Câncer de Sangue
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos
brancos (leucócitos) de origem, na maioria das vezes, não conhecida. Ela tem
como principal característica o acúmulo de células jovens (blásticas)
anormais
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Fonte: BAIN,J. B..
Leukaemia Diagnosis: A guide to the FAB Classification. England: Gower
Medical Publishing, 1990. 33 p. Fig 1.46 |
na medula óssea que substituem as células
sangüineas normais. A medula é o local de formação das células sangüíneas,
ocupa a cavidade dos ossos (principalmente esterno e bacia)
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Fonte: SCIENTIFIC
AMERICAN. New York. Scientific American, Inc, v.269,nº 03, september
1993. 37 p. |
e é conhecida popularmente por tutano. Nela são
encontradas as células mães ou precursoras que originam os elementos figurados
do sangue: glóbulos brancos, glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e
plaquetas
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SCIENTIFIC AMERICAN:
Special Issue. New York. Scientific American, Inc, v.04, nº 01, 1993.
63 p. |
Os principais sintomas da leucemia decorrem do
acúmulo dessas células na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção
dos glóbulos vermelhos (causando anemia), dos glóbulos brancos (causando infecções)
e das plaquetas (causando hemorragias).Depois de instalada, a doença progride
rapidamente, exigindo com isso que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico
e a classificação da leucemia.
O tipo de leucemia mais freqüente na criança é a leucemia linfóide aguda (ou
linfoblástica). A leucemia mielóide aguda é mais freqüente no adulto. Esta
última tem vários subtipos: mieloblástica (menos e mais diferenciada),
promielocítica, mielomonocítica, monocítica, eritrocítica e megacariocítica.
Diagnóstico
As manifestações clínicas da leucemia aguda são secundárias à proliferação
excessiva de células imaturas (blásticas) da medula óssea, que infiltram os
tecidos do organismo, tais como: amígdalas, linfonodos (ínguas), pele, baço,
rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. A fadiga, palpitação e anemia
aparecem pela redução da produção dos eritrócitos pela medula óssea. Infecções
que podem levar ao óbito são causadas pela redução dos leucócitos normais
(responsáveis pela defesa do organismo). Verifica-se tendência a sangramentos
pela diminuição na produção de plaquetas (trombocitopenia). Outras manifestações
clínicas são dores nos ossos e nas articulações. Elas são causadas pela
infiltração das células leucêmicas nos ossos. Dores de cabeça, náuseas, vômitos,
visão dupla e desorientação são causados pelo comprometimento do SNC.
A suspeita do diagnóstico é reforçada pelo exame físico. O paciente pode
apresentar palidez, febre, aumento do baço (esplenomegalia) e sinais de
correntes da trombocitopenia, tais como epistaxe (sangramento nasal),
hemorragias conjuntivais, sangramentos gengivais, petéquias (pontos violáceos
na pele)
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HOFFBRAND, A. V.;
PETTIT, E. J. Clinical Haematology: Second Edition, Sandoz Atlas.
Switzerland: Mosby-Wolfe, 1994. 285 p. Fig 13.26 |
e equimoses (manchas roxas na pele). Na análise
laboratorial, o hemograma estará alterado, porém, o diagnóstico é confirmado
no exame da medula óssea (mielograma).
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HOFFBRAND, A. V.;
PETTIT, E. J. Clinical Haematology: Second Edition, Sandoz Atlas.
Switzerland: Mosby Wolfe, 1994. 285 p. Fig 13.24 |
Tratamento
Como geralmente não se conhece a causa da leucemia, o tratamento tem o objetivo
de destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte a produzir células
normais. O grande progresso para obter cura total da leucemia foi conseguido com
a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle das complicações
infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no sistema
nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos é indicado o
transplante de medula óssea. O tratamento é feito em várias fases. A primeira
tem a finalidade de atingir a remissão completa, ou seja, um estado de aparente
normalidade que se obtém após a poliquimioterapia. Esse resultado é
conseguido entre um e dois meses após o início do tratamento (fase de indução
de remissão), quando os exames não mais evidenciam células leucêmicas. Isso
ocorre quando os exames de sangue e da medula óssea (remissão morfológica) e
o exame físico (remissão clínica) não demonstram mais anormalidades.
Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas células
leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para
não haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de
acordo com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar mais de
dois anos nas linfóides e menos de um ano nas mielóides. São três fases:
consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas
anteriormente); reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de indução
da remissão) e manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo por vários
meses). Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser necessária a internação
do paciente nos casos de infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos
normais pelo próprio tratamento.
Principais Procedimentos Médicos no Tratamento da Leucemia
1. Mielograma: É um exame de grande importância
para o diagnóstico (análise das células) e para a avaliação da resposta ao
tratamento, indicando se, morfologicamente, essas células leucêmicas foram
erradicadas da medula óssea (remissão completa medular). Esse exame é feito
sob anestesia local e consiste na aspiração da medula óssea seguida da confecção
de esfregaços em lâminas de vidro, para exame ao microscópio. Os locais
preferidos para a aspiração são a parte posterior do osso ilíaco (bacia) e o
esterno (parte superior do peito). Durante o tratamento são feitos vários
mielogramas.
2 - Punção lombar: A medula espinhal é
parte do sistema nervoso que tem a forma de cordão e por isso é chamada de
cordão espinhal. A medula é forrada pelas meninges (três membranas). Entre as
meninges circula um líquido claro denominado líquor. A punção lombar
consiste na aspiração do líquor para exame citológico e também para injeção
de quimioterapia com a finalidade de impedir o aparecimento (profilaxia) de células
leucêmicas no SNC ou para destruí-las quando existir doença (meningite leucêmica)
nesse local. É feita na maioria das vezes com anestesia local e poucas vezes
com anestesia geral. Nesse último caso, é indicado em crianças que não
cooperam com o exame.
3 - Cateter Venoso Central: Como o
tratamento da leucemia aguda pode alcançar até três anos de duração, e
requer repetidas transfusões e internações, recomenda-se a implantação de
um cateter de longa permanência em uma veia profunda, para facilitar a aplicação
de medicamentos e derivados sanguíneos além das freqüentes coletas de sangue
para exames, evitando com isso punções venosas repetidas e dolorosas.
4 - Transfusões: Durante o tratamento,
principalmente na fase inicial, os pacientes recebem, quase diariamente,
transfusões de hemáceas e de plaquetas, enquanto a medula óssea não
recuperar a hemopoese (produção e maturação das células do sangue) normal.
Dra. Jane Dobbin
Chefe do Serviço de Hematologia
Hospital do Câncer I / INCA
Fonte: Instituto
Nacional de Câncer - INCA
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