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Compreensão do processo da fala e seus distúrbios são estudados na USP.

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Um ditado popular muito comum no Brasil diz que “falar é fácil”. E parece mesmo algo muito simples, que fazemos automaticamente, sem pararmos para pensar na complexa estrutura que nos permite transformar pensamentos e idéias em sons. É justamente para tentar entender esse mecanismo que foi criado na USP o Laboratório de Investigação Fonoaudiológica da Fluência da Fala e do Processamento Motor da Fala (LIF). “Esse laboratório é o único do gênero no Brasil”, afirma Cláudia Regina Furquim de Andrade, coordenadora do LIF e também chefe do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Fofito) da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

Surgido em 1995, o LIF pesquisa como os atos motores que são programados no cérebro chegam à boca através da fala ou das chamadas funções oro-faciais – os movimentos da boca, como a mastigação e a deglutição. Hoje esses estudos são cada vez mais possíveis, segundo a professora Cláudia, graças ao avanço das técnicas de neuro-imagens e modelos computacionais, que permitem observar como o cérebro trabalha realizando determinada tarefa. “A idéia é compreender melhor como o que é planejado na nossa mente é executado pela boca”, explica.

Seguindo esse conceito, o laboratório desenvolve basicamente três linhas de pesquisa e atendimento à comunidade: fluência e gagueira, habilidade motora (em parceria com outros áreas, como a odontologia), e as chamadas atividades de função neuro-vegetativa (os atos de sugar, mastigar e engolir, por exemplo). Nesse último caso, o LIF atua no atendimento a pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas da USP e no Instituto do Coração (Incor).

Dependendo do tipo de intervenção médica e do tempo de internação, esses pacientes podem encontrar grandes dificuldades para engolir alimentos sólidos e mesmo água, explica Cláudia. “Esse ato de sugar, engolir é natural, automático. Quando a pessoa fica algum tempo sem executá-lo, vai perdendo essa habilidade. E se não há um fonoaudiólogo para acompanhar a recuperação da atividade de deglutir, a chance do paciente pegar pneumonia por conta da aspiração do alimento é muito grande”.

Gagueira subestimada

Das patologias associadas à fala, a gagueira é o distúrbio mais recorrente, afirma a coordenadora do LIF. “Nós temos um plano motor - um processo automático - no cérebro que faz com que a fala saia organizada, um som depois do outro, com uma organização de tempos e pausas. Quando esse automatismo não é bem ajustado, aparece a gagueira”. O distúrbio, cujas causas ainda não são totalmente conhecidas, é uma das principais queixas das pessoas que procuram atendimento no LIF. E, por incrível que pareça, é um também um dos que ainda é subestimado pela comunidade médica em geral, conta Cláudia.

Muitos profissionais, como psicólogos, médicos e os próprios fonoaudiólogos ainda têm preconceito, acham que é algo menor, simplesmente não estudam a gagueira e, portanto, não sabem como lidar com ela. Se reconhecessem isso, já seria uma grande coisa. O problema é que eles inventam muitos tratamentos alternativos”, diz a professora. Para ela, falta a percepção de que a gagueira é uma patologia crônica de origem genética que exige acompanhamento pelo resto da vida. “Muitos pacientes que chegam até nós não precisariam procurar a rede pública, porque têm condição financeira; porém, eles vêm pelo fato de que não há profissionais suficientemente capacitados na rede médica como um todo”.

Diante desse quadro, um dos principais desafios para o LIF, segundo a professora Cláudia, é justamente lutar para que a Fonoaudiologia seja uma ciência cada vez mais consistente. “Na sociedade, ainda impera um grande ensaísmo. O 'qualquer coisa serve' é ainda muito forte. Só para se ter uma idéia, 40% dos pacientes que chegam até aqui já passaram pelos tratamentos mais arbitrários e não-científicos que se possa imaginar”. Um garoto gago atendido atendido pela própria pesquisadora fora tratado por uma fonoaudióloga durante dois anos através de massagens no pé e mudanças na alimentação. “Ela não era nutricionista e suspendeu da dieta da criança refrigerantes e salgadinhos. Isso mostra como muitos fonoaudiólogos não estão preparados para atendimentos mais sofisticados e o quanto precisamos melhorar”.

Texto: Francisco Angelo
Fonte: USP Online

Data da Publicação: 01/08/2008

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