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Síndrome do Cólon Irritável (SCI) - Saiba o quê é

O que é Síndrome do Cólon Irritável (SCI)?

- É uma alteração gastrointestinal funcional. Diz-se alteração "funcional" quando o paciente apresenta sintomas dos quais não se encontra uma causa, enquanto que as doença "orgânicas" – como as colites ulcerativas – definem-se claras lesões estruturais.

Quais os principais sintomas da SCI?

- Os principais sintomas são dor/mal estar abdominais intermitentes e crônicos, assim como alterações da função intestinal (1). Esta pode manifestar-se como constipação, diarréia ou ambos e o conjunto de pacientes respectivamente acometidos por estas variantes – SCI com predomínio de constipação, SCI com predomínio de diarréia, ou um quadro alternante entre ambos – são aproximadamente iguais (2).

Com qual freqüência apresenta-se a SCI e quais os pacientes que sofrem desta doença?

- A SCI é muito comum e afeta 15-20% da população ocidental (1). No entanto, não se limita ao ocidente e, quando se faz levantamentos na Ásia e na África, a SCI também parece constituir-se em uma queixa freqüente (3).

- Esta síndrome acomete homens e mulheres, e parece ocorrer em dobro nas mulheres (4). No entanto, pode ser reflexo da conhecida tendência das mulheres procurarem mais a orientação médica que os homens. Também têm um papel importante os fatores sociais e culturais, pois estudos realizados em um subcontinente Indiano sugerem que a SCI é muito mais comum nos homens. A SCI com predomínio de constipação é, contudo, mais freqüente nas mulheres (3).

- Os sintomas da SCI instalam-se gradualmente no final da adolescência ou princípio da idade adulta: a idade média de início é entre 20 e 29 anos.

- A prevalência da SCI aumenta com a idade, alcançando um máximo aos 45-65 anos e diminuindo posteriormente. A SCI é também comum nas crianças e adolescentes, em particular entre as meninas com história de dor abdominal recorrente (5).

Como a SCI compromete a vida das pessoas?

- A SCI pode ser uma condição bastante debilitante que impõe grandes restrições à vida do paciente. Em alguns, a SCI pode ter um impacto importante em sua capacidade laborativa e na vida normal, tanto familiar, como social. Não há de se surpreender que a timidez e a ansiedade de alguns pacientes por causa de seus sintomas da SCI fazem com que evitem muitas atividades e isolamento social.

- O paciente demora a falar de sua SCI e a admitir que sofre de seus sintomas perante o médico, e até é possível que fique em silêncio por muitos anos antes de procurar ajuda ou conselho.

Qual o impacto econômico da SCI?

- A SCI representa uma considerável carga sobre os recursos de saúde, mesmo que até 2/3 dos que sofrem dessa patologia não procurem orientação médica (6). A SCI e os problemos correlatos representam uma parte importante da carga de trabalho dos médicos de assistência primária e, no Reino Unido, tem-se informado que aproximadamente ¼ dos pacientes que são encaminhados aos gastroenterologistas possuem SCI (7).

- Não se dispõe de dados dos países europeus ou da América Latina, porém nos EUA estima-se que a SCI custe ao Serviço de Saúde um gasto de pelo menos US$ 8 bilhões por ano (8). Esta cifra compreende somente os gastos clínicos diretos e não incluem os destinados aos medicamentos, automedicação ou atenção doméstica. Por consegüinte, o custo real da SCI – incluindo os custos indiretos por perda de salário/produtividade – seria muito mais elevado.

- Os dados obtidos nos EUA sugerem que a SCI é a segunda causa mais freqüente de afastamento por doença, depois do resfriado comum (9).

Quais são os mecanismos que causam os sintomas da SCI?

Podem estar envolvidos vários fatores:

- Alteração da motilidade intestinal, em particular a motilidade colônica. Uma teoria explica que os "movimentos de massa" – contrações que aparecem de uma a três vezes por dia para expulsar o material fecal – podem provocar espasmos, causadores por sua vez, da dor abdominal, constipação ou diarréia.

- Hipersensibilidade visceral (hipersensibilidade dos órgãos abdominais). Os pacientes com SCI são mais sensíveis a distensão intestinal provocada pelos gases formados pela digestão após ingestão de alimentos ricos em gordura e fibra e em momentos de estresse (10). Este quadro aparece em aproximadamente 2/3 dos pacientes, em particular naqueles que sofrem de diarréia. As mudanças nos mecanismos periféricos ou centrais da sensação de dor podem ser os responsáveis.

- Inadaptação. O tônus intestinal e sua capacidade para adaptar-se à pressão do seu conteúdo afetam a sensibilidade visceral (11).

- Inflamação intestinal local. Tem-se sugerido que a infecção intestinal pode ser um dos fatores causais da SCI e em 30% das pessoas que apresentam SCI depois de uma gastroenterite intensa, acredita-se que pode ser um fator desencadeante (3).

O que desencadeia os sintomas da SCI? (3)

- Nos pacientes com SCI a função intestinal potencialmente anormal está sempre presente, que são mais sensíveis e reativos a uma série de estímulos que não afetariam as pessoas normais. Os desencadeantes da sintomatologia da SCI mais comuns são a dieta/estilo de vida e o estresse emocional.

- Os alimentos que podem alterar a função intestinal em pessoas susceptíveis são o chocolate, os derivados lácteos, os produtos com sorbitol como adoçante, o álcool, as gorduras e certos vegetais com feijão e ervilhas. Também alguns fármacos podem alterar a função intestinal, por exemplo, os opiáceos (presentes nos analgésicos, antitussígenos), os bloqueadores de canal de cálcio, os antidepressivos tricíclicos e o carbonato de cálcio.

- Também os hormônios sexuais podem desencadear a SCI: em um estudo, aproximadamente 50% das mulheres com SCI sofrem uma agudização perimenstrual dos sintomas (12). Pode-se guardar relação com a redução do tônus muscular do cólon mediado pela progesterona.

- O estresse e os transtornos psicológicos, por exemplo, ansiedade, pânico, depressão, abuso de substâncias, alterações alimentares, podem desencadear ou exacerbar a sintomatologia da SCI.

A SCI é um distúrbio psicossomático? (13)

- Embora – como ocorre com todos os transtornos funcionais – não se possa determinar uma causa física, a SCI não é certamente "algo imaginário". Os pacientes apresentam sinais mensuráveis e visíveis, como a função intestinal alterada e distensão abdominal, e sua dor e mal estar não são de maneira alguma imaginários. Entretanto, a associação entre transtornos gastrointestinais funcionais e fatores psicológicos é complexa, e os estudos em pacientes com SCI que recorrem a assistência médica revelam graus de neurose superior aos que não apresentam.

- A incidência de transtornos psicológicos, como ansiedade, fobia, somatização e paranóia é maior nos pacientes com SCI (aproximadamente em 50% em relação aos 15% da população geral). As situações estressantes e o estilo de vida podem piorar os sintomas (14). Entretanto, é provável que os transtornos psicológicos como a ansiedade e a depressão sejam reações perante a presença de uma enfermidade crônica e incapacitante, mais que fatores causais.

Como se diagnostica a SCI? (3)

- Apesar de sua grande prevalência, a SCI diagnostica-se e trata-se muito pouco, entretanto deve-se em parte aos pacientes que não procuram orientação médica, por vergonha ou por pensar que o problema é demasiadamente banal para incomodar o médico, e também por medo que seus sintomas sejam sinal de algo grave.

- O diagnóstico é difícil e é estabelecido descartando-se outros possíveis transtornos (por exemplo, colite ulcerativa, enfermidade de Crohn ou alterações inflamatórias do intestino) (6). Entretanto, o diagnóstico de SCI deve se basear também na história do paciente, quadro sintomático e resultados de exames cuidadosamente selecionados.

Como se trata a SCI? (3)

- O tratamento do paciente com SCI pode implicar na atividade de educação e reafirmação pessoal, conselhos dietéticos e do estilo de vida, terapia psicológica e tratamento medicamentoso.

- São muitas as pessoas que não procuram orientação médica e toleram os sintomas, tentando modificar a dieta e/ou mediante automedicação com produtos de "venda sem receita"ou outras terapias.

- As mudanças na dieta podem ajudar, particularmente nos caso dos alimentos ou bebidas que se tem demonstrado que pioram os sintomas, mas as evidências científicas do papel da dieta no tratamento da SCI são pequenas.

- Um terço dos pacientes procura terapias alternativas ou complementares, e mesmo que hoje se disponha de poucas informações para recomendá-las na SCI, alguns médicos podem usá-las aproveitando a grande resposta placebo observada com qualquer tratamento da SCI (3).

Referências Bibliográficas

1. Thompson, WG et al "Functional bowel disorders and functional abdominal pain" Gut, 1995, 45(Suppl II) 1143-1147.

2. Talley, NJ et al "Irritable Bowel Syndrome in a Community: Symptom Subgroups, Risk Factors, and Health Care Utilization" Amer.J.Epidemiol. 1995, 142, 76-83.

3. Heaton, KW & Thompson WG, in "Fast Facts – Irritable Bowel Syndrome" Publ. Health Press Ltd, Oxford, 1999.

4. Everhart, JE & Renault, PF "Irritable Bowel Syndrome in the United States" Gastroenterology 1988, 95, 701-8.

5. Thompson, S & Dancey, CP "Symptoms of irritable bowel syndrome in school children: prevalence and psychosocial effects" J.Pediat.Health Care,1996,10,280-5.

6. Jones, R & Lydeard, S "Irritable bowel syndrome in the general population" Brit.Med.J. 1992, 304, 87-90.

7. Harvey, RF & Read, AE "Organic and functional disorders in 2000 gastroenterology outpatients" Lancet, 1983, i, 632-4.

8. Talley, NJ et al "Medical costs in community subjects with IBS" Gastroenterology, 1995, 109, 1736-41.

9. Schuster, MM "Diagnosis Evaluation of the Irritable Bowel Syndrome" Gastroenterology. Clinics N.Amer., 1991, 20, No.2, 269-78.

10. Prior, A et al "Anorectal manometry in irritable bowel syndrome: differences between diarrhoea and constipation predominant subjects" Gut, 1990, 31, 458-62.

11. Notivol, R et al "Gastric tone determines the sensitivity of the stomach to distention" Gastroenterology, 1995, 108, 330-6.

12. Moore, J. et al "Do gastrointestinal symptoms vary with the mestrual cycle?" Brit.J.Obstet.Gynaecol. 1998, 105, 1322-5.

13. Drossman, DA et al "Psychosocial factors in the irritable bowel syndrome. A multivariate study of patients and non-patients with irritable bowel syndrome" Gastroenterology, 1998, 95, 701-8.

14. Camilleri, M & Choi,M-G. "Review Article: irritable bowel syndrome" Alim.Pharmacol.Ther. 1997, 11,3-15.

15. Manning, AP et al "Towards positive diagnosis of the irritable bowel" Brit.Med.J. 1978,ii,653-4.

16. Thompson, WG et al "Irritable bowel syndrome: Guidelines for the diagnosis" Gastroenterology.Intl. 1980, 2, 92-5.

Data da Publicação: 16/02/2002

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