DEFINIÇÃO Hipertermia é a temperatura corporal
central acima de 40,0°C.
CAUSAS TÓXICAS
CAUSAS NÃO TÓXICAS
- Tumores cerebrais
- Insolação
- Lesão cerebral hipóxica pode resultar em alteração da
regulação térmica
- Infecções (viral, bacteriana, ricketsiana, malária, etc)
- Mal convulsivo (Status epilepticus)
- Crise tireoidiana
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Avaliação da temperatura central é a chave da
investigação (geralmente verificada através da temperatura retal; temperatura oral e
axilar não são consideradas confiáveis). Clinicamente, o paciente pode apresentar
sudorese profusa devido a termorregulação ou, a pele pode estar seca devido a
desidratação ou agentes anticolinérgicos.
Hipertermia persistente resulta em várias e graves
complicações agudas. Hipovolemia, decorrente da sudorese e da vasodilatação, diminui o
dédito cardíaco e impede a termorregulação. Fadiga muscular ocasiona hiperkalemia,
mioglobinúria e insuficiência renal aguda. Lesão endotelial resulta em coagulopatia
intravascular disseminada. Mas, o mais importante é que a hipertermia persistente pode
causar lesão cerebral aguda e convulsões. Edema pulmonar não-cardiogênico (síndrome
de angústia respiratória do adulto) também pode ocorrer. Morte é frequentemente
súbita e provavelmente resultante de arritmia cardíaca.
Inicialmente, os sinais e sintomas podem diferir de acordo
com as drogas envolvidas. Por exemplo, agentes anticolinérgicos estão geralmente
associados com pele seca e quente, enquanto agentes simpatomiméticos (anfetaminas,
cocaína) mais provavelmente resultem em palidez, pele úmida, tremores e convulsões.
Várias síndromes com hipertermia foram bem descritas:
Hipertermia Maligna (HM)
Síndrome hereditária em que certos agentes anestésicos causam contração generalizada
de células musculares, resultando em uma intensa produção de calor e acidose láctica
aguda. São causas comuns: Enflurano, Halotano, Isoflurano e Succinilcolina.
Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM)
Síndrome caracterizada por confusão mental, rigidez muscular, diaforese e hipertermia em
pacientes recebendo potentes drogas antipsicóticas. Pode ocorrer após uma dose inicial
ou durante o tratamento regular. Seu mecanismo parece estar relacionado com bloqueio de
dopamina em SNC.
Síndrome Serotoninérgica
Ocorre quando inibidores da recaptação da serotonina (fluoxetina, paroxetina,
venlafaxina, sertralina, triptofano, dextrometorfano, meperidina) são administrados em
pacientes que usam inibidores da monoamino oxidase. Caracterizada por agitação,
hiperatividade muscular e hipertermia.
INVESTIGAÇÕES RELEVANTES
TRATAMENTO
Interromper a exposição a qualquer fator desencadeante.
Controle da hiperatividade muscular
É essencial controlar a hiperatividade muscular o mais
rápido possível para evitar maior produção de calor.
- Tratar convulsões agressivamente.
- Em alguns casos os pacientes agitados podem responder ao
diazepam EV ou outro benzodiazepínico. Referências mais antigas sugerem o uso
de clorpromazina, que promove sedação assim como promove vasodilatação, mas este
fármaco pode diminuir o limiar para convulsões e pode causar hipotensão, especialmente
em paciente hipovolêmicos.
- Pacientes com suspeita de hipertermia maligna devem ser
tratados com dantrolene EV.
Dantrolene tem sido considerado como eficaz no tratamento de outras causas de hipertermia
associadas com rigidez muscular, como síndrome neuroléptica maligna e crise térmica
associada com intoxicação por anfetamina.
- Síndrome neuroléptica maligna tem sido tratada
efetivamente com bromocriptina oral ou por sonda nasogástrica.
- Em pacientes com rigidez muscular persistente despolarizante
ou hiperatividade apesar destas medidas, instituir paralisia neuromuscular com um agente
não-despolarizante e controlar ventilação.
Métodos de resfriamento
- Compressas com água morna juntamente com ventilador
promovem perda de calor através da evaporação
- Cobertores para resfriamento (cobertores hipotérmicos) e
lavagem gástrica com soro fisiológico gelado podem ser apropriados
- Manter o paciente em ambiente relativamente frio
- Antitérmicos são inefetivos na maioria dos casos
(salicilato, paracetamol)
- Circulação extracorpórea para resfriamento pode ser
considerada
Outras medidas gerais
- Administrar oxigênio suplementar em alto fluxo.
Corrigir hipoglicemia e administração de glicose suplementar endovenosa
A maioria dos pacientes são hipovolêmicos: administrar fluidos EV
(salina), monitorizar o balanço hídrico e o débito urinário
Corrigir distúrbios metabólicos e eletrolíticos
EVOLUÇÃO CLÍNICA E MONITORIZAÇÃO
- Temperatura corporal e resposta às medidas de resfriamento
- Hidratação e pressão venosa central
- Eletrólitos, uréia nitrogenada, creatinina, potássio,
cálcio, CPK
- Contagem de plaquetas, fibrinogênio e tempo de protrombina
- ECG
COMPLICAÇÕES TARDIAS
- Lesão cerebral
- Insuficiência renal
AUTORES / REVISORES
Autor: Informação fornecida por J.
Henry (UK).
Revisoes: Cardiff 3/95; Berlin 10/95: A. Wong, T. Meredith, V. Danel; Cardiff 9/96: V.
Afanasiev, M. Burger, T. Della Puppa, L. Fruchtengarten, K. Olsen, J. Szajewski.
Tradutor: Dr Ligia Fruchtengarten, Março 99.
Fonte: IPCS INTOX
Obs.:
O tratamento proposto é apenas para fins didáticos, não se automedique, a
automedicação pode ser perigosa. Caso necessário procure um médico para maiores
informações, somente ele pode lhe prescrever alguma medicação. |