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Tuberculose

A tuberculose esteve presente durante todo o desenvolvimento da história humana. Mas somente na segunda metade do século XIX foi possível conhecer o micróbio causador da doença, o Mycobacterium tuberculosis, isolado em 1882 pelo pesquisador alemão Robert Koch. Por isso o bacilo da tuberculose ficou conhecido como bacilo de Koch (BK). Sessenta e dois anos depois, em 1944, foram descobertos os primeiros medicamentos capazes de eliminar o bacilo da tuberculose.

A tuberculose usualmente ataca os pulmões, causando uma condição conhecida como tuberculose pulmonar. As células do sistema imune tentam destruir o germe agressor, mas usualmente não podem destruir todos. O bacilo causa escavação nos pulmões, mas pode também afetar a coluna, arcos costais e parte do corpo. É uma das principais doenças e causadora de altos índices de morbidade e mortalidade no mundo, especialmente em países em desenvolvimento. O incremento da pandemia da AIDS e sua associação com a tuberculose, bem como o aparecimento de cepas de M. tuberculosis multidroga resistentes, entre outras causas, tem provocado um grande alerta mundial para o combate à enfermidade.

A maior parte dos nossos medos em relação à tuberculose se devem à falta de informação que ainda temos sobre as questões de saúde de modo geral.

Histórico

Existem evidências de tuberculose desde os tempos pré-históricos, encontradas em múmias do antigo Egito e, mais recentemente, numa múmia pré-colombiana no Peru. Com o desconhecimento do agente causador, vários métodos de tratamento foram tentados, até que, em 1882, Roberto Koch descobriu o bacilo da tuberculose, que tomou o seu nome e hoje é conhecido como Mycobacterium tuberculosis. Vários tratamentos, como certos climas, sanatórios, colapsoterapia (especialmente o pneumotórax terapêutico) descoberto por Forlanini, sais de ouro, de cobre e outros falharam, assim como o uso da tuberculina, descoberta pelo próprio Roberto Koch, que chegou a anunciar a sua descoberta como cura definitiva. A Tuberculose prosseguiu a sua caminhada mortífera e nos séculos 17 e 18 levava uma entre cinco vidas.

Quando foram descobertas as primeiras drogas eficientes, o bacilo da tuberculose já tinha armas de defesa bem desenvolvidas. Por ironia do destino, os descobridores navegantes que trouxeram a doença para o nosso continente foram vingados pelos índios que os ensinaram a fumar, matando-os de enfisema, bronquite, câncer de pulmão e enfarto do miocárdio.

Nos tempos atuais a tuberculose já atingiu o número de 10 milhões de casos novos por ano, 3 milhões de mortes por ano, sendo 18,5% de adultos entre 15 e 59 anos, na fase mais produtiva da população mundial. Cerca da metade dos doentes nunca teve tratamento. Um terço da população mundial está infectada com o bacilo de Koch e, portanto, com maior risco de adoecer por reativação e por infecção exógena. Entre 1850 e 1950 um bilhão de pessoas morreram de tuberculose. Entre 1990 e 1999, 300 milhões de pessoas serão infectadas, 90 milhões de novos casos da doença aparecerão e 30 milhões morrerão. Mais pessoas morreram de tuberculose em 1996 do que em qualquer ano da história.

Por isto, diz Styblo: a tuberculose é um escândalo (por causa destes números alarmantes), é um paradoxo (pois temos todas as armas para combatê-la, prevení-la, diagnosticá-la, tratá-la e curá-la, e não conseguimos vencê-la) e é um dilema (pois não sabemos se devemos empregar dinheiro para tratá-la ou melhorar as condições de vida dos seres humanos, especialmente em certos países). Parece, entretanto, que não queremos erradicá-la. Por que isto acontece? Por falta de colaboração, pela negligência, por desconhecimento dos problemas da tuberculose, deficiências das instituições, além da não cooperação de pacientes que leva ao abandono. Todos somos culpados, e não só os doentes: as comunidades, os médicos, outros profissionais de saúde, empresas farmacêuticas produtoras de drogas, os governos, a imprensa, agências de desenvolvimento internacional e a Organização Mundial de Saúde. Se todos cumprissem a sua parte, tudo seria diferente.

Recentemente o vírus Ebola matou 245 pessoas, 12.000 vezes menos do que a tuberculose mata cada ano, mas a imprensa fez uma imensa cobertura mundial. Em outras doenças como diabetes, hipertensão, pneumonia, infarto do miocárdio e outras, se o doente não colabora, o problema ou a tragédia é dele. Na tuberculose, porém, o mau tratamento, além de não curar, não mata o doente logo, produz a resistência bacteriana, que mantém a disseminação da doença em formas mais difíceis de tratar. Alguns recém-formados na Grã Bretanha, por exemplo, nunca viram um caso de tuberculose, como os nossos jovens nunca viram um caso de varíola.

A indústria farmacêutica tem pouco interesse em descobrir novas drogas, pois provavelmente não darão lucro, pois os doentes de tuberculose são geralmente pobres e sem condições. Os Governos e os políticos não se importam com o problema, pois o desconhecem ou fingem ignorá-lo. Reichman afirma que no estado da Pensilvânia foram fechados 60 postos de saúde pública e entregues a uma empresa de planos de saúde; no Tennessee só davam isoniazida e rifampicina, quando a recomendação nos EUA é de dar 4 drogas. As autoridades diziam que os doentes tinham que colaborar e comprar as outras drogas; em Oakland, na California, com taxas de elevação da tuberculose, o diretor da saúde pública não entendia nada de saúde pública e muito menos de tuberculose.

A ONU já publicou que a tuberculose era e ainda é uma "emergência global", mas admitiu que as verbas para o controle da doença não são satisfatórias. Felizmente, este quadro está mudando. A epidemia de AIDS (onde a tuberculose é uma das mais freqüentes complicações), a imigração para os EUA de povos onde a tuberculose é prevalente, com formas e resistência bacteriana (provocando a MDR - multi-drug resistance), foram outros fatores. Sumartojo fez um inquérito nos EUA com 3.600 médicos e mostrou que apenas 75% estava ciente de qualquer tratamento para a tuberculose e só 50% sabia receitar esquemas de combate.

Alguns métodos de diagnóstico, modernos mas caros, estão sendo tentados, como o BACTEC, a PCR, a hibridização do DNA e outros. Mas nos países pobres o exame principal é a baciloscopia, que dá resultados úteis, mas não definitivos. Quando um doente bacilífero é diagnosticado, ele já infectou de 12 a 15 pessoas por ano em que não foi diagnosticado.

O tratamento usado no Brasil, gratuito em todo o país, é altamente eficaz. As drogas não faltam, os doentes colaboram e existem todas as condições explicadas anteriormente neste artigo. O Brasil enfrenta todos estes problemas e seus parâmetros mostram mortalidade de 6.000/ano, incidência de 57/100.000 (cerca de 95.000 casos/ano), risco de infecção de 0,8% (de avaliação precária, pela vacinação em massa com BCG na primeira infância, e revacinação aos 6/7 anos).

Quando aparece a resistência bacteriana o caso fica mais difícil de resolver, especialmente se a resistência é a várias drogas. As novas drogas (derivados da rifamicina - rifabutina, rifampentina - quinolonas e outras em estudo) ainda são de difícil aplicação, pois têm um alto custo. Em alguns casos, a cirurgia exerética tem sido aplicada em centros especializados.

Bloom e Murray disseram que o herói da luta contra a tuberculose é a UNION CONTRE LA TUBERCULOSE ET MALADIES RESPIRATOIRES. Com um orçamento de 4 milhões anuais, estabeleceu programas de controle que descobriram dois terços de todos os casos, tratou 65.000 doentes e obteve cifras de cura de 80 a 85% em sete países em desenvolvimento.

Sintomas e diagnóstico

Exame bacteriológico. A pesquisa bacteriológica é o método mais importante, tanto para o diagnóstico como para o controle de tratamento e será utilizado na ordem de prioridade abaixo detalhada.

1. Exame microscópico direto do escarro.

A baciloscopia direta do escarro é o método prioritário, porque permite descobrir as fontes mais importantes de infecção: os casos bacilíferos. Por ser um método simples e seguro, é praticado em todos os serviços de saúde que disponham de laboratório.

2. Cultura do bacilo de Koch
A cultura é indicada para os suspeitos de tuberculose pulmonar persistentemente negativos ao exame direto e para o diagnóstico de formas extrapulmonares, como meníngea, renal, pleural, óssea e ganglionar. Também está indicada a solicitação desse exame nos casos de suspeita de resistência bacteriana às drogas, acompanhado do teste de sensibilidade. Nos casos de micobactérias, além da cultura deverá ser solicitada a tipificação do bacilo.

3. Exame radiológico
Para o diagnóstico de tuberculose, o exame radiológico será utilizado nos seguintes casos:

  • sintomáticos respiratórios negativos à baciloscopia direta;
  • comunicantes de todas as idades sem sintomatologia respiratória;
  • suspeito de tuberculose extrapulmonar; e
  • portadores do HIV ou pacientes com AIDS.

O exame radiológico nesses grupos permite a seleção de portadores de imagens suspeitas de tuberculose, sendo indispensável submetê-los a exame bacteriológico para se fazer um correto diagnóstico, já que não é aceitável, exceto em crianças, o diagnóstico de tuberculose pulmonar sem investigação do agente causal pela bacteriologia.

Em suspeitos radiológicos de tuberculose pulmonar com baciloscopia direta negativa, deve-se afastar a possibilidade de outras etiologias, recomendando-se, quando possível, a cultura para bacilo de Koch. O exame radiológico tem, ainda, importante papel na diferenciação de formas de tuberculose de apresentação atípica e no diagnóstico de outras pneumopatias entre os pacientes com AIDS. No diagnóstico de probabilidade, deve-se levar em conta que o erro causa atraso na identificação da verdadeira doença, acarretando ao doente sofrimento físico, psicológico, econômico e social. Não se justifica, como rotina, o emprego do exame radiológico fora dos grupos acima mencionados. Os resultados dos exames radiológicos deverão obedecer à seguinte classificação:

  • Normal - os que apresentam ausência de imagens patológicas nos campos pulmonares.
  • Seqüela - os que apresentam imagem sugestiva de lesões cicatriciais.
  • Suspeito - os que apresentam imagem sugestiva de processo tuberculoso ativo.
  • Outras doenças - os que apresentam imagem sugestiva de pneumopatia não tuberculosa.

4. Outros métodos

Prova tuberculínica - Indicado como método auxiliar de diagnóstico da tuberculose em pessoas não vacinadas com BCG. A prova tuberculínica positiva, isoladamente, indica apenas infecção e não basta para o diagnóstico da tuberculose doença. A tuberculina usada é o PPD RT23, aplicada por via intradérmica no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1 ml, equivalente a 2 UT (unidades de tuberculina), cujo resultado guarda equivalência com 5 UT de PPD-S, utilizada em alguns países. O resultado é registrado seguindo a seguinte classificação:

  • não reator - indivíduo não infectado pelo bacilo da tuberculose ou analérgico;
  • reator fraco - indivíduo infectado pelo bacilo da tuberculose ou por outras micobactérias;
  • reator forte - indivíduo infectado pelo bacilo da tuberculose, que pode estar doente ou não.

Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos à prova tuberculínica.

Embora não constituam contra-indicações, algumas causas podem interferir no resultado das provas tuberculínicas, como por exemplo:

  • portadores de doenças imunodepressoras;
  • vacinações recentes com vírus vivos, atenuados; gravidez;
  • dermatoses;
  • caquexia;
  • sarcoidose;
  • tratamento recente com corticosteróides;
  • crianças com menos de dois meses de vida;
  • idade avançada.

Nos indivíduos que receberam BCG, sobretudo nos imunizados há até 3 anos, a prova tuberculínica pode perder seu valor. Nos casos de suspeita de tuberculose extrapulmonar, além da bacteriologia, radiologia e prova tuberculínica, utilizam-se também métodos anátomo-patológicos, citológicos, sorológicos, bioquímicos e de biologia molecular. Esses exames podem ser realizados em alguns serviços de saúde e nos centros de referência.

Atualmente, são conhecidos novos meios diagnósticos para confirmação da tuberculose, com base em técnicas imunológicas e não imunológicas, que requerem tecnologia sofisticada e recursos elevados.

Classificação dos doentes de tuberculose pulmonar

  • Tuberculose Pulmonar Positiva - quando apresentam:
  • duas baciloscopias diretas positivas;
  • uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva;
  • uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose ou
  • duas ou mais baciloscopias negativas e cultura positiva.
  • Tuberculose Pulmonar Negativa - quando apresentam:
  • duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica suspeita e achados clínicos ou outros exames complementares que permitam ao médico efetuar um diagnóstico de tuberculose.

A tuberculose extrapulmonar será classificada segundo a localização: pleural, ganglionar periférica, ósteo-articular, gênito-urinária, meningo-encefálica e outras, com base em resultado bacteriológico ou achados clínicos, radiológicos e histopatológicos que permitam ao médico diagnosticar tuberculose.

Quando suspeitar de Tuberculose

A presença dos sintomas a seguir pode ser a primeira manifestação da tuberculose. Não espere mais, procure seu médico ou o posto de saúde mais próximo.

  • Tosse.
  • Catarro (amarelo, esverdeado); o catarro pode conter sangue.
  • Falta de apetite.
  • Emagrecimento.
  • Febre.
  • Suores noturnos.
  • SIndisposição, mal estar.

"Sempre que a tosse e o catarro durarem mais de 4 semanas, pensar que pode ser tuberculose."

O que fazer?

  • Procurar um posto de saúde ou
  • Procurar o seu médico ou
  • Procurar um médico clínico; se possível, um pneumologista.

Serão realizados os exames necessários. Se o exame do escarro for positivo será suficiente para a confirmação do diagnóstico. Se necessário e possível também será feita radiografia do tórax e outros exames (de sangue, etc.).

Sendo o diagnóstico confirmado, geralmente pelo exame do catarro (isto é, encontrando-se o bacilo causador da tuberculose - o bacilo de Koch), o tratamento deve ser feito com esquema padronizado de remédios fornecidos nos postos de saúde das Secretarias da Saúde do Município ou do Estado. Os remédios não custam nada ao paciente.

Observações importantes

O tratamento deve ser feito regularmente, durante 6 meses.Quem usa os remédios corretamente cura sempre! Durante o tratamento, o doente pode levar uma vida normal. Pode trabalhar, pode estudar. Deve alimentar-se normalmente; não é necessário nenhuma super-dieta! Lembrar que a tuberculose é uma doença contagiosa, e que quem convive com um doente deve ser avaliado, pois pode também ter adquirido a doença.

Diagnóstico da tuberculose infantil

Na criança, quando não houver confirmação bacteriológica por exame direto ou cultura, deve-se utilizar todos os meios que possam permitir o diagnóstico, dentro de um critério clínico individual, como história epidemiológica, quadro clínico-radiológico, prova tuberculínica e outros. Quando, na unidade que atende à criança, houver carência de recursos para o diagnóstico, o caso deve ser encaminhado a um centro de referência que conte com serviço especializado. Tratamento

A tuberculose é uma doença grave, porém curável em praticamente 100% dos casos novos, desde que obedecidos os princípios da quimioterapia moderna. A associação medicamentosa adequada e seu uso regular, por tempo suficiente, são os meios necessários para evitar a resistência e a persistência bacterianas. O tratamento correto dos bacilíferos é a atividade prioritária de controle da tuberculose, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção.

Compete aos serviços de saúde proverem os meios necessários para garantir que todo indivíduo com diagnóstico de tuberculose possa ser adequadamente tratado.

Regime de tratamento O tratamento será desenvolvido em regime ambulatorial. A hospitalização é admitida somente em casos especiais e de acordo com as seguintes prioridades:

  • meningite tuberculosa;
  • indicações cirúrgicas em decorrência da tuberculose;
  • complicações graves da tuberculose;
  • intolerância medicamentosa incontrolável em ambulatório;
  • intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas graves;
  • estado geral que não permita tratamento em ambulatório e
  • em casos sociais, como ausência de residência fixa ou grupos especiais com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento ou falência.

O período de internação deve ser reduzido ao mínimo possível, suficiente apenas para atender às razões que determinaram sua indicação, independentemente do resultado do exame bacteriológico, procurando não estendê-lo além da primeira fase do tratamento.

Prevenção (Vacina BCG)

BCG, sigla decorrente da expressão Bacilo de Calmette-Guérin, é o nome da vacina antituberculosa preparada com uma subcepa derivada de uma cepa de Mycobacterium bovis, atenuada por repicagens sucessivas. Estudos evidenciam que, em crianças, a aplicação do BCG diminui a incidência de formas graves de tuberculose, como a meníngea e a miliar.

Dose e administração da vacina

A vacina BCG será administrada sem prova tuberculínica prévia, na dose de 0,1 ml. No Brasil, a vacina BCG é prioritariamente indicada para as crianças da faixa etária de 0 a 4 anos, sendo obrigatória para crianças menores de um ano, como dispõe a Portaria nº 452, de 06/12/76, do Ministério da Saúde.

Recomenda-se vacinar:

  • os recém-nascidos, sempre que possível nas maternidades, desde que tenham peso igual ou superior a 2 kg e sem intercorrências clínicas;
  • os recém-nascidos e crianças soropositivas para HIV ou filhos de mães com AIDS, desde que não apresentem os sintomas dessa síndrome. Os vacinados nessas condições deverão ser acompanhados pela vigilância epidemiológica nas unidades de referência para AIDS e
  • trabalhadores de saúde não reatores à prova tuberculínica que atendem, habitualmente, tuberculose e AIDS.

Recomenda-se revacinar

Todas as crianças em idade escolar, por volta dos 6 anos de idade, independente de ter ou não cicatriz vacinal. A vacina BCG pode ser simultaneamente aplicada com outras vacinas, mesmo com as de vírus vivos.

Recomenda-se o adiamento da aplicação da vacina nos seguintes casos:

  • peso ao nascer inferior a 2 kg;
  • reações dermatológicas na àrea de aplicação;
  • doenças graves; e
  • uso de drogas imunossupressoras.

Nota: Há contra-indicação absoluta para aplicar a vacina BCG nos portadores de imunodeficiências congênitas ou adquiridas.

Evolução da lesão vacinal e conduta.

A vacina BCG não provoca reações gerais, tais como febre ou mal-estar. Normalmente, nos menores de um ano, grupo prioritário, a reação local da vacina é de evolução lenta e benigna, variando de indivíduo para indivíduo. Desde que a injeção intradérmica seja corretamente aplicada, a lesão vacinal evolui da seguinte forma:

  • em torno da 2ª semana, palpa-se uma zona endurecida cujas dimensões variam entre 3 a 9 mm;
  • da 5ª a 8ª semana o centro dessa lesão amolece, formando uma crosta mais evidente;
  • quando essa crosta cai, deixa em seu local uma úlcera de cerca de 2 a 6 mm de diâmetro, que se cura lentamente, entre a 8ª e 13ª semanas, deixando como resultado uma cicatriz plana, com diâmetro de 3 a 7 mm. Em alguns casos, essa cicatrização é mais demorada, podendo prolongar-se até o 4º mês e, raramente, além do 6º mês.

Não se deve, no entanto, colocar qualquer medicamento nem cobrir a úlcera resultante da lesão de evolução normal, apenas mantê-la limpa, usando água e sabão.

O enfartamento ganglionar axilar, não supurado, pode ocorrer durante a evolução normal da lesão vacinal, desaparecendo espontaneamente, sem necessidade de tratamento. As complicações da vacina BCG, aplicada por via intradérmica, são pouco freqüentes. A maior parte resulta de técnica imperfeita, como aplicação profunda (subcutânea), inoculação de dose excessiva ou contaminação. As complicações mais comuns são abcessos no local da aplicação, úlcera de tamanho exagerado e gânglios flutuantes e fistulizados.

O tratamento dessas complicações é feito com Isoniazida, na dosagem de 10 mg/kg de peso (até, no máximo, 400 mg), diariamente, até a regressão da lesão, o que ocorre, em geral, em torno de 45 dias. Os abcessos frios e os gânglios enfartados podem ser puncionados quando flutuantes, mas não devem ser incisados. Na prática de saúde pública, têm sido raras as complicações decorrentes da aplicação de BCG.

A cicatriz quelóide pode ocorrer em indivíduos com propensão genética, independentemente da técnica de aplicação. Seu aparecimento é mais freqüente em pessoas já infectadas ou naquelas revacinadas. Outras complicações, como lupus vulgaris e osteomielite, são raras, não havendo registro de ocorrência no Brasil. Lesões generalizadas são ainda mais raras e, em geral, associadas à deficiência imunológica.

Quimioprofilaxia.

A quimioprofilaxia da tuberculose consiste na administração de Isoniazida em pessoas infectadas pelo bacilo (quimioprofilaxia secundária) ou não (quimioprofilaxia primária), na dosagem de 10 mg/kg de peso (até 400 mg), diariamente, durante 6 meses.

Quando a quimioprofilaxia é indicada:

  • Comunicantes de bacilíferos, menores de 5 anos, não vacinados com BCG, reatores à prova tuberculínica, com exame radiológico normal e sem sintomatologia clínica compatível com tuberculose.
  • Recém-nascidos coabitantes de foco bacilífero. Nesses casos a Isoniazida é administrada por três meses e, após esse período, aplica-se o PPD. Se a criança for reatora, a quimioprofilaxia deve ser mantida até o 6º mês; se não, interrompe-se o uso da Isoniazida e vacina-se com BCG.
  • Indivíduos soropositivos para HIV, nos seguintes casos:
  • comunicantes intradomiciliares ou institucionais de pacientes bacilíferos, independentemente de prova tuberculínica;
  • reatores ao PPD (induração de 5 mm ou mais) e, assintomáticos;
  • não reatores ao PPD (induração menor de 5 mm) com CD4 menor que 350 células/ mm3 ou linfócitos totais menor que 1000 células/mm3; e
  • portadores de lesões radiológicas cicatriciais ou com registro documental de ter sido reator ao PPD.
  • Comunicantes intradomiciliares de bacilíferos e imunodeprimidos por uso de drogas ou por doenças imunossupressoras, sob criteriosa decisão médica.

Autor:Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Data da Publicação: 06/06/2003

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