Musculação - Ponto de Vista Potência Muscular
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Professor:
Vandeir Gonçalves Silva
Membro do Gease
Professor Academia Malhart
Personal Trainer
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O treinamento desportivo é um
conjunto de variáveis distintas que se associam para melhorar a performance de
um movimento específico ou de um conjunto de movimentos. Podendo, dentro do
mundo da competição esportiva, fazer a diferença e tornar um indivíduo campeão.
Sendo assim se faz necessário por parte dos treinadores / professores que atuam
direta e indiretamente no processo de desenvolvimento de um atleta, o
conhecimento científico real das capacidades desportivas a serem trabalhadas e
qual a melhor possibilidade de favorecimento deste complexo processo.
Entre as valências físicas a
serem trabalhadas, no treinamento desportivo, a potência muscular é para alguns
esportes a mais importante, e talvez a que gere maior controvérsia e/ou dúvida
em sua definição, desenvolvimento e formas de treinamento.
Este texto possui como intenção
fomentar a discussão sobre potência muscular à luz de conceitos vigentes no
treinamento desportivo.
Definição
Segundo FLECK & KRAEMER (1999),
"potência é a velocidade em que se desempenha o trabalho". Já para ZATSIORSKY
(1999), "potência é a força dividida pela unidade de tempo".
Seguindo estas definições,
várias formas de potência (que na verdade seguem o mesmo princípio) podem ser
sugeridas dentro de determinados contextos e necessidades específicas como por
exemplo: potência aeróbia, potência anaeróbia (lática e alática), potência
muscular, potência explosiva, onde caberá analisar cada movimento e/ou esporte
para seguir o princípio da especificidade e fazer uso da potência adaptada a sua
condição ótima em cada caso.
Desenvolvimento da Potência
Já que a potência envolve um
componente de força, e um de velocidade, fica fácil observar que maximizando a
força e/ou a velocidade, aumenta-se à potência. Talvez aí comecem alguns erros
na hora de se tomarem decisões a respeito de como se desenvolver e treinar
potência. Além disto, aparentemente a ciência é pouco clara em definir qual
destes dois componentes influencia mais no desenvolvimento da potência.
A esse respeito, tentando
facilitar o processo didático, introduziremos um outro conceito, o conceito de
velocidade de desenvolvimento de força (VDF), ou taxa de desenvolvimento de
força, mostrando novamente que em uma ação muscular potente, o músculo deve
exercer tanta força o quanto possível em um curto período de tempo. Porém não é
correto afirmar que necessariamente um músculo que desenvolva mais força, é um
músculo mais potente, uma vez que a análise de mais de uma característica é
necessária para esta afirmativa.
O treinamento de força usando
cargas altas e baixa velocidade na fase concêntrica leva a uma melhora na força
máxima, porém com ganhos reduzidos em outros padrões de velocidade (FLECK &
KRAEMER, 1999; ZATSIORSKY, 1999). Assim a VDF pode explicar em parte porque
muitas vezes o treinamento de força isoladamente não aumenta o desempenho da
potência, sendo necessária a combinação de mais de uma valência, a serem
treinadas de forma conjunta. Os meios para isto são muitos e variados dentro da
literatura, porém todos devem passar por princípios semelhantes.
Treinamento
FARINATTI (2000) coloca que
para se gerar força, é necessário se extrapolar o limiar de despolarização das
células musculares através de uma estimulação suficiente. A chegada constante de
novos estímulos (somação), de modo a diminuir o período disparo-reação (período
de latência) seria a conseqüência do desenvolvimento da força.
Todos os autores consultados
neste trabalho concordam que para se desenvolver potência, o atleta pouco
experiente em treinamento de força, deve passar por um trabalho de força como
pré-requisito, que pode variar de alguns meses até alguns anos.
Segundo ZATSIORSKY, (1999), é
impossível para o atleta gerar grandes taxas de força em movimentos rápidos, não
sendo capaz de gerar força similar ou mesmo superior em movimentos mais lentos.
Da mesma forma parece ser consenso a afirmativa de que a relação
força-hipertrofia não é necessariamente linear. Apesar de normalmente ocorrer
aumento na seção transversa do músculo como conseqüência do treinamento de força
ou de potência, as especificidades de objetivos são diferentes, o que leva a
adaptações também diferentes.
No começo do trabalho de força,
o atleta não experiente neste tipo de treinamento, apresenta uma melhora na
performance, uma vez que seu caráter de treinabilidade é alto. Como regra geral,
quanto menos treinado é um indivíduo, mais treinável ele será. Já em atletas
experientes, o treinamento de força por si só pode ser insuficiente ou pouco
expressivo para se melhorar a potência, dependendo da especificidade do
trabalho.
A fisiologia humana,
entretanto, é dotada de um complexo sistema de preservação funcional que deve
ser levada em consideração. Por exemplo, um supino feito em grande velocidade
com o intuito de se melhorar o componente de velocidade e assim influenciar na
potência pode ser contrapoducende. O aumento na freqüência do impulso neural
provavelmente resultará em adaptações que colaboraram para uma melhora na
performance, apesar de não se saber claramente se um aumento na velocidade do
movimento se dá por um encurtamento mais rápido da fibra muscular, ou pelo
impulso neural mais rápido (FLECK & KRAEMER, 1999). Contudo na fase final deste
movimento os mecanismos protetores neurais se acionam, ativando os músculos
antagonistas ao movimento, reduzindo sua potência e velocidade de aceleração com
o intuito de proteger a articulação.
Para se evitar este
inconveniente, o uso do treinamento pliométrico ou com ciclo de movimento
estende-flexiona resulta em grande aumento da estimulação neural, com um mínimo
de inibição ou ativação antagonista. O uso de instrumentos auxiliares como o
medicine ball também podem ser indicados (FLECK & KRAEMER, 1999), além de
aparelhos isocinéticos (ZATSIORSKY, 1999).
EBBEN (2002) publicou um artigo
de revisão sobre a utilização do treinamento pliométrico conjuntamente como
treinamento com pesos, apontando este tipo de treinamento (chamado "complex
trainning") como uma excelente forma de se desenvolver potência em atletas
treinados.
O treinamento de potência deve
ser o mais específico possível. Os músculos atuantes devem ser os mesmos
daqueles usados durante o exercício esportivo, e até mesmo a resistência deste
exercício deve ser imitada sem, entretanto, exceder o nível no qual o padrão
motor seja substancialmente alterado (ZATSIORSKY, 1999), evitando a criação de
"maus hábitos motores" potencialmente transferíveis para a realidade esportiva.
Agora falando sobre treinamento
aeróbico, um estudo desenvolvido pela universidade de Málaga na Espanha,
encontrou melhora na potência de membros inferiores através desse tipo de
trabalho que foi quantificado por meio de uma bateria de testes. Entretanto,
algumas ressalvas devem ser feitas em relação a este estudo. O "n" era composto
de estudantes universitários de educação física, provavelmente ativos e com um
bom condicionamento aeróbio inicial que foi melhorado no pós-teste. Outro fator
interessante é que o treinamento não era composto apenas de atividades
contínuas, mas também de atividades intervaladas e de velocidades progressivas.
Outros autores como FRANCHINI
(2001) chamam a atenção para um desenvolvimento prejudicial de força
concomitante ao treinamento aeróbio. Acrescenta-se também a esta idéia o
conseqüente aumento no volume de treinamento para o atleta envolvido.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FLECK, Steven J. & KRAEMER, Willian J.; Fundamentos do Treinamento de Força
Muscular. Editora Artmed, 1999.
ZATSIORSKY, Vladimir M.; Ciência e Prática do
Treinamento de Força. Phorte editora, 1999.
FARINATTI, Paulo de Tarso Veras & MONTEIRO,
Walace David; Fisiologia e Avaliação Funcional. Editora Sprint, 2000.
FRANCHINI, Emerson; Judô Desempenho
Competitivo. Editora manole, 2001.
GARCÍA, José Carlos Fernández; MINGUET, José
Luiz Chinchilla; ESCAÑO, Francisco Montoro; ESCAÑO, Jorge Montoro; Efectos del
Trabajo Aeróbico em la Fuerza Explosiva de las Extremidades Inferiores.
Efdeportes.com (revista digital) Nº 62 julio de 2003.
EBBEN, Willian P.; Complex
trainning: A brief review. Journal of Sports Science & Medicine. Vol. 1 2002.
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