboidrato .1,21 Esses estudos mostram que o ácido láctico é formado continuamente em repouso e durante o exercício leve. Entretanto, em condições aeróbicas, a formação de ácido láctico é igual ao seu ritmo de remoção, de forma que a concentração de ácido láctico continua bastante estável. Com um treinamento aeróbico, a remoção de ácido láctico mantém paralelismo com sua produção; seu acúmulo só ocorre com níveis mais altos de exercício."

Foi sugerido também que o lactato formado em determinada parte de um músculo ativo pode ser oxidado por outras fibras no mesmo músculo ou por tecido muscular vizinho menos ativo.","," Essas ajustagens e adaptações ao treinamento ajudam certamente a manter baixos os níveis de lactato durante o exercício e poderiam proporcionar também um meio importante para a conservação da glicose no trabalho prolongado."´ O conceito do limiar do lactato sanguíneo e sua relação com o desempenho de endurance são desenvolvidos mais plenamente no Cap. 14.

Capacidade produtora de lactato. A capacidade de gerar um alto nível de ácido láctico no exercício máximo aumenta com um "treinamento anaeróbico" específico, sendo reduzido subseqüentemente com o destreinamento. Atletas bem treinados demonstraram que, após realizarem um exercício máximo de curta duração, o nível sanguíneo de lactato é de 20 a 30% mais alto que nos indivíduos destreinados sob circunstâncias semelhantes. O mecanismo para essa resposta é desconhecido, porém pode ser devido às grandes diferenças no nível de motivação que acompanham o estado treinado, assim como a um aumento de aproximadamente 20% nas enzimas envolvidas na glicólise, mais espe ricamente a fosfofrutocinase, observado como resultado do treinamento tipo anaeróbico. Corno o ácido láctico é removido continuamente durante e após um exercício com um ritmo variável entre os diferentes indivíduos, é improvável que o lactato sanguíneo medido num determinado momento no transcorrer da recuperação forneça um quadro completo da capacidade do metabolismo anaeróbico de um indivíduo.2´ É igualmente provável que as maiores reservas intramusculares de glicogênio que acompanham o estado treinado venham a permitir uma contribuição maior da energia através da glicólise anaeróbica." Aumento nas enzimas da via anaeróbica foram relatados com o treinamento tipo velocidade, porém essas alterações não parecem ser tão impressionantes quanto as mudanças observadas nas enzimas aeróbicas com um treinamento de endurance.

Fonte: Apostila Limiar Anaeróbio - Prof. Alex
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Data da Publicação: 06/05/2002

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