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Novo método reverte processo de obstrução de artérias.

Projeto de pesquisa realizado no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP desenvolveu um tratamento para combater a arteriosclerose - principal causa de enfartos do coração. Segundo os pesquisadores, trata-se de uma arma com grande potencial para reverter as lesões na parede da artéria que acabam levando à sua obstrução - o que dificulta ou impede o transporte de sangue até as células. Nos casos em que são atingidas as artérias coronárias, que abastecem de oxigênio e nutrientes o músculo cardíaco, o órgão pode parar de bater.

A fórmula alia um medicamento famoso no tratamento de câncer, o taxol, que atua bloqueando a proliferação de células, a uma partícula sintética chamada LDE, que torna a administração de medicamentos mais eficiente. "Esse meio de transporte concentra taxol até três vezes mais na lesão do que se ele fosse injetado diretamente na corrente sangüínea, além de eliminar sua toxidade e possíveis efeitos colaterais", afirma o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP Raul Maranhão, coordenador da pesquisa e criador da partícula.

Diabetes, obesidade, colesterol alto, hábito de fumar, sedentarismo, estresse e herança genética são alguns dos fatores de risco que podem causar lesões nas artérias e, a partir delas, desencadear um processo de multiplicação celular, inflamação e acúmulo de gordura. O resultado disso é a formação de uma placa que, ao crescer, pode obstruir e dificultar a passagem do sangue - causando angina, caracterizada por dores no peito. Se essa placa se romper e produzir coágulos sanguíneos, a irrigação sangüínea para a coração pode ser subitamente cortada, provocando o infarto de miocárdio. "Este é um quadro grave que pode ser fatal", afirma Maranhão.

Cobaias

A bateria de testes para o novo método foi composta de dois grupos de dez coelhos, número suficiente para garantir os resultados da pesquisa. Todos os animais receberam dieta rica em colesterol durante dois meses, para que desenvolvessem rapidamente a arteriosclerose. "A taxa de colesterol no sangue desses animais foi de 50 ou 60 miligramas por decilitro (mg/dl), que é o nível normal nesta espécie, para aproximadamente 900 mg/dl", diz o pesquisador.

Passado um mês, o "grupo um" recebeu injeções de LDE com taxol e o "grupo dois" apenas soro fisiológico injetado em sua corrente sangüínea. Após dois meses, os coelhos foram sacrificados e as lesões na aorta foram quantificadas. O pesquisador explica que essa artéria foi escolhida por ser mais fácil de identificar e analisar. "Os coelhos do segundo grupo desenvolveram a doença de forma intensa, enquanto os do primeiro mostraram uma diminuição drástica das lesões, da ordem de 70%", afirma.

Maranhão ressalta que a alta taxa de colesterol dos coelhos foi mantida mesmo com as injeções de taxol-LDE. Isso mostra que os resultados alcançados estão relacionados à ação do procedimento sobre a multiplicação celular e não a uma diminuição dos altos valores de colesterol no sangue que causaram a doença nos animais. Além disso, o pesquisador aponta que, graças ao transporte na LDE, a toxidade do tratamento foi zero. "Nós temos uma arma que pode ser muito poderosa para combater processos mais avançados de doença cardíaca", afirma.

A comissão de ética do HC já aprovou o projeto para que se iniciem os estudos clínicos. "Há perspectiva de que esse seja um tratamento concreto e de alta potência contra a doença coronária", avalia Maranhão.

Sobre a LDE

A LDL, partícula transportadora de colesterol, existe naturalmente no organismo na proporção de bilhões por centímetro cúbico (cm) de sangue. Ela é "atraída" para as células por meio de receptores, estruturas que possuem a "fechadura" exata para o formato da "chave" da LDL. As células envolvidas no desenvolvimento da arteriosclerose precisam dos lípides que a partícula carrega para se proliferarem.

Em 1993, a equipe de Maranhão conseguiu construir a LDE, um verdadeiro "cavalo de tróia" de apenas 50 ou 60 nanômetros (escala de medida que equivale à bilionésima parte do metro). Ela é identificada pelas células como a LDL natural, mas carrega medicamentos no lugar de colesterol. Dessa forma, a partícula funciona como um "pacote" endereçado às células que interessam, possibilitando um acesso mais direto e eficaz a elas. O sistema foi utilizado primeiramente no combate ao câncer e os resultados apontam um tratamento mais eficiente e com menor toxidade que o convencional.

"Com essa tecnologia, tem-se a chave da porta da célula", afirma Maranhão. O trabalho, pioneiro na área de Nanotecnologia, foi inteiramente realizado no Brasil e patenteado pelo Departamento de Comércio dos EUA.

Texto: Aline Moraes
Fonte: Agência USP

Data da Publicação: 18/10/2006

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